Sob o Poder de Sua Crueldade - Capítulo 13
Algo pareceu estranho no momento em que ela, olhando pela janela, buscava uma rota de fuga.
Ao sentir um odor esquisito roçar-lhe a ponta do nariz, Seo-ah franziu a testa e inspirou mais fundo. Todas as janelas estavam fechadas, o quarto era praticamente um recinto selado — então de onde vinha aquele cheiro?
Na segunda inspiração, pareceu-lhe fumaça acre.
Quando o ar penetrou fundo nos pulmões, o odor desapareceu como por encanto. Em seu lugar, surgiu um zumbido nos ouvidos, como se água tivesse invadido seus canais auditivos de repente.
Nariz, ouvidos — e então os olhos.
A cada piscar, o mundo balançava de forma caótica. A imagem residual daquele mundo em movimento a deixava tonta.
Ela tinha certeza de que estava em pé. Então por quê…? Por que aquilo estava acontecendo…?
Por instinto, tentou se segurar em algo. Sentiu como se um tecido comprido cedesse de repente. Em seguida, teve a impressão de ouvir um estrondo distante, como algo caindo com força — mas, por alguma razão, era ela quem estava estendida no chão.
Por que eu… por que estou assim…?
Os pensamentos pareciam se esticar indefinidamente. O tempo também parecia se alongar, a ponto de ela se perguntar se aquilo não passava de um sonho. O chão dava a sensação de um abismo. Como se houvesse um buraco atrás de suas costas, pronto para sugá-la para dentro.
Mas o abismo não surgiu por trás dela.
Um som surdo, como algo se partindo, ecoou — e, de repente, um rosto surgiu abruptamente em seu campo de visão, lá no teto. Mesmo com a consciência turva, o sorriso daquele sujeito fez seu coração despencar.
— Puxa. Vai ser preciso ventilar. Antes que estrague de vez.
Ela precisava ver para onde ele estava indo, mas não tinha força nem para sustentar o pescoço.
Parecia haver vento. Como se existisse uma camada entre sua pele e o ar. Na visão paralisada, o rosto dele voltou a aparecer.
— Pra onde você acha que vai fugir, bonitinha? Hein?
Seo-ah abriu os olhos o máximo que pôde, lutando desesperadamente para respirar. Preciso me levantar. Levanta.
Inspirou fundo. Teve a sensação de o ar entrar pelas narinas.
Aos poucos, um leve retorno de sensibilidade percorreu braços e pernas, que até então pareciam não pertencer ao seu corpo. O zumbido nos ouvidos também parecia diminuir, e a pele, antes como que coberta por uma película, começava a recuperar a sensação.
Seo-ah se virou com todas as forças que tinha. Cravou a palma da mão no chão e tentou se erguer. Os cotovelos dobravam sem controle, e ela quase tombou várias vezes, mas mesmo assim ela não podia desistir. Não havia tempo sequer para pensar no que estava errado. A única coisa que importava era sair dali — nada além disso.
Ele deu uma risadinha.
— Vamos tomar o remédio. Agora é o ponto certo.
Ao mesmo tempo em que aquelas palavras arrepiante chegaram aos seus ouvidos, seu corpo foi erguido. Ela tentou gritar, mas não conseguiu colocar força no abdômen, e nenhum som saiu.
Uma sensação estranha, como se uma camada tivesse sido colocada sobre todos os seus sentidos.
Ela foi arremessada em algum lugar. Uma força esmagadora pressionou todo o seu corpo. Mesmo se debatendo, enterrada sob aquele peso, o homem apenas ria. Sentou-se sobre o abdômen dela e pressionou seus dois braços com os joelhos. Era como se ela tivesse se tornado um inseto indefeso.
— A-ah…!
— Para que foi vestir isso de novo?
Com toda a calma, o homem começou a desabotoar o casaco de Seoa. Ainda assim, observava o rosto da mulher sob ele como se a estivesse lambendo com os olhos.
Os grandes olhos, cravados no rosto de traços amendoados, tremularam e logo se encheram de lágrimas. Ela se debatia, dizendo que não queria, mas seus olhos, turvos pelo efeito do remédio, estavam opacos e confusos. Os lábios pequenos se abriam e fechavam sem saber o que fazer, e a cada vez escapava um gemido fraco.
— Dá um tesão do caralho.
Sentindo a excitação crescer num instante, o homem tirou do bolso um pequeno frasco de remédio. Com uma mão, agarrou o queixo de Seo-ah e, com o polegar, abriu a tampa do frasco. A mulher, presa em sua mão, teve a cabeça sacudida de um lado para o outro. Ela sentiu os pés se debatendo atrás do quadril, mas isso não importava.
Dentro da boca que ele queria enfiar a língua imediatamente, ele deixou escorrer um remédio caríssimo — cada gota valia centenas de milhares de kertes. Em seguida, tampou a boca dela com a mão para que não cuspisse. Os movimentos da mulher tornaram-se ainda mais rebeldes, mas isso apenas dobrou sua excitação.
— Ugh, mm, nh—
— Vamos esperar só um pouquinho, hm? Vai começar a se sentir bem.
Ele passou a mão devagar pelas pernas de Seo-ah, que se debatia.
— Você me mordeu?
A mão que tapava a boca foi mordida, mas o homem abriu um sorriso torto e, de repente, deu um tapa no rosto de Seo-ah.
Pá!
— Se morder de novo, vai apanhar, hein? Não machucou, né?
Depois de examinar o rosto dela de um lado a outro, ele brincou com a orelha arredondada e sussurrou:
— Você nunca fez isso antes, certo?
Seo-ah respirava com dificuldade, lutando para puxar o ar.
Mais enlouquecedor do que o sussurro que escorria pela orelha era a consciência que se afastava, distante. Tudo parecia se esvair de uma vez, como se estivesse sendo puxada para longe, sem fim…
Parecia que estava caindo em um abismo invisível, sem fundo. Ela tinha a certeza de que, se caísse ali, tudo se tornaria nada, como espuma que se desfaz.
Teria sido melhor ter seguido aquele homem naquela hora.
Mesmo que o medo a sufocasse, teria sido melhor, naquele momento, ter ido atrás dele.
Se isso a tirasse deste inferno, se alguém a arrancasse dali — qualquer um —, não importava nem que fosse o próprio demônio.
Foi quando, no meio do inferno, ela passou a procurar um demônio.
Teve a impressão de ouvir alguém soltar um longo suspiro, e então sentiu um cheiro acre de cigarro. Ao mesmo tempo em que o cheiro se espalhava, os movimentos daquele que a imobilizava cessaram.
Com a visão que mal conseguia manter, ela viu o sujeito virar a cabeça de repente.
Mesmo atordoada, Seo-ah virou os olhos na mesma direção que ele olhava. Incapaz de mover o pescoço, girou os olhos com todas as forças. O campo de visão, lento, deslizou do teto até a porta.
Um quarto mergulhado na escuridão.
Na entrada daquele quarto que ela esperara que fosse um paraíso, mas que na verdade era um abismo, estava ele — como se fosse mentira.
Mesmo em seu estado enevoado, Seo-ah o reconheceu de imediato.
Um homem que parecia ter sido moldado a partir da própria escuridão.
A ponta do cigarro, ainda com a brasa acesa, ardia em vermelho. Aquela luz acre e rubra era a única coisa que existia na escuridão.
Que isso não fosse uma ilusão.
No instante em que desejou com todas as forças que aquela luz áspera e avermelhada fosse real, ele abriu a boca, como se fosse mentira.
— Quer continuar?
A voz baixa era tão monótona que fez o coração despencar.
Ele parecia relaxado, como se a violência que se desenrolava naquela escuridão não fosse grande coisa.
— Se quiser continuar, eu espero um pouco.
Como se a situação dela não tivesse nada de extraordinário, sua atitude era leve, quase displicente.
Diante dele, Seo-ah não teve escolha senão se agarrar desesperadamente.
Me ajude.
A voz não saiu. Ou talvez ela nem soubesse se chegou a sair.
Tudo o que Seo-ah pôde fazer foi suplicar com o corpo inteiro, voltado para ele.
Me ajude.
Restava apenas torcer para que o seu desespero chegasse até ele.
Por favor… não me deixe assim. Não me abandone aqui.
— Parece que o senhor entrou no quarto errado.
— ……
— Já que entrou no quarto errado, não devia se retirar?
Foi no instante em que ela elevou propositalmente a voz para que se ouvisse do lado de fora.
O homem que até então estava encostado na porta se ergueu, como se fosse mentira. Antes que alguém pudesse reagir, ele avançou num piscar de olhos e, no instante seguinte, o sujeito teve os cabelos da nuca agarrados com força. Só depois que o pescoço foi brutalmente jogado para trás é que os olhos azul-gélidos ficaram visíveis.
— Todos vocês parecem incapazes de entender uma simples frase.
Soltando uma risada sem humor, Oscar arrastou o sujeito para fora da cama. Chutou a dobra dos joelhos, obrigando-o a se ajoelhar, pisou em sua coxa e enfiou o cigarro, ao contrário, na boca do homem que tentava gritar alguma coisa.
Tudo aconteceu num piscar de olhos, fluido como água correndo.
— Mmmmmm! Mmf, mmf!
A dor horrível de ter a língua queimada fez com que ele tentasse abrir a boca, mas a força aplicada no maxilar tornava isso impossível. A pressão do pé sobre as coxas, a pegada brutal na nuca e no queixo eram esmagadoras. Ele agitava desesperadamente a única mão ainda livre, mas era inútil.
Era como se ele tivesse se transformado num inseto.