Um Amor Proibido em Tempos de Guerra - Capítulo 9 - O Peso do Dever
Capítulo 9: O Peso do Dever
A luz da manhã chegou rapidamente, como sempre fazia, implacável e fria. O acampamento estava em movimento, os soldados se preparando para mais um dia de combate. Mas Noah não conseguia deixar de pensar na noite anterior, em Leah, em seus últimos momentos juntos. A dor de vê-la partir, sabendo que ela agora pertencia a outro, ainda o consumia. Mas havia algo mais profundo que o incomodava. Ele não sabia se conseguiria suportar os dias que estavam por vir. O peso de sua responsabilidade na guerra, o peso de seu amor perdido, tudo estava se acumulando em seu peito, tornando o ar mais difícil de respirar.
Os gritos de comando, o clangor das espadas e os estalos dos cascos dos cavalos preenchiam o ar, mas Noah estava distante, perdido em pensamentos que não queria enfrentar. Ele se movia mecanicamente, agindo por instinto, sem pensar no que realmente estava fazendo. Seu corpo já havia se acostumado com a dor, mas sua alma, ela ainda lutava.
À medida que o dia se arrastava, Noah percebeu que não poderia mais fugir de seu destino. Ele sabia que algo terrível estava prestes a acontecer. A guerra estava se aproximando de seu auge. A última ofensiva do exército inimigo estava prestes a acontecer, e a batalha final seria travada em poucos dias. O general, um homem endurecido pela guerra e pela perda, havia reunido seus soldados, incluindo Noah, para o que seria a maior e mais sangrenta luta de todas.
Noah, ainda absorvendo a ausência de Leah em sua vida, se preparava para o inevitável. O peso de seu dever, a responsabilidade de proteger sua terra e seu povo, pesava em seus ombros como uma montanha. Ele não tinha mais escolha. O amor que sentia por Leah, embora ainda vivesse dentro de seu coração, não podia ser sua prioridade naquele momento. Sua nação, sua família, sua terra precisavam dele.
Na tenda onde o comandante lhe entregou suas ordens, Noah sentiu o olhar de seus companheiros, homens que também haviam perdido tudo. Eles estavam todos prontos, ou pelo menos, tentavam parecer prontos. Mas Noah sabia que ninguém estava realmente preparado para o que estava por vir.
Antes de deixar a tenda, um soldado se aproximou de Noah. Era Ethan, mais uma vez, com uma expressão que misturava raiva e desespero. Ele parecia mais sujo, mais desgastado pelo peso das batalhas que estavam acontecendo.
— Você vai para a batalha, Noah. — Ethan disse, com uma voz baixa e tensa. — Mas você sabe o que está em jogo, não sabe? Essa guerra, tudo isso… não é apenas sobre honra ou dever. É sobre algo maior, algo que você não pode controlar. E Leah… Leah não vai esperar por você. Você perdeu ela quando se deixou levar pela guerra. Não há mais volta.
As palavras de Ethan acertaram Noah com uma força inesperada. Ele queria gritar, queria negar tudo o que o amigo dizia, mas a verdade estava ali, bem diante dele. Leah estava distante, e ele não poderia mais alcançá-la. A guerra os havia separado, e não havia mais nada a fazer.
Com um suspiro pesado, Noah se afastou de Ethan, sua mente girando. Ele sabia que sua única chance de fazer algo por Leah, agora, era lutar. Ele precisava sobreviver à guerra, precisava voltar para ela. A promessa que fizera a si mesmo, de protegê-la, de amá-la, ainda ardia em seu coração, mas ele sabia que a guerra não era apenas sobre ele. Era sobre todos.
O som das trombetas começou a soar no acampamento, sinalizando que a batalha estava prestes a começar. Noah pegou sua espada, sentindo o peso da lâmina como se fosse um reflexo do peso de seu coração. Ele sabia que não sairia dali ileso. A guerra não permitia mais heróis. Ela consumia tudo, até os corações mais puros.
E assim, como um homem em direção ao abismo, Noah seguiu para a batalha.
Os cavalos dispararam pelo campo, os gritos de guerra ecoando como trovões sobre a terra, e Noah se encontrou no centro da violência mais uma vez. A espada em suas mãos parecia mais uma extensão de sua dor do que uma ferramenta de combate. Ele lutava, mas cada golpe parecia um lamento, cada morte parecia uma tragédia sem fim.
No meio da carnificina, Noah viu algo que o fez parar por um momento. Uma figura familiar, distante, mas inconfundível: era Leah. Ela estava ali, no campo de batalha, com um manto de luto sobre os ombros, olhando para a luta de longe. Seu rosto estava pálido, seu olhar fixo em Noah. Ele a viu, ela o viu. Mas entre eles havia uma distância invisível, algo que nem a própria guerra poderia dissolver.
Ela virou-se, desaparecendo entre os soldados e as sombras, e naquele momento, Noah soube que aquilo, o que ele havia visto, não era uma ilusão. Mas a dor de não poder ir até ela, de não poder protegê-la ali, diante de tudo o que estava acontecendo, foi mais insuportável do que qualquer ferimento que ele pudesse ter sofrido.
Noah voltou à luta, sabendo que nada poderia mais ser como antes. Mesmo que ele sobrevivesse, mesmo que a guerra chegasse ao fim, a perda de Leah o marcaria para sempre. Ele lutava por ela, mas ao mesmo tempo, a batalha o afastava cada vez mais do seu amor.
A guerra continuava, e Noah já não sabia se sairia dela vivo. Mas, se houvesse uma chance de voltar para ela, ele a tomaria, não importando o preço.