No c* da Cobra - Capítulo 18
As ameaças a silenciaram. Hilde estava completamente perdida, o desespero pesando sobre si enquanto seu olhar percorria a mesa. Ela estava repleta de uma luxuosa variedade de pratos, a maioria, completamente desconhecida para ela.
Pão, sopa e, ocasionalmente, uma maçã murcha haviam sido os pilares de sua existência, aquele banquete era como uma terra estrangeira.
Seus olhos pousaram sobre o prato de prata colocado diante de Benedict. Era fundo e estava vazio.
‘É para servir?’, — perguntou a si mesma.
Um ensopado espesso e uma concha chamaram sua atenção. Hesitante, ela se aproximou lentamente.
— Posso… servir com isto primeiro?
Nenhuma resposta veio, mas parecia que tinha permissão. Com as mãos trêmulas, serviu cuidadosamente o ensopado, se concentrando para não derramar uma única gota. Assim que terminou de encher o prato e se virou para colocá-lo diante dele, uma serpente negra e brilhosa deslizou pelo chão.
— Aah!
Ela gritou, perdendo o equilíbrio. O pensamento de salvar o prato passou por sua mente, mas era tarde demais. Seu corpo tombou para a frente, e ela fechou os olhos. O estridente som do metal contra a pedra ecoou pela sala. Ela se preparou para a dor da queda… mas ela nunca chegou.
‘Não dói…?’
Era estranho. Ela devia estar em agonia, mas não sentia nada. De olhos arregalados, a realidade de sua situação a atingiu em cheio a deixando paralisada. Ela havia caído, diretamente com o rosto no colo do seu mestre.
‘O que foi que eu fiz…?’
— Então, — uma voz fria veio de cima, fazendo seu coração afundar — o que você pensa que está fazendo?
Sabia que deveria se mover, pedir desculpas, limpar a sujeira, mas o medo a paralisava. Finalmente, conseguiu forçar a língua rígida a se mover.
— E-Eu sinto muito… Ngh!
Antes que pudesse terminar de falar, uma grande mão agarrou sua nuca, puxando-a para trás. Não foi doloroso, mas o movimento brusco fez ela estremecer.
Um som molhado preencheu o ar quando o ensopado espesso, grudado entre sua bochecha e a coxa dele, se separou. Benedict, após levantar seu torso à força, zombou:
— Que teatro absurdo. — Olhos dourados e frios, como os de uma serpente, percorreram-na com desdém. — Você achou que seu corpo insignificante poderia conseguir alguma coisa?
— N-não, não foi isso…
De joelhos, ela balançou a cabeça desesperadamente, se lembrando subitamente da serpente.
— Eu vi uma cobra… me assustei…
Seus olhos percorreram o cômodo até finalmente localizar a criatura enrolada em um canto.
Benedict acompanhou seu olhar, um sorriso zombeteiro desenhou em seus lábios.
— Uma desculpa conveniente.
Sua falta de surpresa revelou que ele já sabia da cobra. Olhando para cima, ela perguntou com cautela:
— O senhor… cria ela como um animal de estimação?
— Animal de estimação? — Ele torceu os lábios. — É como se doma um escravo.
Seus olhos dourados brilharam, fazendo-a encolher. Ele estava zangado. Furioso com a escrava que ousara empurrá-lo e cair em seu colo.
— Então faça seu trabalho — ordenou ele, com a voz grave. — Você fez toda essa sujeira.
— S-Sua calça…
Em seu pânico, ela havia esquecido. Procurou desesperadamente algo sobre a mesa para limpar a mancha, a mão alcançando um guardanapo quando seu pulso foi agarrado.
— Mestre…?
— Você acha que isso será suficiente? — A pergunta enigmática fez seus olhos arregalar ainda mais. Seu rosto zombeteiro se refletia na profundidade rosada deles. — Já que estamos aqui…
Enquanto os olhos dela vacilavam, o polegar do homem pressionou seu lábio inferior, separando-os. Um longo dedo indicador e médio deslizaram para dentro, roçando seus dentes antes de encontrar a carne macia em seu interior.
— Sim, essa língua.
— Ngh!
— Use com diligência.
Eram apenas dois dedos, mas a invasão estranha a fez estremecer.
— Faça algo de verdade.
Após um breve deslizar e alguns toques, Benedict retirou os dedos abruptamente.
— Aah… aah…
Ofegante, ela puxava o ar como se tivesse corrido uma maratona. Recuperando o fôlego, olhou para a calça suja. A mancha branca se destacava fortemente sobre o tecido preto.
— Limpe isso.
— Sim…
Uma estranha vergonha aqueceu suas bochechas. Humilhação, desconhecida e inesperada. Ela estava acostumada a insultos e desprezo, então por que uma ordem tão simples a afetava tanto?
— Preciso repetir? — ele pressionou, sua impaciência evidente.
— E-Eu vou fazer agora.
Pegou o guardanapo que vira antes, umedecendo-o levemente. Então, de joelhos, engatinhou entre suas pernas. Seus dedos, segurando o pano úmido, tocaram o tecido apertado.
Começou a limpar a mancha com cuidado meticuloso, seus movimentos tão cautelosos quanto um coelho lambendo uma fonte. Começando pelo joelho dele, foi subindo lentamente.
Concentrada em limpar a mancha, ela não percebeu o tecido se esticando contra a coxa dele, nem a presença crescente por baixo. Quando sua mão alcançou o início do volume, seu pescoço foi agarrado novamente.
Sua cabeça foi levantada para encarar o rosto furioso do Arquiduque. A expressão do homem transbordava intenso desagrado. Parecia capaz de estrangulá-la ou, pior, quebrar seu pescoço. O ar gelado crepitava com uma ameaça palpável, e seus olhos arregalados tremeram.
‘Estava tudo bem há apenas um instante…’
Ela tinha pensado isso. Cometera um erro, mas recebera uma chance de se redimir.
— Por uma simples escrava… — resmungou ele, seus olhos dourados flamejantes. Havia neles um brilho predatório, como se pudesse devorá-la inteira. Seu coração apertou de medo.
(Elisa: Adoro ver ele não conseguindo lidar com a própria ereção 🫣)
‘Fiz algo errado de novo?’
Seus ombros frágeis caíram. Reunindo a pouca coragem que lhe restava, sussurrou:
— Devo… ser mais delicada?
Insegura quanto à sua transgressão, suplicou, seu único desejo era agradá-lo. Mas, quando um sorriso cruel se espalhou pelos lábios de Benedict, sua esperança frágil murchou.
— Totalmente inútil como serva.
Ela não havia pedido por aquilo, nem afirmado que conseguiria, mas permaneceu em silêncio, aterrorizada por sua voz e pela aura feroz. Ela temia o aperto que se intensificava em seu pescoço. A ameaça anterior sobre a curta vida dos escravos ecoava em sua mente.
‘Tenho que viver… Preciso sobreviver…’
As palavras “Me perdoe” ficaram presas em sua garganta, sufocadas pelo medo.
Um sino claro soou. Benedict havia chamado os cervos. Alois, que esperava ansioso do lado de fora, abriu a porta imediatamente.
— Vossa Graça, cham—…?
As palavras do velho mordomo morreram em sua garganta.
Ele observou a prataria espalhada, o ensopado derramado, a calça manchada e a escrava desgrenhada, seus olhos se arregalando em surpresa. Não ousou perguntar o que havia acontecido, a aura do Arquiduque era assustadoramente volátil.
Ele se assemelhava a um predador, eufórico em uma caçada recente. Até Greta se mostrava cautelosa nesses momentos. A experiência ditava que aguardassem a ordem do mestre.
— Limpe isto — ordenou o Arquiduque, soltando a garota tão abruptamente que seu pequeno corpo foi arremessado para o lado.
— Sim, Vossa Graça.
Alois compreendeu que a bagunça não se limitava ao chão e à comida derramada. Ao seu sinal, duas criadas avançaram, levantaram Hilde e a arrastaram, trêmula, para fora da sala.
Continua…
Tradução Elisa Erzet