No c* da Cobra - Capítulo 29
— Não os deixem entrar no território!
O ataque foi repentino. Os soldados se defenderam desesperadamente, mas o número de feras era esmagador. A investida foi demais para suportar, e as defesas de um trecho da muralha ruíram.
— Mantenha a calma! Em formação!
Mas as bestas não perderam a oportunidade. Antes que alguém pudesse reagir, uma dúzia delas escalou a muralha e começou a massacrar os soldados. Gritos, sangue e vísceras se espalharam por toda parte. O desespero tomou conta da muralha.
Um jovem soldado, com o rosto pálido de terror, brandia sua espada de modo frenético. Mas a lâmina se partiu inutilmente contra o ataque de uma besta.
— N-Não, agh!
No momento em que o soldado aterrorizado gritou, cobrindo a cabeça e se encolhendo, um baque ecoou, seguido por um jato de sangue. Mas não era o sangue do soldado. As pernas da besta que urrava de dor foram decepadas, seguidas rapidamente por sua cabeça.
— V-Vossa Graça!
A chegada de Benedict mudou completamente o rumo da batalha. A cada golpe de sua espada, corpos monstruosos tombavam. Era um massacre unilateral.
As bestas-aranha que atacavam a muralha, percebendo a mudança no momento, começaram a recuar. À medida que a luta diminuía, Benedict limpou casualmente sua espada e olhou para trás.
— Algumas das bestas romperam as defesas e entraram no território. Encontrem-nas e eliminem todas.
— Sim!
Seu olhar seguiu as que fugiam para além da muralha, em direção à cordilheira.
Moritz se aproximou e reportou a situação.
— Além das baixas na muralha, não há mais perdas entre nossas forças. Já dei ordens para iniciar os reparos nas seções danificadas.
Após um breve silêncio, Benedict falou.
— Isto é estranho. Há bestas demais.
— Como?
— Na primavera e no verão é quando a atividade dessas monstruosidades está no seu ponto mais baixo.
Toc, toc, toc. Seus dedos tamborilaram ritmicamente contra a bainha da espada.
— E essas são as mesmas bestas-aranha que vi na minha volta… — Seus lábios se apertaram numa linha fina. — Nosso estimado Imperador parece ter estado bastante ocupado.
— Certamente não…
Moritz o encarou atônito. Mas o olhar de Benedict permaneceu fixo nas montanhas cinzentas e cintilantes. Ao que parecia, o Imperador, apesar do aviso, não conseguia discernir seu oponente. Teria que dar a ele o que queria.
Benedict se virou para Moritz e ordenou:
— Reúna os cavaleiros. Assim que a situação no território estiver sob controle, localizaremos e destruiremos o ninho das bestas.
Desta vez, seria apenas uma horda delas que ele eliminaria.
‘Eu me pergunto quem será o próximo.’
Os olhos de Benedict brilharam friamente enquanto considerava a ordem.
Cinco dias depois, o Arquiduque retornou com seus homens, tendo suprimido a horda de bestas. Sua armadura, manchada com o sangue, dizia muito sobre as batalhas travadas. Os criados que esperavam para atendê-lo se retiraram discretamente ao ver a aura feroz de seu senhor. Era uma regra não dita do Arquiducado evitá-lo em tais momentos.
Benedict passou por todos eles a passos largos, seguindo direto para seu quarto.
‘Que bagunça.’
Ele destruiu todos os ninhos de aranhas que conseguiu encontrar. Não pensariam em invadir novamente tão cedo. Em um dos ninhos devastados, Benedict descobriu vestígios de um acelerador, uma droga que estimulava a reprodução, o acasalamento e o crescimento das bestas.
Enquanto travava sua guerra de conquista no Reino de Crozeta, o astuto Imperador aumentava secretamente a população de bestas nas Montanhas Cinzentas. Então, Benedict retribuirá o favor na mesma moeda. Esperava que o Imperador fosse o próximo a ser dilacerado.
‘Será um belo espetáculo.’
Ele sorriu de forma sombria, antecipando o caos que eclodiria no Palácio Imperial em alguns dias. Seria pela carnificina recente, logo após a guerra, ou pela descoberta do mesquinho esquema do Imperador?
Uma sede não saciada surgiu dentro dele. Um desejo por sangue, um impulso destrutivo de despedaçar e arruinar algo por completo. Ou talvez…
Benedict escancarou a porta do quarto. Uma claridade e um calor incomuns vazaram para fora. Ele franziu levemente a testa. A mudança em seu quarto, normalmente vazio e frio, era perturbadora.
— Mestre?
Uma voz clara se fez ouvir e, em seguida, um rosto branco como a neve apareceu. Algo frágil, algo que ele queria esmagar e estraçalhar. Era a mulher em quem ele estivera pensando pouco antes de abrir a porta.
— Acabou de chegar?
Seus nós dos dedos, brancos e proeminentes, estavam cerrados, como se estivessem esmagando pétalas de flores. Será que essa mulher ingênua percebia que ele queria pintar seu rosto inocente e branco como a neve de uma cor totalmente diferente?
— O-O senhor está bem? — a mulher perguntou, se aproximando cautelosamente. A preocupação pairava em seus olhos arregalados e assustados. — O senhor está ferido, por acaso…?
Quem estava preocupado com quem? Que presunção.
Benedict, fingindo indiferença, soltou as manoplas e as jogou de lado.
— O banho está pronto? — perguntou secamente.
— Preparei um banho morno para o senhor. Mas… tem certeza de que não se machucou…?
— Eu direi se estiver.
Ele rapidamente se livrou da armadura e passou por ela a passos largos rumo ao banheiro, presumindo que ela não ousaria segui-lo. Tirou a camisa fina e jogou um pouco da água da banheira sobre si quando ouviu um som baixo.
— Ah…
O leve farfalhar, como um animal pastando e explorando seus arredores, era inconfundivelmente dela. Os lábios de Benedict se curvaram num sorriso frio, um vestígio de desejo brincando nos cantos. Se era isso que ela queria, ele lhe concederia o desejo. Culpou a tolice de sua escrava, que ousara segui-lo até mesmo para o banho.
A mulher, segurando uma toalha contra o peito, parecia lutar contra o vapor, agitando o outro braço para afastar a névoa do ar. Ela avançou cambaleando, estendendo a mão às cegas em direção à banheira. Não havia dado mais do que alguns passos quando seus pés escorregaram no chão molhado.
— Ah…!
Seu corpo tombou para trás, e a toalha escapou de suas mãos. Benedict rapidamente a agarrou pela cintura e a puxou contra si. Seus cílios prateados tremularam como asas de borboleta.
A água de seu corpo molhado encharcou instantaneamente as roupas dela. Sentindo as curvas macias e quentes pressionadas contra si, ele falou:
— Você entrou para ver se eu estava bem?
Sua voz estava mais baixa que o normal, talvez devido à acústica ecoante do banheiro.
Uma tensão estranha encheu o ar. Percebendo-a, a mulher engoliu em seco.
— S-Se o senhor estiver ferido, eu queria tratá-lo… e além disso, atendê-lo é meu dever, Mestre. — Ela terminou com uma firmeza surpreendente, como se tivesse reunido toda sua coragem. — Meu ombro está muito melhor agora. Eu consigo lidar com tarefas simples.
— É mesmo?
Benedict encarou a mulher que ousara entrar em seu banho e oferecer seus serviços. Ele soltou uma risada baixa, os lábios se curvando em um sorriso torto ao ver o constrangimento inundar seus belos olhos rosados.
— Isso é inocência?
Sua mão grande envolveu seu queixo, o polegar traçando seus lábios antes de pressionar o centro.
— Mm!
— Ou um movimento cuidadosamente calculado?
Seus olhos dourados e afiados se estreitaram, avaliando as intenções de sua escrava. A voz dela tremeu ao perguntar:
— P-Por que está fazendo isso…?
Ele ofereceu uma explicação condescendente.
— Você parece não saber o que significa para uma escrava atender ao banho de seu mestre. — Ele inclinou a cabeça, os lábios roçando sua orelha enquanto sussurrava: — Significa oferecer todo o seu corpo para meu prazer.
— …!
Seus lábios desceram até seu pescoço, onde seu pulso tremia sob seu toque. Ele chupou levemente a pele delicada, seus dedos pressionando a curva de suas costas, fazendo seu corpo arrepiar.
— Ah…!
Como se antecipando à sua reação, seus dedos subiram por sua coluna. A cada sucção na pele sensível do pescoço, a cada pressão nos contornos e curvas de suas costas, seu corpo estremecia.
— Você está excitada?
Seus olhos se arregalaram ao perceber tardiamente sua própria resposta. Ela balançou a cabeça rapidamente, quase freneticamente.
— N-Não…
— Não? — Benedict deu uma risada, afastando os lábios do seu pescoço. — Você certamente sentiu algo.
Seu olhar percorreu preguiçosamente sobre ela, pousando sobre o volume de seus seios sob o tecido fino.
Continua …
Tradução: Elisa Erzet