O Gatinho que Chora Todas as Noites - Capítulo 11
Helion não achava que houvesse algo mais agonizante do que a própria vida. E tinha todos os motivos para sentir isso, todos desejavam sua morte.
Desde criança, quis morrer. Sobreviveu por acaso, se agarrando à vida como um cadáver ambulante.
Sua mãe faleceu por complicações no parto, e seu pai fora sempre indiferente a ele.
Dizem que a indiferença é ainda mais aterrorizante que o ódio. Para o pai, a existência de Helion era menos relevante do que um mosquito incômodo.
A mãe de Helion foi uma parceira de casamento político. Como na maioria dos casamentos arranjados, era sem amor. Além disso, o imperador já possuía uma amante na época, uma mulher que ele amava profundamente, mas não podia torná-la imperatriz devido a sua posição inferior.
Um ano após o nascimento de Helion, a amante deu à luz um filho. O menino, que herdara a aparência da mãe, conquistou imediatamente o coração do imperador. Como ele não adoraria o filho da mulher que tanto amava?
A amante, por dar à luz um príncipe saudável, acabou sendo coroada imperatriz, apesar de sua origem. Isso só foi possível porque não era a primeira esposa do imperador, a anterior havia falecido, fato que, ironicamente, funcionou a seu favor.
Foi então que tudo começou. Todos passaram a desejar a morte de Helion. Para o imperador e a nova imperatriz, que queriam que o segundo filho, Damian, se tornasse Príncipe Herdeiro, o Primogênito Helion era apenas um estorvo.
Helion deveria ter morrido. Especificamente, quando foi enviado como emissário ao Reino.
“A minha mãe costuma dizer o seguinte — Sobreviver significa que você é forte. E neste mundo de sobrevivência do mais forte, ser forte significa que você pode sobreviver novamente.”
Naquele dia, a pessoa que o salvou deu a ele um motivo para continuar vivo.
Ninguém nunca lhe tinha dito aquilo antes, que era forte, e que por isso ele sobreviveria novamente.
Naquelas palavras, Helion encontrou um sentido para sua existência. Ganhou esperança. A certeza de que podia e deveria continuar vivendo.
“Vou ficar mais forte, o suficiente para sobreviver por ainda mais tempo.”
Mas isso não significava que a vontade daqueles que queriam sua morte tivesse enfraquecido. Mesmo agora, o imperador e a imperatriz continuavam desejando o seu fim.
Crash!
O som de vidro se estilhaçando cortou o ar agudamente. Ainda assim, Helion nem virou a cabeça. Aqueles que faziam tanto barulho nunca eram habilidosos, no máximo, mercenários baratos vindos dos becos.
— Alteza!
Foi Katie quem reagiu em choque à sua indiferença. Ela se lançou à frente, interceptando o assassino no ar.
A velocidade com que se moveu estava além do que qualquer mercenário comum poderia acompanhar. O inimigo colidiu com ela e foi arremessado diretamente contra a parede.
Só então Helion levantou a cabeça. O som do impacto era impossível de ignorar, parecia que a parede inteira havia se despedaçado.
— … Hã!?
Por um instante, Helion duvidou de seus próprios olhos. O pensamento que tivera momentos antes havia se materializado diante dele.
Ou seja, uma pessoa havia colidido contra a parede com força suficiente para quebrar a pedra sólida. Naturalmente, o mercenário embutido na parede tossia sangue antes de desmaiar.
— … Mas o que foi isso?
Helion não foi o único pasmo. Os olhos de Cheche se arregalaram, boquiaberto em puro espanto.
Até a própria Katie congelou no lugar, assustada com sua própria força. Contra um inimigo inesperado, ela havia liberado todo o seu poder instintivamente.
‘Não entre em pânico agora, aja como se não fosse nada.’
Felizmente, Katie era uma espiã experiente que havia completado todo o treinamento especial do Reino. Ela moldou sua expressão de forma indiferente e levantou o assassino inconsciente sobre seu ombro.
O sangue escorria da boca do homem, tingindo o chão. Parecia que seus órgãos haviam se rompido com apenas uma investida de ombro. Mas, se a parede havia se despedaçado, isso dizia tudo.
— Peço desculpas, Alteza, chamarei um cervo imediatamente.
Sua tentativa de parecer composta acabou soando casual demais. Helion a encarou por um momento, sem palavras, então, subitamente, caiu na gargalhada.
— Incrível. Achei que tinha adotado um gatinho, mas parece que era um tigre.
— P-perdão?
Katie estremeceu, sem entender o significado.
‘Um gatinho?’
Pensando bem, Helion vinha chamando ela de “Gatinha” há algum tempo. No império, mudar o nome de alguém assim era um gesto de desprezo, [Você é tão insignificante que nem vale a pena lembrar o seu verdadeiro nome.]
Presumiu que Helion fazia o mesmo. Como Damian era excessivamente rude com ela, acreditava que o homem a via como alguém sem importância.
‘Agora que penso… ele também me chamou de “gatinha” lá no armazém…’
Na hora, estava atordoada demais devido ao cio para processar, mas agora, pensando bem, era estranho.
‘Não me diga que ele descobriu quem eu sou…?’
Continua…
Tradução: Elisa Erzet
Lima92
Continuem a novel please!