O Marido Malvado - Capítulo 87
Existiam muitos farmacêuticos de destaques. No entanto, Eileen percebeu imediatamente que a pessoa a quem Glenda se referia era ela.
Havia uma razão para isso. Embora Glenda apreciasse aprofundar seu próprio conhecimento, também valorizava intercâmbios intelectuais com novas pessoas. Como resultado, mantinha extensas conexões com figuras notáveis no campo da farmácia no arquiducado, e todos os farmacêuticos proeminentes haviam estabelecido vínculo com ela.
Considerando que interagir com uma autoridade como Glenda era vantajoso, muitos estavam ansiosos para se aproximar dela. No entanto, havia uma exceção notável.
— Enviei uma carta há algum tempo, mas não obtive resposta. Talvez não tenha sido entregue corretamente, então, agora que estou aqui no arquiducado, pretendo visitar pessoalmente. — explicou Glenda.
Quando Eileen recebeu a carta em seu laboratório no segundo andar da pousada, pensou ter sido um engano. Afinal, não era uma farmacêutica suficientemente proeminente para merecer tal atenção.
Embora estivesse feliz por ser escolhida por Glenda, se sentiu indigna de uma resposta devido à sua parada abrupta nos estudos. Eileen guardou silenciosamente a carta em sua gaveta.
Como não recebeu notícias adicionais, assumiu que era o fim do assunto. No entanto, parecia que Glenda continuava acompanhando seu progresso.
— Devem existir muitos farmacêuticos competentes aqui, certo? Ouvi dizer que há alguns também na Rua Venue…
Eileen tentou mencionar outro farmacêutico.
Mas Glenda franziu a testa e respondeu com convicção:
— Absolutamente não.
Em seguida, Glenda explicou apaixonadamente por que a farmacêutica em questão era única.
Tudo começou quando um nobre buscou sua orientação para uma doença incurável. Apesar de seus melhores esforços para aliviar o sofrimento da esposa do nobre, mesmo Glenda, uma mestra em farmacologia, não conseguiu resolver o problema.
Desesperado, o nobre enviou notícias dizendo que havia encontrado uma farmacêutica capaz de fornecer um analgésico. Naturalmente, Glenda ficou profundamente interessada.
‘Conde Domenico.’ — pensou Eileen.
Conde Domenico, o Presidente da Câmara, vinha comprando consistentemente remédios de Eileen para a doença de sua esposa. Parece que ele contatou Glenda antes de procurar Eileen. A conexão surgiu de uma forma totalmente inesperada.
— Comecei a investigar essa farmacêutica a partir desse ponto — explicou Glenda, colocando um pequeno frasco de vidro sobre a mesa. — Você poderia dar uma olhada?
Dentro do frasco havia pequenas pílulas. Eileen ficou surpresa e lutou para conter sua reação.
‘Esse é o meu remédio.’
Era um analgésico frequentemente comprado por Luca, um relojoeiro da Rua Venue. Era um remédio popular, procurado por outros clientes também. Glenda devia tê-lo obtido de algum desses clientes.
Ao ver o analgésico, Elio, que observava silenciosamente, ficou subitamente animado e interrompeu:
— Este é um analgésico feito de casca de salgueiro. Fiquei maravilhado quando o vi pela primeira vez!
Plantas medicinais eram um interesse de pesquisa compartilhado por Elio e Glenda. Glenda acalmou o homem para evitar que ficasse muito entusiasmado e continuou falando calmamente.
— Queria te mostrar este remédio. Tenho certeza de que reconhecerá sua notável qualidade. Na verdade, estou pedindo seu apoio, embora saiba que é bastante direto de minha parte. Eileen, este é um remédio que poderia beneficiar a todos.
Tanto Glenda quanto Elio eram movidos por um forte senso de missão. Sentiam que era seu dever apresentar este remédio ao mundo e esperavam que o apoio da Arquiduquesa fosse crucial para torná-lo amplamente disponível.
Eileen, cercada pelos professores entusiasmados, sentiu uma onda de constrangimento ao abrir a boca para responder.
— Sobre essa farmacêutica…
Glenda e Elio olharam para ela com expectativa, claramente esperando que ela tivesse alguma informação.
— Atualmente não está aceitando novos clientes. Acredito que só vende para clientes já existentes, através do proprietário da pousada…
— O quê? Por quê?
— Há algum problema?
Confrontada com as expressões agora sérias da dupla, Eileen hesitou, sem saber como prosseguir.
— Bem, hum…
Como poderia explicar?
Após um momento de reflexão, Eileen confessou, com o rosto corado:
— Ela se tornou a Arquiduquesa…
A dupla ficou boquiaberta. Eileen, sentindo uma onda de constrangimento, piscou surpresa.
Ela não pretendia revelar que estava fabricando e vendendo remédios. O título de farmacêutica parecia grandioso demais para ela, especialmente por não ter oficialmente se formado. Sempre se sentiu constrangida com seu papel, referindo-se ao seu trabalho como pesquisa e não farmacêutica. O termo fora usado pelos clientes, não algo que ela aplicaria a si mesma.
Apesar de seu desconforto, Eileen sentiu que não tinha escolha, precisava ser honesta; parecia que Glenda e Elio a seguiriam por todo o império caso não falasse a verdade.
Uma vez revelada, os professores ficaram momentaneamente sem palavras. Suas expressões congelaram em choque. Ao recuperarem a compostura, explodiram em um frenesi de entusiasmo.
— Oh meu Deus!
Eles se inclinaram para Eileen, quase derrubando a mesa com seu entusiasmo. Eles a cobriram com admiração, espanto, alegria, elogios e uma avalanche de perguntas.
A casa de chá, antes cheia de clientes casuais, agora tinha muitos olhos voltados para a cena. Eileen, surpresa com a reação fervorosa, sentiu seu constrangimento aumentar.
— Hum, talvez devêssemos voltar primeiro para a residência? — sugeriu Eileen, esperando evitar mais atenção.
Glenda e Elio, ainda borbulhando de empolgação, agarraram-se a ela enquanto se dirigiam à carruagem, sem parar de conversar.
Mesmo durante a viagem de volta, as perguntas e a empolgação continuaram sem trégua. Felizmente, Lucio também estava na carruagem, oferecendo a Eileen um breve alívio do incessante bombardeio de perguntas.
— Eu não esperava por isso… —
Eileen murmurou, olhando para Lucio, que permanecia silencioso e inexpressivo. Se perguntou se ele estava cansado, tinha permanecido incomumente quieto durante o tempo na casa de chá. Decidindo não o perturbar, em vez disso, refletiu sobre os preparativos dos quartos de hóspedes na residência.
— … Achei que poderia melhorar por meus próprios esforços.
Lucio falou de repente, quebrando o silêncio. Quando Eileen se virou para ele, o homem usava uma expressão severa, mas seu semblante suavizou em um sorriso ao cruzarem os olhares.
— Eileen, você avançou muito além do que eu poderia imaginar. Alcançou um patamar que nem eu mesmo posso aspirar.
Suas palavras, embora ditas com um sorriso gentil, carregavam um leve tom intimidante. Apesar da sutil tensão, a atmosfera logo se tornou mais leve, e Lucio continuou a conversar de maneira agradável com Eileen.
Ao chegar na residência, Lucio prontamente saiu da carruagem, deu a volta para abrir a porta e estendeu a mão para auxiliar Eileen. Ela aceitou sua ajuda com gratidão e desceu.
— Obrigada, senhor Lucio.
Eileen sorriu, sua alegria evidente ao cumprimentar o visitante inesperado. Sua felicidade aumentou ao ver Cesare parado à entrada da mansão. Era incomum que ele chegasse cedo em casa, e ainda mais raro que esperasse por ela na porta.
Cesare, ainda em uniforme, parecia ter acabado de retornar de um compromisso. Esse gesto raro de vir recebê-la encheu Eileen de felicidade.
Justo quando estava prestes a correr para Cesare, Lucio apertou subitamente sua mão.
Continua …
Tradução: Elisa