O Gatinho que Chora Todas as Noites - Capítulo 08
Um cio era incômodo e doloroso. Mais ainda quando não tem ninguém experiente por perto para te orientar.
Para um feral, o período dura mais ou menos uma semana, podia ser controlado até que razoavelmente com supressores. A sensação lembra a cólicas menstruais, se tomasse o medicamento na hora certa, melhorava, mas não se recuperava totalmente.
No entanto, como uma única dose não cobria toda a semana, era preciso tomar os comprimidos periodicamente.
‘Eu preciso tomar meu remédio…’
Katie abriu e fechou os olhos, se sentindo completamente desorientada. Estava deitada em um quarto no Palácio do Crepúsculo.
Este mesmo onde morava o Primeiro Príncipe. E ainda por cima, ficava na ala mais reservada, na parte mais íntima do edifício.
Não era um lugar para um mero cavaleiro de escalão inferior, ainda mais para alguém designado ao palácio de Damian, rival declarado do príncipe, teria a menor coragem de pisar.
‘Mas por que, pelo amor dos deuses! Por que ele me trouxe justamente aqui?!’
Katie sentiu vontade de chorar. Helion a observava atentamente, apoiando o queixo sobre a mão. Seu olhar era excessivamente persistente. Não parecia o de um guardião preocupado com uma vítima que acabara de escapar de uma situação horrível, e sim, um corvo encarando um cadáver prestes a morrer.
— Está suspirando demais, não pode ser apenas um resfriado.
Helion estendeu a mão em sua direção. Katie conteve ao máximo o impulso de virar o rosto. Fazer isso para um membro da família imperial era quebra de etiqueta, O capitão da guarda de olhar severo que estava ali teria todo o direito de sacar a espada e acabar com ela, seria uma grosseria imperdoável.
A mão de Helion estava fria. O toque gelado em sua testa a fez soltar um suspiro baixinho, sem perceber.
— Aah.
— E sua respiração está irregular.
Como em resposta, a palma que cobria sua testa deslizou devagar. Os dedos roçaram sua bochecha, hesitantes, e então tocaram seus lábios. Katie se sobressaltou.
— Seus lábios estão tremendo também.
— I-Isso é porque Vossa Alteza me tocou.
— Seu corpo estremece desde antes.
— … É mesmo?
Katie fingiu ignorância, respondendo com outra pergunta. No fundo, ela sabia muito bem qual era seu estado. O calor abrasador que queimava em seu ventre estava se espalhando pelas células, tomando conta de todo seu corpo.
Sua mente estava claramente nebulosa, mas as sensações físicas eram de uma clareza dolorosa. Cada toque em sua pele parecia intensificado, fazendo-a contorcer as pernas e remexer os quadris involuntariamente.
— Será mesmo apenas um resfriado, senhorita cavaleira?
Parece que Helion adora um interrogatório. Já fizera o mesmo antes. Mesmo sabendo perfeitamente quem a tinha deixado naquele estado, fazia perguntas de propósito, encurralando os cavaleiros.
“Vocês sabem, por acaso, quem foi o filho da puta que ousou atormentar minha gata?”
Não responder à pergunta de um membro da família imperial era morte, mentir também, e até mesmo falar a verdade daria em morte por indecência pública.
Arnin e seu grupo estavam sendo encurralados, pouco a pouco, sem poder fazer nada.
Helion observou, satisfeito, seus rostos empalidecendo tornarem de um tom azulado como de um cadáver. Finalmente, incapaz de suportar a pressão, Arnin caiu de joelhos.
“E-Eu cometi um crime capital, Vossa Alteza! Queríamos apenas disciplinar uma cavaleira de baixa patente desobediente…”
“Para alguém que cometeu um crime capital, você fala demais.”
A rendição rápida fez Helion perder o interesse na mesma velocidade. Com expressão entediada, fez um leve gesto para Cheche, que o acompanhava. Sem uma única palavra, Cheche arrastou Arnin para fora. O restante do grupo foi levado pelos guardas.
Helion então puxou um pequeno punhal do bolso e libertou os pulsos e tornozelos de Katie. Depois, levantou ela, que estava mole que nem algodão molhado, sem nenhum esforço.
“Vamos, gatinha.”
E assim chegaram ali. Katie naturalmente esperava ir para a enfermaria, então isso foi uma surpresa, mas também um alívio.
Cada palácio tinha sua própria enfermaria. Se fosse levada à do Palácio do Crepúsculo, e não à do Palácio da Aurora, onde estava Wayne, um médico acabaria descobrindo sua verdadeira origem.
— É só um resfriado. Vou ficar bem após uma noite de sono… Ah…
Katie mentiu descaradamente, mas não conteve o gemido. Helion estava acariciando sua orelha.
— O-O que Vossa Alteza está fazendo?
— Qualquer um diria que tomou um afrodisíaco. Suas reações são sensíveis demais.
— N-Não é isso…
Os dedos dele se moviam sem restrição, a torturando suavemente. Depois de massagear seu lóbulo, o polegar deslizou por trás da orelha, traçando a linha do pescoço.
Katie estremeceu, perdida. Era um ponto que sempre tocava ao lavar o rosto, porém, nunca sentiu nenhuma reação. Agora, no entanto, a sensação ia muito além de cócega, sua pele formigava.
— Cheche, chame um médico.
Naquela instante, Katie voltou a si. Agarrou a mão de Hélion com urgência. Sabia que não podia tocar no corpo do homem sem permissão, mas não estava em sã consciência para pensar nisso agora.
— E-Espera, Vossa Alteza! Não chame um médico!
— Por quê?
— I-Isso…
A cabeça da Katie deu um nó. Ter jogo de cintura era uma qualidade essencial para um espião. Todas as desculpas que vinham tão facilmente durante seu treino no reino a abandonaram agora.
O silêncio se prolongou. Helion estreitou os olhos, a encarando com intensidade. Katie mordeu o lábio, ansiosa. O olhar dele desceu para sua boca.
Engoliu em seco, tentando conter um gemido. O olhar era tão penetrante que parecia um contato físico. Seus lábios, foco do homem, formigavam e, de repente, pulsaram, a mesma sensação de quando ele acariciou sua orelha.
‘É só porque mordi o lábio.’ Katie tentou se convencer. Por mais que estivesse no cio, se recusava a admitir que estava ficando excitada com o olhar do inimigo do seu país.
Isso mesmo, um inimigo.
Esse pensamento trouxe de volta um certo controle. Com esforço, finalmente conseguiu soltar a desculpa que veio a mente:
— Na verdade… aqueles cavaleiros de antes… me drogaram.
— Ah, aqueles lixos realmente merecem morrer.
— Desde então, meu corpo está estranho. Mas não quero mostrar esse estado vergonhoso a mais ninguém.
De qualquer forma, agora que tinham sido arrastados pela Guarda Imperial, a carreira de Arnin e seu grupo estava arruinada para sempre.
Crimes de abuso sexual estavam entre os mais severamente punidos no Império. Além disso, este era o sagrado Palácio Imperial. Para um cavaleiro que valorizava a honra e a cavalaria acima de tudo, cometer tal ato em um lugar onde a conduta deveria ser exemplar significava, muito provavelmente, perder a vida.
Portanto, jogar sobre eles um pouco mais de culpa não faria mal algum. Era um tanto desconfortável usar isso como forma de vingança, mas, pensando bem… eles estavam condenados de qualquer forma, não é?
— Então, por favor, apenas me mande de volta.
— Se você voltar, pretende lidar com isso sozinha? — Helion arqueou a sobrancelha. — Se não descobrir que tipo de droga foi usada, você não conseguirá um antídoto sem consultar um médico.
Sozinha. A palavra ecoou de novo em sua mente. Se lembrou do que Wayne havia dito uma vez:
“Tente resolver sozinha, se conseguir.”
Katie podia ser inexperiente nos assuntos sexuais, mas não era ingênua a ponto de ignorar o que significava estar no cio. Aos vinte anos, era uma adulta. Durante o cio, dois corpos deveriam se unir e ter relações sexuais. Para esse princípio básico, eram absolutamente necessárias duas pessoas.
— Você… está dizendo que eu deveria suportar sozinha? — Katie o fitou com hesitação.
Helion soltou uma risadinha, quase vazia, diante daquela reação inocente.
— É justamente isso que faz de um afrodisíaco algo tão cruel, não é fácil aguentar sozinha.
— Certo. Entendo perfeitamente. Não se preocupe, eu mesma darei um jeito.
A voz de Katie soava firme, mas sua expressão mostrava confusão absoluta. Qualquer um podia perceber que ela não fazia ideia de como agir.
Helion observou o corpo de Katie, encharcado de suor. Por baixo do uniforme rasgado e desarrumado, a camiseta fina colava firmemente em sua pele.
Tap, tap.
Os dedos de Helion tamborilavam ritmicamente no lençol da cama onde ele estava sentado. Mesmo com aquela pequena vibração, o corpo de Katie, deitado ali, estremeceu.
Se até o simples bater de seus dedos no colchão fazia o corpo dela estremecer, como seria se ele realmente a tocasse?
Só de imaginar ela reagindo, estremecendo de prazer a cada toque em seu corpo extremamente excitado, fez seu pau já latejante e duro dentro da calça se debater violentamente de forma incômoda, a ponto do próprio Helion sentir pena dele.
‘Ela é quem tomou a droga, mas parece que fui eu quem a ingeriu.’
Helion segurou o rosto da mulher, aquela que o deixou excitado pela segunda vez. Um rosto que, de alguma forma estranha, lembrava o de alguém que um dia salvou sua vida. Sim, com esse rosto, diante dele, o homem sentia que poderia servi-la com devoção.
— Você não quer um médico… e tampouco sabe como resolver isso sozinha. O que vamos fazer?
— Apenas me mande de volta ao dormitório…Aaah… me desculpe, mas até mesmo o toque na minha bochecha agora… é um pouquinho difícil de suportar Vossa alteza.
A voz de Katie tremia de apreensão. Seus olhos, que antes olhavam para a mão que a segurava, o encararam de repente, revelando aquelas íris cinzas problemáticas.
Talvez devido à excitação intensa que percorria o corpo, seus olhos já úmidos pareciam mais brilhantes. Era o que fazia Helion imaginar se sua parte secreta não estaria igualmente encharcada.
— Não me apresse, gatinha… — murmurou ele, a respiração ofegante. — Estou tentando me conter.
— Então… o que exatamente o senhor…?
Helion exalou um suspiro lânguido entre os dentes. Mas, diferente da postura aparentemente relaxada acima da cintura, a situação abaixo estava longe de estar calma.
O homem podia sentir um líquido vazando do pau, que pulsava com fúria. Ainda bem que sua calça era preta, senão poderia ter assustado ainda mais a pobre gatinha.
Continua…
Tradução Elisa Erzet