Noites de Caos (novel) - Capítulo 55
Tradução: Gab
Revisão: Aeve
A menina não desistiu. Era um dia muito frio, mas ao contrário da garotinha mais velha, que não fazia nada além de chorar, a mais nova rezava, não acreditando que seu pai fosse culpado. Ela soava como uma tola. Houve um grande alvoroço quando um militar disse que o puniriam. Ela chorou agarrada à saia da irmã. A garotinha mais nova, que havia lutado, finalmente foi chutada pelos homens e vomitou sangue.
“Senhor, Senhor! Meu pai não é culpado! Ele é um leitor! É um bom homem que entretém as pessoas com histórias!”
Mas no final, nada mudou. O leitor não aguentou os golpes e morreu lentamente. Então, ela perguntou a ele no dia em que corpo de seu pai foi enterrado: — “Como você pôde mentir? Ele não tocou na sua irmã.”
“Eu sei. Mas essa não é a única maneira de assediar.”
“Então como?”
“Foi livro que ele leu. Por favor, não pense mais nisso. Os boatos que vêm da cidade costumam ser os mais distorcidos.”
“Sua irmã é uma pessoa cruel.”
Ele engoliu o chá com um sorriso no rosto. Era meio-dia, mas estava nevando muito.
***
Tinha sido apenas um sonho. Jihak olhou silenciosamente para o rosto da mulher, tão pequeno que cabia na palma da mão. Talvez ela tenha adormecido enquanto lia. Jihak acariciou cuidadosamente o rosto de Eun-Ha, que dormia no chão duro, parecendo estar sonhando. Como conseguia dormir tão facilmente? Ele ficou curioso, mas decidiu não verificar.
O sol continuava em seu pico. O Milorde se levantou com um sorriso no rosto e, apesar de estar dormindo, o aperto dela em sua mão não havia afrouxado. Conseguia compreender as atitudes dela. Ele não a odiava e era incrível que ela estivesse em seus pensamentos.
Jihak a carregou cuidadosamente até o tapete, e então, cobriu seu corpo com um cobertor quente, olhando para a janela fechada, segurou-a nos braços. Ela dormia sem notar o que acontecia ao redor.
‘Que ridículo. No meu estado normal, eu já teria encostado uma faca na garganta dela.’ — Jihak acariciou os lóbulos de suas orelhas, depois a parte superior do corpo e beijou seu nariz.
Neste momento, ela abriu os olhos lentamente. Parecia que ainda estava em um sonho, mas logo os fechou novamente. Ontem à noite Eun-Ha nem queria que ele a tocasse, e ao que parecia, também confundia a realidade com um sonho, o que significava que em seus sonhos ela permitiria qualquer coisa a ele?
Decidiu por aproveitar aquela noite tranquila, já que ela acordaria com fome de qualquer maneira. Ele não pretendia deixá-la sair antes do anoitecer. Quando chorava baixinho seus olhos vermelhos eram tão lindos quanto os de um cervo. Jihak pensou que nunca mais veria aqueles olhos. Ele beijou as pálpebras de Eun-Ha.
A luz do sol, que já havia diminuído, coloria suas bochechas e o Milorde moveu o próprio corpo para bloqueá-la. Ele não queria que nada tocasse aquela pele, mesmo que isso fosse um desejo possessivo e distorcido.
A pele de sua mulher.
***
Eun-Ha entrou na loja com uma expressão confusa. Quando a dona a reconheceu, se aproximou alegremente e olhou para os dois homens ao seu lado. — “Eun-Ha? Gostaria de comparar roupas?”
“Sim. Mas…”
Yuljae se aproximou dela, vestindo roupas comuns. — “Deve fazê-lo com o tecido mais luxuoso daqui.”
“Aaah? Sim! Claro que farei.”
A leitora abaixou a cabeça. Havia quatro dias que a neve tinha parado. Ela adormecera enquanto lia um livro para Jihak e, quando acordou, já era noite. Eles sentaram-se frente a frente na pequena mesa para comer o que Park havia trazido. Apenas isso. Depois que terminaram a refeição, ela voltou a ler.
Isso se repetiu por mais quatro dias. A única coisa que mudou foi que certo dia, ao acordar, estava deitada em cima do pau de Jihak.