Sob o Poder de Sua Crueldade - Capítulo 11
Mas, ao ouvir aquilo, a mulher que deveria ter surtado apenas piscou os olhos grandes, enquanto a prostituta do bordel estremeceu os ombros.
–Cliente, o que está dizendo?
Ela não sabia exatamente por quê, mas o homem de identidade desconhecida parecia querer levar a mulher dali. Ainda assim, pelo jeito como a instava a sair, não parecia que se conheciam.
Não eram conhecidos, nem havia entre eles uma relação de senhor e servo.
Então, não podia simplesmente perdê-la assim.
Porém, também não ousava dizer uma palavra sequer ao homem. Assim, com uma expressão resoluta, voltou-se para Seo-ah.
—Você quer ir embora?
“…….”
—Tudo bem. De qualquer forma, eu só recebi o pagamento de uma noite da senhorita. Amanhã, mesmo que queira ficar, eu não vou querer. Mas, se a senhorita insiste em sair hoje, não tenho motivo para impedi-la.
“…….”
—Se for sair, saia agora. Mas, numa noite dessas, a senhorita sozinha… para onde e como pretende ir. Somos completos estranhos, mas isso me preocupa um pouco.
Oscar caiu na gargalhada.
Ora, vejam só, apareceu um filantropo.
O deboche baixo misturado ao riso soou como um tapa no rosto, mas a dona do bordel aguentou firme, tensionando as pernas.
Depois de rir por um bom tempo da coisa mais engraçada que ouvira naquele dia, Oscar levou o cigarro à boca e perguntou a Seo-ah:
—E então, o que vai fazer?
Os olhos castanhos, ainda úmidos, estremeceram levemente.
De um lado, uma senhora de meia-idade com semblante benevolente. Do outro, um homem misterioso, parado de forma displicente, com um cigarro na boca. Para completar, a senhora usava um vestido recatado, enquanto o homem estava com a camisa meio aberta, em trajes relaxados.
Simon, que observava toda a cena por trás, soltou um suspiro.
Colocando as duas opções lado a lado, parecia que a resposta já estava decidida desde o começo. Para ser honesto, até a palavra “bordel” combinava mais com Oscar do que com a mulher de meia-idade.
—…Desculpe.
Como esperado, a mulher escolheu a dona do bordel, não o marquês Reinhardt.
A porta se fechou em silêncio.
Fodeu.
Simon caiu em silêncio no desespero.
Pronto.
A dona do bordel estremeceu com um arrepio de prazer sombrio.
Agora só restava encarar o homem atrás de si.
Era um sujeito fora do comum, alguém que parecia já ter visto em algum lugar. Ainda assim, dificilmente seria um grande nobre. Esses, em geral, avisavam com antecedência a própria visita e ordenavam que a prostituta desejada fosse preparada.
Então só restavam duas possibilidades: um novo-rico emergente ou um nobre que ainda não havia alcançado o patamar da alta nobreza.
De qualquer forma, ambos eram tipos difíceis para uma dona de bordel enfrentar.
Mas, afinal, em que época eles viviam?
Não era um tempo em que até a família real precisava medir as reações do povo? Sem provas nem julgamento, ninguém podia simplesmente virar de cabeça para baixo o negócio alheio. E o crime que ela cometera — tráfico de pessoas — ainda não havia sido percebido pela própria vítima. Logo, não havia provas.
Isso mesmo. Daria para contornar a situação.
Ela enrijeceu bem o abdômen e se virou para Oscar. Bastaria pedir desculpas da forma mais submissa possível e oferecer, naquela noite, tudo o que ele desejasse.
“…….”
Mas talvez fosse porque ele estava olhando fixamente para o chão aos seus pés…
Bordel.
O que isso queria dizer?
Seo-ah ficou parada diante da porta, repetindo várias vezes em pensamento aquela palavra estranha que ouvira pela primeira vez.
Bordel, bordel…
Mesmo assim, o significado não lhe vinha à mente. A única coisa de que tinha certeza era que se tratava do nome de um lugar específico — e que, definitivamente, não carregava um sentido positivo.
—Isso aqui é um bordel.
Àquelas palavras do homem, a dona da hospedaria reagiu de imediato, quase aos pulos, tentando tranquilizá-la. Ainda assim, em nenhum momento negara que aquele lugar fosse um bordel. Apenas insistia que Seo-a era uma hóspede que ficaria ali por uma noite.
Seo-ah mordeu com força o lábio inferior.
Um homem que parecia ter sido moldado a partir da própria escuridão. Envolto na fumaça acre do cigarro, dele transbordava uma aura perigosa e violenta.
Ela não confiava na dona da hospedaria, mas também não podia seguir aquele homem noite adentro. Fechar a porta fora uma forma de fugir de ambos e ganhar um pouco de tempo para pensar.
Foi então que, do outro lado da porta, sentiu a presença da dona da hospedaria.
— Está tudo bem?
Parecia que alguns homens haviam corrido até ela e a ajudado a se levantar. Ela não disse nada e acabou desaparecendo junto com eles, indo para algum lugar.
A saliva arranhou-lhe a garganta ao descer.
Com a mão esquerda, Seo-ah segurou firme a maçaneta; com a direita, travou a fechadura. Depois de se certificar de que a porta estava bem trancada, conferiu cuidadosamente o fecho da janela também.
Parada no canto do quarto, Seo-ah examinou com calma o espaço quadrado.
Por um breve instante, ao pensar que talvez conseguisse dormir em paz ao menos naquela noite, aquele lugar lhe parecera um paraíso.
Só de tirar o casaco de inverno e o vestido — que nem mesmo no calor sufocante conseguira tirar —, sentiu-se aliviada. A comida decente que ingerira após várias refeições malfeitas parecia se dissolver diretamente no sangue. Na verdade, aquele fora o primeiro lugar onde vira uma cama de verdade. Se afundasse o corpo naquele colchão espesso, provavelmente adormeceria antes mesmo de fechar os olhos.
Mas, no lugar do sono que se afastava, uma sensação intensa de perigo tomou conta dela.
Não podia fracassar antes mesmo de colocar o plano em prática.
Seo-ah trocou de roupa às pressas, vestindo novamente as peças de antes. Só então percebeu o cheiro de suor misturado com poeira.
Não vestiu o casaco de imediato; estendeu-o sobre a cama, com o forro virado para cima. Com movimentos rápidos, conferiu cuidadosamente todos os bolsos — se havia algum rasgo, se tudo o que precisava ainda estava ali.
A verificação terminou quando confirmou a presença da chave e do comprovante de identificação do adquirente recebido naquele dia. Abriu o documento e releu seu conteúdo mais uma vez.
Nome escrito como se estivesse apenas rabiscado, a data de hoje, o número do cofre, o selo.
Com receio de que se amassasse e algo se apagasse, ela reforçou o comprovante com outra folha de papel e o guardou com cuidado no bolso. Depois, amarrou bem a boca do bolso com o cordão, dando vários nós, e ao endireitar o corpo, o forro interno apareceu — cheio de bolsos pendurados.
Ao observar em silêncio aqueles bolsos irregulares, os cordões desalinhados e as costuras tortas, feitas sem qualquer padrão, uma lembrança lhe veio à mente.
Aquele dia.
A noite do ataque repentino.
A sepultura do avô foo violada, e as chamas vermelho-vivas que engoliram Ho-yeonjae acabaram engolindo também o seu mestre — uma noite de horror absoluto.
—É isso, não é? É isso que aquele sujeito anda procurando desesperadamente?”
A noite em que ela tirou do esconderijo a chave dourada, mantida oculta a sete chaves.
—Não vá. A probabilidade de falhar é grande demais. Você vai acabar se envolvendo em todo tipo de problema antes mesmo de conseguir colocar o plano em prática.
Seo-ah deixou escapar um sorriso vazio.
—Pois é… como uma idiota, mal cheguei e já me meti em todo tipo de confusão….”
Seo-ah passou os dedos pela barra do velho casaco e aparou as pontas de linha que insistiam em se soltar. Enquanto organizava os fiapos, também recolheu aquela lembrança súbita, dobrando-a com cuidado e empurrando-a para o fundo da consciência, para baixo da superfície.
Seus movimentos voltaram a ganhar rapidez.
Depois de arrumar o casaco, abriu a bolsa de viagem. Dobrou e colocou num canto as roupas íntimas que havia lavado com mãos inexperientes. Não tinham secado direito e provavelmente estavam com um cheiro estranho, mas não havia o que fazer. Ao guardar a roupa e fechar a bolsa de imediato, Seo-ah hesitou por um instante.
Ela tornou a abrir a bolsa por completo e, com cuidado, retirou um pedaço de seda vermelha que em algum momento havia se amassado todo.
Depois do almoço, quando se sentava no pátio e prestava atenção, às vezes ouvia risadas vindas de fora. Aproximava-se sorrateiramente do muro, ficava na ponta dos pés e espiava: ali estavam garotas de rosto claro como o âmbar.
Com olhos negros e brilhantes como avelãs, cabelos pretos bem trançados balançando ao vento.
Ao ver as fitas vermelhas que tremulavam nas pontas daqueles cabelos negros, pensava consigo mesma que gostaria que seus próprios olhos e cabelos também fossem tão negros e bonitos, para que o vermelho lhe caísse bem.
Seo-ah dobrou com cuidado a fita vermelha desalinhada. Dobrou ao meio, depois novamente ao meio, repetindo o gesto até que a extremidade bordada com uma delicada borboleta ficasse voltada para cima. Colocou-a então na parte menos suja da bagagem.
Em seguida, sem hesitar, fechou a bolsa.
Vestiu o casaco que estava estendido sobre a cama como se o envolvesse com ele e apertou o cinto na cintura para que a roupa não ficasse folgada. Já pronta para sair dali a qualquer momento, Seo-ah aproximou-se da janela e escondeu o corpo junto à parede. Com cuidado para não projetar sombra, ergueu de leve a borda da cortina e espiou para fora.
Quando, e de que maneira, poderia escapar daquele lugar?
Enquanto procurava uma rota de fuga além da janela, Seo-ah passou a farejar com sensibilidade qualquer presença que rondasse o quarto.