Sob o Poder de Sua Crueldade - Capítulo 10
Ela ficou parada, hesitante, quando novamente bateram à porta.
Toc, toc, toc.
O coração, já assustado, reagiu sensível até ao menor som. Seo-ah teve a intuição de que, por algum motivo inexplicável, quem estava do outro lado não era a dona da pousada. Pensou em fingir que não estava no quarto, mas sentiu que isso não seria adequado.
—…Quem é?
Não houve resposta.
Incapaz de permanecer parada, ela se aproximou da porta com passos cautelosos. Respirou fundo e perguntou, tentando manter a voz o mais calma possível:
—O que aconteceu?
Dessa vez, felizmente, veio uma resposta do outro lado da porta:
—Queria apenas ver seu rosto e conversar um pouco. Poderia abrir a porta?
“…….”
A voz que veio do outro lado da porta era mais grave do que qualquer outra que Seo-ah já tivesse ouvido. Tão profunda que parecia que seu coração afundava.
—…Se for um assunto importante, pode me dizer assim mesmo.
—Bem… é um assunto que precisa ser tratado pessoalmente, olhando no rosto da pessoa.
—Que assunto é esse que precisa ver o rosto para falar?
Ela reuniu toda a coragem para perguntar, mas do outro lado da porta ouviu um pequeno riso, como se o interlocutor dissesse “é, de fato”. Suas mãos tremiam levemente.
—Mas….
A voz lá fora prolongou a fala. Em um instante que pareceu uma eternidade, aquele tom baixo e monótono penetrou pela fresta da porta:
—Você sabe onde veio?
Seo-ah prendeu a respiração sem perceber. A comida que acabou de comer pareceu subir pelo seu estômago, batendo no meio do peito.
—Do que está falando? Aqui é… uma pousada…
—É mesmo?
“…….”
—Um pouco diferente do que eu conheço, não é?
—…O quê?
—Bem, é verdade que, numa noite como esta, bater de repente e pedir para abrir a porta é meio estranho mesmo.
“…….”
—Então que tal assim? Se você olhar acima da maçaneta, verá a tranca. Se abrir a porta com a tranca engatada, ela se abrirá apenas o suficiente para mostrar o rosto. Se estiver com medo, faça assim.
“…….”
O que fazer?
Seu coração parecia prestes a explodir.
O homem do outro lado da porta atiçou a chama da desconfiança que ainda não se apagou, e a ansiedade cresceu, queimando seu corpo como um incêndio. Por um instante, presa entre não fazer nada e fazer algo, ela sentiu o homem, que a empurrou para esse fogo de incerteza, dar um passo para trás.
—Certo. Não há outra escolha. Mas ainda assim, preciso descobrir pelo menos uma vez o que é este lugar.
E então, sem hesitar, ele se afastou.
A presença dele era grande e pesada. Como ela não sentira algo tão pesado antes? A sensação de seu corpo sumir aos poucos sem qualquer hesitação deixou claro que era imponente.
Isso não é uma pousada?
Então, afinal, que lugar é este?
Seo-ah conferiu que a tranca estava engatada e destravou a maçaneta. Antes que ele desaparecesse completamente, abriu a porta.
—E-eh…?
Quando a voz trêmula de Seo-ah se espalhou pela escuridão do outro lado da porta, ela sentiu os passos que se afastavam pararem abruptamente.
—Espere um momento.
Um ar frio, como uma lâmina, entrou pelo pequeno vão de apenas alguns centímetros.
A escuridão, o frio e a sensação de desamparo absoluto à sua frente se faziam quase tangíveis. E, dentro dessa cortina negra e opressiva, alguém se moveu.
Ele virou o corpo e caminhou em sua direção, passo firme após passo firme.
Seo-ah mal conseguiu contar alguns passos antes que o véu enevoado da escuridão se rasgasse. Não havia mais lugar para se esconder além da porta.
O estreito vão, antes tomado por frio e sombra, foi completamente preenchido pelo homem que surgiu de repente.
Seo-ah o olhou, paralisada.
Um homem de camisa branca. Alto a ponto de precisar erguer a cabeça para encará-lo. Sob os cabelos negros que caíam sobre a testa, seus olhos azuis penetrantes a fitavam com clareza.
Um homem de beleza surpreendente e, ao mesmo tempo, com uma aura perigosamente intensa. Um ar forte e picante parecia girar ao seu redor. Ele parecia feito da própria escuridão.
Seo-ah sentiu como se todo o sangue de seu corpo escorresse para os pés.
Branca e pequena. E estranha.
Era a impressão de Oscar ao encarar Seo-ah.
Mesmo pelo estreito vão de apenas alguns centímetros, parecia que ele podia ver a mulher inteira. Quando seus grandes olhos castanhos encontraram os dele, Oscar sentiu uma estranha sensação de vazio.
Será que essa garota realmente tem a chave? A chave que ele uma vez procurou loucamente, como podia estar nas mãos de uma garota assim?
O medo que pairava no ar ao redor dela parecia acariciar sua pele. A garota, que por um instante teve os olhos encontrados com os dele, abaixou a cabeça como se quisesse se esconder imediatamente, sem saber o que fazer ao não poder desaparecer pelo vão da porta. Parecia acreditar que a porta era a única forma de se proteger.
Nesse momento, toda a atenção de Oscar estava voltada para a garota do outro lado da porta.
—Senhor?
Uma voz alta ecoou desde o patamar da escada, fazendo as estruturas reverberarem, seguida pelo som apressado de passos subindo correndo.
Os olhos de Oscar escureceram.
—Espere!
Mesmo apenas ouvindo a voz, parecia que um cheiro desagradável pairava no ar. Oscar jogou ao chão o cigarro cujas cinzas se aglomeravam e o esmagou com o sapato. Então, pegou outro e o colocou na boca. A fumaça…
Parecia sufocante, mas não havia outra forma de suportar o cheiro daquele lugar.
Enquanto isso, a dona do bordel, que havia comprado Seo-ah por cinco mil, ofegava, mas não conseguia parar de avançar em direção a Oscar.
Ela havia saído em busca dele pessoalmente após receber a notícia de que um visitante desconhecido e importante havia chegado. Quando decidiu ir atrás dele, sentiu-se confiante. Por mais que analisasse a situação, aquela mulher que havia aparecido no meio da noite era uma verdadeira pedra preciosa.
Mas, ao ouvir que o visitante desconhecido ainda estava diante da porta do quarto da garota que ela havia vendido, seu instinto animal gritou que aquilo era uma crise.
—Senhor?
Ela se aproximou ofegante, tentando sorrir gentilmente.
—O que houve? Precisa de um quarto para descansar…?
Mas o sorriso gentil e as palavras se desfizeram como fumaça antes de terminar.
O único que se destacava era a mão que ela havia enfiado descuidadamente no bolso, o cigarro com a ponta em brasa e os cabelos que ele ajeitava enquanto a fumaça desaparecia, revelando seus olhos azuis.
Aqueles olhos, que a observavam firmes como uma cordilheira, pareciam penetrar sua alma. O silêncio que o cercava era tão assustador quanto a calmaria antes de uma tempestade.
Ele estava em um bordel, mas não mostrava qualquer sinal de desejo sexual.
Era um momento em que parecia impossível falar, como se o pescoço estivesse sendo estrangulado.
—Senhorita…
A voz vinda de trás a fez despertar de repente. Virando-se rapidamente, quase fugindo do homem, ela viu pelo vão da porta aquele rosto bonito de sempre.
Meu Deus.
Mesmo com o velho casaco e o cabelo molhado de suor — que a faziam parecer alguém instável —, ela continuava bonita. Agora, com o rosto limpo e lavado, estava tão impecável que parecia que poderia trabalhar desde amanhã e atrair clientes só por sua aparência.
Seus olhos brilhavam como alguém que encontrou ouro em meio à areia.
Essa mulher combinaria perfeitamente com brincos de opala misteriosos. E se colocada em um vestido leve que balançasse suavemente… o investimento de cinco mil seria recuperado no primeiro dia de trabalho, com lucro sobrando. Ela certamente seria como a galinha dos ovos de ouro.
Ela havia passado por tudo, rolando por lugares imundos, experimentando situações terríveis. Já havia sido vendida a alguém, e não era preciso explicar o quão sujo era esse caminho.
Se há algo que aprendeu nesse caminho sujo, é uma lição: ferimentos no corpo e emoções podem desaparecer, mas o dinheiro permanece.
Agora, o mais importante era entender como o homem atrás dela havia conseguido encontrá-la. Era preciso cautela.
“Senhorita, este cavalheiro… você o conhece?”
Os olhos da mulher deslizaram por um instante até o homem à sua frente e depois caíram no chão.
Ela não sabia. A mulher diante dele não o conhecia. Por ora, um grande obstáculo havia sido superado. Um instante de alívio se formou, mas, ainda olhando para o chão, a mulher perguntou cautelosamente:
“Este lugar é mesmo uma hospedaria?”
“Claro que é.”
Quando respondeu como se fosse óbvio, um riso sarcástico ecoou por trás dela. Os olhos da bela mulher se voltaram para trás, e ela rapidamente acrescentou:
“Alugam-se quartos e cobram-se por isso, então é uma hospedaria, certo?”
Embora nesse valor estivesse incluído tanto o recurso público do quarto quanto o recurso humano especial da prostituta.
Oscar riu, passando a mão pelo nariz, enquanto ouvia as palavras absurdas do traficante de pessoas. Simon, por sua vez, desejou enfiar areia na boca dela com as próprias mãos, como se estivesse cavando sua própria sepultura. Ele sentiu que a paciência do dono havia se esgotado por completo.
E, como era de se esperar, Oscar, sem motivo para esperar mais, ignorou a dona do bordel e se dirigiu diretamente à mulher:
—Vai ficar aí?
No momento em que seus olhos encontraram os dela, que se levantaram ligeiramente, ele sorriu de forma elegante e soltou casualmente:
—Este lugar é um bordel, sabia?