O Gatinho que Chora Todas as Noites - Capítulo 06
— Vamos, se apoie em nós. Dói só de ver você se esforçando assim.
Naquele momento, até Arnin não conseguiu mais sustentar seu orgulho. Em vez disso, rangeu os dentes e resmungou entre eles:
— Aquela mulher… não vou deixar que ela saia impune.
— Você perdeu de forma justa em um duelo, o que mais poderia fazer?
— Duelo só significa algo entre cavaleiros. Que honra há em lutar contra uma vadia que nem merece esse título?
— Parece que você já tem algo em mente.
— Com certeza.
Arnin fez um gesto para os cavaleiros confusos se aproximarem. Apesar da hesitação, a curiosidade falou mais alto, e eles se agruparam ao seu redor.
Sussurro após sussurro.
Quanto mais ele murmurava, mais o choque se espalhava por seus rostos. Logo, porém, o choque se transformou em interesse e, depois, em um rubor sombrio que subiu por seus pescoços.
— Mas… isso é realmente certo?
— Eu assumo total responsabilidade. Vocês conhecem minha família, silenciar uma cavaleira de baixa estirpe não é nada.
— É tentador, mas…
Os cavaleiros trocaram olhares, os olhos brilhando com algo sinistro. Logo, um deles assentiu lentamente, endurecendo a expressão com determinação.
— Certo. Estou dentro.
O primeiro passo sempre era o mais difícil depois disso, o resto vinha com facilidade. Um a um, os outros assentiram como se fosse algum sinal tácito.
— Sim. As melhores coisas da vida são feitas para serem compartilhadas.
Uma excitação estranha e febril se espalhou entre eles como fogo selvagem, refletida em seus olhos cintilantes. Sob o luar, uma conspiração sombria começava a florescer.
🌸🌸🌸
Katie levantou seu corpo pesado da cama. Mesmo após tomar o remédio e dormir, sua condição não estava boa.
Mas ela deveria agradecer por não estar pior.
No primeiro dia de seu primeiro ciclo de cio, ela quase havia perdido a razão, reduzida a gemidos e suspiros.
Naquela época, caminhar até a enfermaria foi uma luta, arrastando-se pelos corredores, apoiando-se nas paredes. Isso dizia tudo.
— Se não fosse pelo Wayne, eu estaria em sérios problemas.
Somente os médicos do reino sabiam preparar o remédio para suprimir o cio. Se ele não tivesse se infiltrado no império primeiro como espião, ela teria sido descoberta naquele dia, torturada ou executada.
Vestiu seu uniforme branco, afivelou a espada na cintura e seguiu para os treinos matinais.
A rotina era sempre a mesma: dez voltas ao redor do campo, seguido de exercícios de força. Só depois de suar poderiam empunhar suas espadas.
Katie cumprimentou os outros cavaleiros de médio escalão com um aceno breve antes de começar suas voltas em silêncio. Na quinta volta, sua respiração já estava ofegante.
‘Meu corpo realmente não está aguentando hoje.’
Isso nunca aconteceria normalmente. Para um feral, dez voltas ao redor do campo não passavam de um passeio matinal leve.
Assim que terminou a décima volta, ofegante, estendendo a mão para o cantil, Arnin se aproximou.
— Katie.
— Senhor Arnin.
Katie estabilizou a respiração e o saudou no estilo imperial, a mão sobre o coração, no lado esquerdo do peito.
— Sobre ontem… precisamos conversar.
Katie suspirou internamente. Sabia que isso viria. Embora tivesse vencido o duelo, não esperava que Arnin aceitasse o resultado em silêncio. Ele certamente a acusaria de trapacear ou exigiria a anulação, fazendo algum tipo de escândalo.
Mas suas expectativas estavam completamente erradas.
— Quero pedir desculpas por agir impulsivamente. Admito minha derrota, Katie.
Ela congelou no meio da saudação. Nunca imaginou que um pedido de desculpas sairia daquela boca.
— Como sinal de reflexão, nós ajudaremos você nas tarefas de limpeza hoje.
— “Nós”…?
Mal conseguiu perguntar, e os subordinados de Arnin apareceram. Foi uma entrada surpreendentemente rápida, como se estivessem esperando exatamente por aquele momento.
— Sim. Todos nós ficamos parados enquanto Arnin a importunava.
— Achamos que seria bom reviver nossos humildes dias de trabalho braçal que fazíamos como cavaleiros de nível mais baixo.
— Se realmente quiserem reviver o passado, não seria mais apropriado buscar equipamentos como cavaleiros aprendizes?
— Aff! Por que precisa ser sempre tão rabugenta? Quando seus superiores se rebaixam assim, você deveria no mínimo agradecer!
— … Obrigada.
Katie soltou um agradecimento forçado. O grupo resmungou por um tempo, claramente insatisfeito com sua atitude, antes de finalmente se afastar.
— Falaremos depois do treino. Nos encontre quando for para o depósito.
Arnin deu um leve tapinha em seu ombro e sorriu, aquele sorriso despretensioso que ele normalmente reservava apenas para seus comparsas.
‘Ele enlouqueceu? Por que está agindo assim?’
Por um momento, ela se perguntou se o havia acertado com força demais e danificado seu cérebro. Mas, sob sua insistência persistente, ela relutantemente assentiu.
Afinal, quando fosse promovida a cavaleira sênior, teria que continuar interagindo com eles. Embora a repentina cordialidade forçada fosse irritante, ainda era cem vezes melhor do que ser atormentada como antes.
— É mais inteligente aceitar. Meu corpo não está bem hoje, quanto mais cedo terminarmos, melhor.
Sacudindo ao desânimo, ela retomou o treino.
Quando terminou, Katie estava completamente exausta. O cavaleiro que havia sido seu parceiro de sparring inclinou a cabeça, surpreso com sua condição tão debilitada.
— Katie, você não está se sentindo bem? Sua aparência não parece nada boa.
— Acho que peguei um resfriado. Estou com um pouco de febre.
— Deveria ir à enfermaria.
— Pretendo ir, depois de terminar a limpeza. Um remédio e um bom descanso devem ajudar.
Katie fez uma saudação em reconhecimento à preocupação dele antes de se afastar rapidamente. O efeito do remédio que tomou ontem já devia estar passando. Forçar o treino nesse estado provavelmente só piorou as coisas.
Após o treino, os cavaleiros de médio escalão eram responsáveis por organizar o equipamento usado. Entre eles, as espadas de madeira eram dever de Katie.
Ela se movia entre eles, recolhendo as espalhadas uma a uma. Quer por vontade ou não, os subordinados de Arnin também se aproximaram e começaram a juntar espadas para ela.
— Você surtou e recusou quando te pedi uma toalha, mas agora está toda animada para ajudar com isso?
— Limpar é algo que todos os cavaleiros de nível médio fazem. É totalmente diferente de ser ordenada apenas por ser mulher. E eu nunca surtei.
— Me desafiar para um duelo conta como surto.
— Aquilo era raiva.
Arnin estreitou os olhos e a encarou. Essa garota nunca recuava em uma discussão. Era insuportavelmente teimosa.
Mas hoje, ao contrário do normal, ele não estava irritado. Afinal, aquela atitude dela seria corrigida até o fim do dia. Ele estava determinado a ensinar exatamente o que acontece quando um ser inferior age com desrespeito a um superior.
— Já pegamos tudo. Vamos.
Ele falou como se fossem próximos, liderando o caminho até o depósito. Seus subordinados também pareciam estranhamente animados, acelerando o passo.
Embora seu comportamento fosse incomum, Katie não percebeu nada estranho. Estava ocupada com sua própria condição para prestar atenção.
Arnin foi o primeiro a entrar no depósito. Seu grupo não o seguiu imediatamente, esperando que Katie adentrasse.
— … O que é isso?
Ela lançou um olhar questionador, mas eles permaneceram imóveis.
— Primeiro as damas.
— Já disse para não me tratarem diferente por ser mulher, e olha vocês.
— Isso se chama cortesia, Katie. Uma das virtudes mais importantes de um cavaleiro.
Certo. Dizem que as pessoas não mudam da noite para o dia. Ela desistiu de discutir e entrou no depósito.
— Estas ficam aqui. Como já sabe, coloque horizontalmente, uma por slot.
Enquanto organizava as espadas de madeira no suporte, a luz da porta foi gradualmente diminuindo, então, com um estrondo se fechou.
Katie endireitou e se virou. Os subordinados de Arnin estavam bloqueando a saída, sorrindo com uma malícia inegável.
— … Até um cego perceberia que vocês estão tramando algo com essas caras.
Mesmo na penumbra, ela via o brilho turvo em seus olhos. Já havia visto aquele olhar antes, o mesmo que Damian frequentemente lhe lançava.
— Deveria ter pensado duas vezes antes de se achar tão importante.
No momento em que Arnin zombou, Katie deixou as espadas de madeira caírem ao chão, pegando uma rapidamente e a brandindo contra ele.
Whoosh! A espada raspou de leve o rosto de Arnin. Para um cavaleiro, ele tinha reflexos decentes.
— Você atacou primeiro. A responsabilidade é sua.
Com um aceno de Arnin, seus subordinados avançaram contra ela. Em mãos, estavam as cordas usadas durante o treino.
— Isso realmente importa?
Katie resistiu com a espada de madeira, mas não foi suficiente. Para cada um que derrubava, outro avançava. Com cordas chicoteando-a de todos os lados, não teve chance.
Uma corda chicoteou sua bochecha. Ao se contorcer de dor, Arnin a derrubou por trás.
No momento em que seu peso a jogou no chão, os outros cavaleiros imobilizaram seus membros.
— Agora, vamos conversar.
— Por que diabos deveríamos?
Ela gritou sem qualquer formalidade, mas os homens a ignoraram. Seus rostos se contorciam de excitação mal contida enquanto amarravam suas pernas e braços.
— Malditos bastardos!
Katie se debatia com toda sua força. Se estivesse em plena forma, teria derrubado cada um deles.
Continua…
Tradução Elisa Erzet
Lima92
Tô nervosa tomara que eles todos morram.