Um Amor Proibido em Tempos de Guerra - Capítulo 14 - Fim
Capítulo 14: A Promessa que Restou
O inverno caiu sobre Aerden como um manto pesado e cruel. A notícia da morte de Noah chegou primeiro às trincheiras e depois às cidades, carregada de sussurros tristes e olhares desviados. Na vila, as pessoas falavam do jovem ferreiro que, com coragem absurda, sacrificara sua vida por uma nação que mal o conhecia.
Mas para Leah, a notícia não era apenas uma perda para o reino. Era a destruição do futuro que havia sonhado todas as noites em segredo.
Quando o mensageiro chegou ao castelo de Westwood, Leah estava no jardim de inverno, olhando fixamente para a neve que caía lenta. O criado, tremendo, ajoelhou-se diante dela e lhe entregou a carta de Noah — a carta que ele escrevera antes de partir para sua última missão.
Com mãos trêmulas, Leah rasgou o selo.
As palavras de Noah queimaram em seus olhos e cravaram-se em sua alma. Não havia mais barreiras, mais muros, mais obstáculos. Mas também não havia mais Noah.
Naquela noite, Leah trancou-se em seus aposentos. Nenhuma súplica da duquesa, nenhuma ordem de seu pai conseguiram arrancá-la dali. Chorou até as lágrimas secarem, até a dor tornar-se um peso insuportável e, ainda assim, ela permaneceu.
Enquanto o reino celebrava a vitória, Leah lamentava em silêncio.
Dias de Cinzas
Os meses seguintes foram um borrão. Leah transformou-se em uma sombra da jovem vibrante que desafiara ordens para encontrar um simples ferreiro. Vestia-se de preto, recusava bailes, jantares, audiências. Seu pai, desesperado para salvar a honra da família, apressou negociações para seu casamento com Alistair Vemont.
— Você precisa pensar no futuro, Leah — implorava o duque. — O povo precisa de esperança!
Mas Leah só pensava no passado. Em Noah, nas tardes douradas junto ao rio, nas promessas feitas sob o brilho das estrelas.
Noah havia morrido para que ela vivesse.
Mas que vida era aquela sem ele?
Ecos do Amor Perdido
Na calada da noite, Leah escapava do castelo. Montava seu cavalo e cavalgava até os campos silenciosos onde encontrara Noah pela primeira vez. Sentava-se na relva fria, olhando para as estrelas, e falava com ele como se ainda pudesse ouvi-la.
— Eu te amo, Noah. Sempre te amarei.
O vento parecia responder, acariciando seu rosto com uma ternura fantasmagórica.
A dor nunca diminuía. Mas Leah encontrava uma força sombria nela.
A Revolta
Quando o Duque finalmente anunciou o noivado de Leah com Alistair, a vila de Aerden também sentiu o golpe. Leah não era apenas uma nobre distante para eles; era a mulher por quem Noah sacrificara tudo.
Na noite anterior ao anúncio oficial, Leah desapareceu.
Abandonou o castelo, vestindo roupas simples, carregando apenas a carta de Noah e uma pequena adaga que ele havia feito para ela — um presente secreto em seus dias de amor proibido.
Deixou para trás seu título, suas joias, sua herança.
O Novo Caminho
Leah foi vista pela última vez em Aerden, caminhando sozinha rumo às montanhas. Alguns dizem que ela se juntou aos exilados, aos que perderam tudo na guerra. Outros juram tê-la visto vagando pelas terras devastadas, ajudando órfãos e viúvas, oferecendo conforto onde havia apenas ruína.
Mas ninguém sabia ao certo.
Para Leah, não importava.
Seu único propósito agora era honrar a memória de Noah, vivendo com a coragem que ele sempre acreditou que ela possuía.
O Legado de um Amor Proibido
Anos se passaram. Aerden reconstruiu-se lentamente. As canções sobre Noah e Leah tornaram-se lendas contadas junto às fogueiras.
Dizia-se que, nas noites mais silenciosas, podia-se ouvir uma jovem mulher cantar uma canção triste nos campos onde Noah e Leah costumavam se encontrar. Uma canção de amor perdido, de coragem, e de promessas quebradas pelo destino.
E em meio às ruínas do velho castelo de Westwood, cresceu uma rosa branca.
Solitária.
Resistente.
Bela.
Assim como Leah.
Assim como o amor que jamais seria esquecido.