Senhorita Pendleton - Capítulo 04
Senhorita Laura Pendleton (3)
Ao ouvir aquelas palavras, o Sr. Fairfax sorriu com ainda mais alegria. Apertou firmemente a mão da Srta. Pendleton, agradecendo-lhe repetidamente. Em seguida, voltou-se para perguntar se a Srta. Hyde precisava de algo.
A Srta. Hyde cometeu a grosseria de balançar a cabeça negativamente, sem sequer olhar para ele. Mas o Sr. Fairfax não se importou. Despediu-se gentilmente, dizendo que voltaria depois de amanhã para devolver o romance de Mary Shelley que havia pego emprestado.
A Srta. Pendleton não pôde deixar de sentir uma pontada de pena ao ver o rosto do Sr. Fairfax, habitualmente belo, agora irradiando o brilho esperançoso do amor.
Assim que o Sr. Fairfax se afastou da mesa, a Srta. Hyde se sentou, com o rosto pálido. A Srta. Pendleton se acomodou ao seu lado e tomou suas mãos geladas entre as suas, tentando aquecê-las.
Toda a expressão conflituosa que antes marcava o rosto da amiga havia desaparecido, substituída agora apenas por culpa. Laura compreendeu então que, por causa daquela breve conversa, já havia tomado sua decisão.
Ela recusaria o pedido de casamento do Sr. Fairfax depois de amanhã.
🌸🌸🌸
Quando todas as festividades do casamento terminaram e os Morton partiram direto para a Itália, a Srta. Pendleton enfim acomodou seu corpo cansado na carruagem, que se afastou lentamente.
Ela apoiou a cabeça contra a janela, olhando para fora com um olhar vazio.
Enquanto a carruagem deixava o parque tranquilo que cercava o local da cerimônia, as movimentadas ruas noturnas de Londres surgiram à vista.
Operários com gorros e cachimbos na boca caminhavam apressados, mulheres de meia-idade, envoltas em capas gastas, corriam para casa, meninos colavam os narizes nas vitrines das lojas de brinquedos de armas, e os encarregados de ascender os lampiões carregavam escadas para iluminar as ruas.
Barracas de frutas exibiam pilhas precárias de produtos, enquanto pequenas floristas se aproximavam de pedestres bem-vestidos oferecendo flores.
Era a mesma Londres de sempre, agitada, barulhenta e viva.
A paisagem foi mudando gradualmente à medida que a carruagem se aproximava do destino.
Os vendedores ambulante deram lugar a lojas de chapéus artesanais e butiques de rendas com vitrines encantadoras. Os pedestres agora eram cavalheiros de cartola e damas com vestidos de cauda ampla.
As únicas que ainda corriam eram jovens criadas, ocupadas com recados urgentes de seus patrões.
Eles haviam chegado em Grosvenor Street, a área residencial mais aristocrática de Mayfair.
A Srta. Pendleton endireitou-se e ajustou os cabelos. A carruagem parou, e o cocheiro desceu prontamente para abrir a porta. Ela desceu com leveza, apoiada em sua mão, e entrou em casa sem demora.
Para Laura, a mansão da família Pendleton não guardava surpresas, mas era suficiente para chocar boa parte dos visitantes de primeira viagem.
A maioria dos convidados, ficavam paralisados logo ao cruzar a porta, atônitos diante da enorme pintura impressionista pendurada bem.
E, à medida que avançavam, o corredor que levava à sala de estar exibia fileiras de pinturas a óleo vibrante e provocantes, tapeçarias vermelhas da China e vasos de porcelana adornados com serpentes, tudo o suficiente para deixá-los tontos.
Mas, para a Srta. Pendleton, que vivia ali há mais de uma década, nada disso era notável. Ela nem sequer lançou um olhar para a decoração e seguiu direto para o andar superior. Bateu na porta do meio, entre os três quartos.
— Laura?
— Sim, sou eu. Estou entrando.
Laura adentrou o aposento. As cortinas estavam fechadas, e a única luz vinha da lareira, que queimava intensamente.
Sentada perto do fogo, estava a Sra. Abigail Pendleton, com a gata chamado Annie no colo, concentrada em uma pilha de papéis sob a luz do fogo e de um pequeno lampião a gás ao lado. A Srta. Pendleton sentou-se em um banquinho próximo.
— Vovó, está se sentindo melhor?
A senhora Abigail esfregou os olhos cansados e respondeu com leveza:
— Muito melhor que antes. Embora este manuscrito maldito esteja prestes a me mandar de volta para a cama.
— Ah, é o manuscrito do Sr. Naze, não é? Ouvi dizer que ele reescreveu cinco vezes. Está tão ruim assim?
— Não sei por que ele insiste em repetir o mesmo adjetivo três vezes no mesmo parágrafo. E por que continua mencionando os problemas renais do protagonista a cada cinco páginas? As joias que procuram estão escondidas nos rins do homem, por acaso? Ai, meus próprios rins estão começando a doer.
Ela jogou a pilha de papéis na mesinha ao lado e voltou-se para a neta, com um brilho curioso nos olhos.
— Agora conte, querida. Como foi o casamento de Elizabeth e Edward? Quero saber tudo, do começo ao fim.
Laura começou a relatar todos os detalhes adoráveis que guardara na memória exatamente para esse momento. As decorações, os convidados, as roupas do casal, o tom de seus votos. O tamanho da recepção, os pratos do bufê.
A parte mais comovente, é claro, foi a lágrima que escorreu no rosto do Sr. Edward Morton logo após o beijo. Foi o ápice de todo o evento e, sem dúvida, seria lembrado por muito tempo.
A doce senhora ao ouvir isso ficou tão chocada quanto os convidados e logo irrompeu em risadas. Estava tão encantada que parecia ter esquecido tanto a gota que a atormentava e do gosto amargo deixado pelo terrível manuscrito.
— Sabia! Edward Morton… Eu sempre disse que aquele rapaz era sensível por dentro. Mas não imaginei que ele fosse chorar! Que pena não ter visto com meus próprios olhos. Vou provocá-lo sem piedade quando voltarem da lua de mel.
— Ah, vovó…
A Srta. Pendleton riu.
— Beth prometeu trazer partituras e livros da Itália para a senhora.
— Ah, é mesmo? Estou ansiosa. E o que ela vai trazer para você?
— Um xale de renda, tão branca como a neve.
— Excelente escolha. O que você usa agora tem mais de dez anos. Estava justamente pensando em comprar um novo. Beth tem um olhar afiado.
— Ela sempre foi esperta desde pequena.
— Sim, é por isso que casou com um homem como Edward. Uma mulher comum teria se intimidado demais para sequer falar com ele. Até Beth no começo. Lembra daquele jantar formal aqui em casa? Aquele jovem rígido ficou parado como um poste, a encarando com frieza. A coitadinha da Beth, que normalmente come com tanto apetite, só beliscou a salada e depois fugiu alegando estar com dor de cabeça.
A Sra. Pendleton fez um som de desaprovação.
— Francamente, só porque alguém é ruim em socializar, não justifica tratar uma dama daquele jeito. E então, alguns meses depois… casados! Inacreditável. Se não fosse por você, aquilo nunca teria acontecido.
Laura não respondeu, embora suas bochechas tenham corado ligeiramente.
— Beth fugiu envergonhada, e Edward, como uma estátua, ficou emburrado no canto com uma bebida, você foi a primeira a falar com ele. Conversaram por quase duas horas e percebeu que ele era um bom homem. E que gostava da Beth.
— …
— Depois disso, você continuou convidando os dois para o chá. Os três passeavam com frequência em Hyde Park. Beth logo começou a gostar de Edward, e quando achou que um homem como ele jamais poderia amá-la, você deu a ela a coragem que precisava. Aquele casamento magnífico de hoje… é tudo graças a você. Por que está balançando a cabeça?
A Srta. Pendleton sorriu timidamente e apertou com força a mão da avó.
— É difícil ouvir isso, vovó. O casamento deles é algo que construíram sozinhos. Eu não tive muito a ver com isso. Por favor, não diga isso a mais ninguém.
— Não preciso dizer. Toda Londres já sabem que você uniu o herdeiro da Casa Morton e a preciosa filha única do Visconde Dayer. Quantos casais felizes você já formou? Sua amiga Rosemary e o juiz Maclean, Olive do Barão Rowe e o herdeiro dos Ravens…
— Vovó, por favor!
Laura corou profundamente e apertou a mão da avó, envergonhada. Como sempre, a Sra. Pendleton riu com gosto, adorando a timidez da neta.
— Você é adorável. Fica corada tão facilmente quando alguém te elogia que me dá vontade de provocar ainda mais. O casamento de hoje foi o décimo, sabia? Dez casais felizes. Laura Pendleton, a melhor casamenteira de Londres!
Ela não respondeu, apenas enterrou o rosto corado entre as mãos. A Sra. Pendleton sorriu e acariciou delicadamente os cabelos vermelho-acobreados da neta. Então, segurou com carinho seu queixo e o levantou.
Diante da lareira, o rosto da Srta. Pendleton foi revelado, bochechas coradas, olhos cinza profundos brilhando suavemente. Seus traços delicados e bem definidos, e a pele clara, resplandeciam sob a luz do fogo.
A Sra. Abigail Pendleton contemplou o rosto da neta por um momento. Naquele semblante gracioso e elegante, ela sempre via sua própria filha, Dolores Pendleton, tão brilhante e bela, levada cedo demais.
Seu sorriso alegre deu lugar a uma ternura melancólica. Ela acariciou suavemente a face da neta e perguntou:
— Laura, me responda com sinceridade.
A Srta. Pendleton olhou fixamente para a expressão agora séria da avó.
— Você tem vinte e nove anos, e continua tão linda… como se o tempo tivesse esquecido de passar por você. Dez anos atrás, era ainda mais deslumbrante. No passado e agora, sempre foi sábia e generosa. Nunca conheci uma jovem cujo coração e rosto fossem igualmente admiráveis.
— Então Laura, por que você sempre deu tudo de si aos outros, mas nunca procurou o seu próprio amor? 🥹🥹
(Ps: Oi meus bebês, aqui é a Elisa, sua tradutora de Senhorita Pendleton. A tradução dessa Novel está sendo bem difícil para mim devido à repetição exagerada da autora nas palavras. Peço desculpas por demorar tanto com os capítulos, por favor deixem nos comentários se estão conseguindo entender bem a tradução. Beijos, se mantenham saudáveis e até o próximo capítulo.)
Continua…
Tradução Elisa Erzet