O Marido Malvado - Capítulo 88
O aperto de Lucio, inicialmente intencionado como um gesto educado durante sua breve saída da carruagem, subitamente se intensificou, criando uma tensão inesperada. Eileen olhou para ele surpresa.
Sua expressão normalmente gentil havia mudado para uma intensidade desconhecida. Essa mudança abrupta deixou Eileen desconfortável, levando-a a olhar de relance para o marido.
Cesare, que observava a cena, encontrou seu olhar com a habitual expressão neutra. Seus calmos olhos vermelhos fizeram pouco para aliviar a ansiedade de Eileen. Ainda assim, o sentimento perturbador que teve momentos atrás se dissipou rapidamente quando viu a postura serena de Cesare.
Quando o olhar do homem se fixou no dela, ele mostrou um leve sorriso. Surpreendido com a interação do casal, Lucio soltou imediatamente a mão de Eileen. Ela esfregou os dedos levemente dormentes e se virou para ver os professores, que observavam com expressões de espanto.
‘Será que ele vai achar isso insolente?’
Embora fosse improvável que Cesare sentisse ciúmes, Eileen se preocupou que ele interpretasse o gesto de Lucio como inadequado para com a Arquiduquesa. Cesare tinha um histórico de tomar medidas extremas para manter a ordem e disciplina, e temia que pudesse reagir de forma drástica.
Para seu alívio, Cesare não deu a menor atenção a Lucio. Em vez disso, focou apenas nela e chamou seu nome.
— Eileen.
Ela caminhou rapidamente até Cesare, que aguardava com paciência. Quando se aproximou, o homem abriu os braços. Após uma breve hesitação, Eileen o abraçou.
Cesare a envolveu com cuidado, atento às insígnias de seu uniforme para não machucá-la. O calor de seu abraço proporcionou a Eileen um momento de alívio, permitindo saborear plenamente a alegria de seu retorno inesperado.
— Não esperava que você já estivesse em casa — disse Eileen, sentindo uma pontada de arrependimento por não voltar mais cedo.
Em vez de responder com palavras, Cesare pousou um beijo carinhoso em sua testa.
Após acariciar levemente sua bochecha, o homem voltou sua atenção para os convidados. Eileen, ainda aconchegada no conforto dos seus braços, lembrou tardiamente de apresentá-los.
— Ah, estes são os professores Glenda e Elio, da Universidade de Palerchia.
— Eu sei — respondeu Cesare, mantendo o braço na cintura de Eileen. Ele fitou Glenda e Elio, que estavam visivelmente surpresos por se encontrarem diante do Arquiduque Erzet.
Acostumados ao ambiente tranquilo da academia, os professores se viram subitamente dominados pela presença imponente daquele homem. O reconhecimento casual de seus nomes, combinado com sua postura autoritária, os deixou com a sensação de estarem na presença de uma força formidável.
Eileen, habituada à postura dominante de Cesare, sabia que outros facilmente a achariam intimidante.
Poucos no Império Traon conseguiam permanecer indiferentes sob o peso de seu olhar intenso.
— É uma honra conhecê-lo, Vossa Graça — disseram Glenda e Elio, com uma pontada de nervosismo na voz, enquanto se curvavam. Eles o felicitaram pela recente vitória.
— Parabéns por sua vitória. Graças ao senhor, os cidadãos do Império Traon agora podem desfrutar de paz.
— Agradecemos sinceramente, como cidadãos do Império.
Seus olhos revelavam uma mistura de apreensão e admiração. Cesare, que havia conduzido o Império à vitória em uma guerra que parecia impossível, era uma figura reverenciada pelo povo.
Ver os professores, tão animados e descontraídos na casa de chá, agora visivelmente intimidados pela presença de Cesare, fez Eileen sentir uma pontada de desconforto.
Apesar de conhecer a posição elevada do homem, a realidade de sua autoridade a atingia de maneira renovada. Normalmente, ela estaria atrás de Glenda e Elio, não envolvida no abraço de Cesare.
‘Ou, talvez, nunca tivéssemos nos encontrado…’
Eileen afastou o sentimento agridoce que ameaçava surgir. Enquanto isso, Cesare, com um leve sorriso, se dirigiu aos professores:
— Sintam-se à vontade durante sua estadia na propriedade. Vou garantir que sejam bem atendidos.
Então Cesare puxou Eileen com naturalidade e, com um gesto suave, porém firme, carregou-a escada acima assim que a porta da frente se fechou.
— Cesare…
Eileen corou, ao pensar em Lucio e nos professores, vendo ela ser carregada como uma criança. Sinalizou discretamente que queria ser colocada no chão, mas Cesare parecia alheio aos seus gestos. Enquanto a levava pelas escadas, perguntou:
— Como foi seu passeio hoje?
Eileen esqueceu momentaneamente a vergonha e começou a tagarelar alegremente. Havia tantas coisas que queria contar a ele.
— Foi divertido! Tive sorte de encontrar alguns livros fora de catálogo na livraria. Não eram sobre plantas, por incrível que pareça. Eu leio mais do que só livros de botânica, sabia? Também olhei alguns equipamentos de laboratório, mas não comprei nada porque já temos tudo o que precisamos. Acabei pegando só um béquer simples, para não voltar de mãos vazias.
Perdida em sua animação, não percebeu que tinham chegado ao topo das escadas. Cesare ainda a segurava sem esforço, e ela esqueceu de pedir para ser colocada no chão.
— … E os professores estavam, na verdade, me procurando. Eles tinham alguns dos remédios que vendi, o analgésico. Quando me mostraram, fiquei muito surpresa. Queriam conhecer a farmacêutica que o fez, e eu fiquei tão aflita tentando decidir o que fazer que acabei contando tudo de uma vez.
Ela olhou para Cesare, preocupada como ele reagiria à revelação. Embora já tivesse mencionado sua função antes, temia que a revelação sobre ser farmacêutica o incomodasse agora.
Mas Cesare pareceu receber a notícia com certa satisfação, e não com desaprovação. Aliviada, Eileen continuou animada:
— Então, eles descobriram que sou eu a farmacêutica e querem comercializar o remédio para dor de cabeça. Eles elogiaram muito, dizendo que poderia beneficiar o povo do Império. Não tenho tanta certeza assim… mas pensei que, se você aprovasse, talvez não fosse tão ruim tentar.
Apesar dos elogios dos professores aumentarem sua confiança, Eileen tinha dificuldade em sentir orgulho de suas conquistas diante de Cesare, o herói que salvou o Império.
Quando sua voz foi diminuindo, ela percebeu que já haviam entrado no quarto. Cesare, com naturalidade, começou a desfazer os botões do vestido dela. A calma com que o homem fazia isso só tornava Eileen ainda mais consciente da própria vulnerabilidade, fazendo-a estremecer quando o ar frio tocou sua clavícula exposta.
— Então, sobre o que você conversou com Lucio? — perguntou Cesare, seu tom casual, mas atento.
(Elisa: Webtoon também feito por mim disponível na Nocturne)
Continua…
Tradução: Elisa Erzet