Um Amor Proibido em Tempos de Guerra - Capítulo 12 - O Coração e a Lâmina
Capítulo 12: O Coração e a Lâmina
A fumaça das casas em chamas ainda pairava no ar quando Noah e sua companhia adentraram Aerden. O chão, coberto por uma fina camada de neve suja de sangue, absorvia os passos apressados dos soldados. O cheiro acre da morte era sufocante. Aerden, o lar de Noah, havia se tornado irreconhecível.
Noah apertava a espada com tanta força que seus nós dos dedos ficaram brancos. Cada centímetro de sua terra natal parecia gritar pelas vidas perdidas. Entre os destroços, corpos jaziam espalhados — conhecidos, vizinhos, amigos.
Em meio ao caos, Dorian comandava o avanço. “Protejam os sobreviventes! Expulsem os invasores!” Sua voz era firme, mas até ela parecia vacilar diante da devastação.
Enquanto cortava caminho entre as ruínas, Noah se deparou com uma cena que fez seu coração parar. A pequena oficina do velho Tomas, o homem que o ensinara os primeiros passos da ferraria, estava reduzida a cinzas. E entre os escombros, o corpo inerte do mestre repousava, ainda segurando um martelo partido.
As lágrimas brotaram antes que Noah pudesse contê-las. Com um grito de raiva e dor, ele partiu em direção aos invasores que saqueavam a praça central.
A batalha foi brutal. O aço encontrou carne, os gritos ecoaram pelos corredores de pedra da vila. Noah lutava com uma fúria que beirava o desespero. Cada golpe era uma lembrança, cada defesa uma oração muda para que Leah ainda estivesse viva.
Horas se passaram. Quando o último inimigo tombou, Noah estava coberto de sangue, seu corpo exausto, mas sua alma em chamas.
Reunidos no que restava da capela, os sobreviventes se juntaram em um círculo silencioso. Dorian anunciou que a próxima missão era clara: o castelo de Westwood precisava ser libertado.
Leah estava lá. Noah sabia.
— Eu vou na linha de frente — disse Noah, a voz rouca.
Dorian o olhou por um momento e assentiu. Não havia mais espaço para hesitações.
A marcha até Westwood foi longa e penosa. O inverno castigava os homens, e os suprimentos eram escassos. A cada vila atravessada, Noah via mais dor, mais miséria. Era como se todo o reino estivesse desmoronando.
Noah se lembrava das noites em que Leah falava sobre seus sonhos de liberdade, de amor verdadeiro, de uma vida além dos muros dourados. Agora, tudo isso parecia tão frágil quanto o gelo que se partia sob seus pés.
Finalmente, avistaram o castelo.
Westwood, majestoso e imponente, agora era uma fortaleza sitiada. As bandeiras inimigas tremulavam nas torres. A fumaça subia dos portões arrombados. Noah sentiu o sangue gelar nas veias.
O ataque seria suicida.
Mas para Noah, não havia escolha.
O assalto ao castelo começou ao cair da noite. Sob a escuridão, eles avançaram, escalando as muralhas, enfrentando os arqueiros e soldados que defendiam as torres.
Noah lutava como um homem possuído. Cada golpe de espada, cada esquiva, era alimentada por uma única visão: Leah, esperando por ele.
Dentro do salão principal, o chão estava coberto de destroços. No trono quebrado, o Duque de Westwood jazia morto. Ao seu lado, alguns dos criados e cavaleiros leais também haviam tombado.
Noah correu pelos corredores, gritando o nome de Leah.
Finalmente, a encontrou.
Ela estava presa em uma cela improvisada, fraca, mas viva.
— Noah… — sussurrou ela, lágrimas correndo pelo rosto sujo.
Ele quebrou as correntes com a espada e a puxou para si, abraçando-a com força.
Por um momento, o mundo parou.
Mas o perigo ainda não havia acabado.
O comandante inimigo, um cavaleiro cruel chamado Lorde Havran, apareceu à porta, espada em punho.
— Ela é o prêmio — rugiu ele. — E você é só um inseto.
Noah empurrou Leah para trás, encarando Havran com toda a coragem que lhe restava.
A luta que se seguiu foi a mais intensa da vida de Noah.
O som de metal contra metal ecoava pelos corredores. Havran era forte, mas Noah tinha algo que o outro nunca teria: um motivo maior que a própria vida.
Cada golpe que recebia, cada corte que sofria, era suportado por Leah.
Com um grito final, Noah cravou a espada no peito de Havran.
O vilão tombou.
Noah, cambaleando, caiu de joelhos.
Leah correu até ele, segurando seu rosto.
— Não… não me deixe… — soluçou ela.
Noah sorriu, mesmo com a dor estampada em seu rosto.
— Você… é meu sol, Leah… — murmurou ele. — Viva… por nós dois.
Seu corpo tombou em seus braços.
A guerra havia acabado para Noah.
Mas para Leah, um novo capítulo doloroso apenas começava.