Meu Amado Opressor - Capítulo 16
[Vossa Excelência, a senhora foi baleada e levada às pressas para um hospital da cidade. Ela está atualmente em cirurgia.]
Os papéis amassaram em sua mão. Um momento de silêncio se passou e Heiner largou os papéis e perguntou de volta brevemente.
“Qual é a situação dela…?”
[Ela está inconsciente, mas não em estado grave. Hum… e…]
“Estou a caminho, perguntarei diretamente ao médico.” – Heiner avisou sem questionar mais sobre o acidente. Seus subordinados, que estavam se reportando a ele no escritório, o olharam com perplexidade.
“Qual hospital?”
[Hospital Luterano de Lanchester.]
Heiner desligou o telefone e apertou o pager. – “Tenha um carro esperando lá embaixo imediatamente.”
Ele se levantou e vestiu o casaco, enquanto isso, seus subordinados se entreolharam na medida em que o rosto do Comandante-Chefe ficava cada vez mais sombrio. – “Ouvirei o relatório mais tarde.”
“Sim, senhor!” – Em resposta à curta saudação do Comandante-Chefe, seus homens levantaram as mãos em saudação.
Sem olhar para eles, Heiner deixou o escritório apressadamente. A cada passo que dava sentia que suas pernas ameaçavam falhar, então cerrou suas mãos trêmulas firmemente em punhos. Tudo o que ouvia parecia um ruído terrível.
Heiner desceu as escadas correndo sem esperar o elevador e assim que entrou no carro estacionado, imediatamente ordenou. – “Hospital Luterano. O mais rápido possível.”
Ele não conseguiu esconder sua impaciência durante todo o caminho até o hospital. Ele vasculhou o bolso e tirou um charuto. Não estava aceso. Heiner inclinou a cabeça para trás com o charuto na boca e os dedos batendo na coxa. – ‘Não se encontra em estado crítico, mas inconsciente.’ – As perguntas óbvias de quem, quando, onde e por que não lhe ocorreram naquele momento.
Só… Ele não se sentia são. Era apenas o relato que ouviu pelo telefone que continuava passando por sua cabeça. Heiner apertou os olhos cansados, sentiu uma pontada no pescoço e tocou-o involuntariamente, mas não houve alívio. O carro logo chegou em frente ao hospital. Ele jogou seu charuto apagado no cinzeiro e saiu.
Ele entrou rapidamente no hospital e foi à recepção. – “Annette Valdemar. Paciente com ferimento de bala.”
“Uh… sim! Sim, senhor. Hum, para o A-4—Walter! Guie este cavalheiro!” – Um membro da equipe saiu correndo dos fundos e o levou para o quarto, Heiner o seguiu silenciosamente com uma expressão sombria.
Assim que entrou no quarto privado, o médico o seguiu. A testa do médico estava coberta de suor, como se tivesse corrido até ali após receber a notícia de que o Comandante-Chefe havia chegado. – “Janice Schulze. É uma honra conhecê-lo, Vossa Excelência.”
Heiner não olhou para o médico, mas para Annette, que estava pálida. Seus olhos traçaram o corpo dela obsessivamente. Ele não percebeu que seu rosto estava perturbado.
“Como ela está?”
“Ela foi transportada para cá rapidamente e o ferimento não era profundo, então removi a bala sem complicações. O ferimento curar em pouco tempo.” – O médico hesitou, procurando as palavras apropriadas. No entanto, Heiner estava dando a Annette toda a sua atenção e não percebeu os sinais. – “No entanto, não sei se Vossa Excelência sabia, mas a Senhora…”
“…”
“…Ela estava grávida…”
“…”
“Ainda era recente, mas infelizmente ela sofreu um aborto espontâneo. Espera-se que o ferimento cure rapidamente, mas pode haver algumas sequelas do aborto espontâneo…”
“…O quê?” – Heiner virou a cabeça abruptamente e perguntou tardiamente. – “O que acabou de dizer?”
“Ah, hum, a Senhora Valdemar teve um aborto espontâneo…”
“Ela estava grávida?”
“Sim, sim. Cerca de 11 semanas… Estava sangrando lá embaixo quando a trouxeram e foi por isso que ela perdeu a consciência.”
Heiner ficou parado e não disse nada.
O médico acrescentou hesitantemente. – “Sinto muito, senhor, mas na minha opinião… este incidente tornará difícil para a senhora engravidar novamente no futuro.”
“….”
“O corpo dela é frágil, então, mesmo que desse à luz, acho que seria difícil ter outro filho.”
Heiner ouviu o médico sem respirar direito. As palavras que saíam da boca do médico pareciam um pesadelo. – Grávida… Ela está grávida? Aborto espontâneo? – As duas palavras colidiram vertiginosamente.
Heiner virou a cabeça novamente, atordoado. Seus olhos cinzentos tremeram enquanto ele olhava para Annette. No passado, ela queria desesperadamente ter filhos. Ela não desistiu, mesmo quando os médicos descobriram que seria difícil para ela conceber.
Durante o primeiro ano de casamento, eles frequentemente passavam a noite juntos e, mesmo depois da revolução, Annette procurava a companhia dele. Talvez ela tivesse esperança de conceber. Uma fantasia vã de que, uma vez que tivessem um filho, as coisas voltariam a ser como antes.
Mas, apesar dos esforços de Annette, nos últimos quatro anos ela nunca engravidou. Naturalmente, a questão relacionada à criança não mais surgiu. Heiner tinha uma vaga suspeita de que ela era infértil.
No entanto, ela estava grávida. Annette.
’11 semanas…?’
Essa foi a última vez que eles tiveram relações íntimas. O motivo era que Annette nunca mais havia visitado seu quarto pouco antes e depois de ter tocado no assunto do divórcio.
E bem agora, dentre todo esse tempo… Foi má sorte, como se alguém tivesse lhes pregado uma peça ruim. Má sorte era a única explicação.
Heiner repassou a cadeia de eventos do acidente repentino com uma mente afiada. Annette estava grávida. Ela abortou. Ela nunca mais conseguirá engravidar… Seus pensamentos amassaram como papel. Não eram nem coerentes nem racionais.
Heiner tocou a boca com a mão trêmula. – “…Certo… Entendi.”
“A madame acordará em breve. Os subprodutos no útero serão excretados naturalmente.”
“Subprodutos…?” – Era uma palavra extremamente seca que não soava nem um pouco como vida que havia ali. Heiner achou a palavra muito ofensiva, mas não sabia o porquê.
“Mas se o sangramento não parar ou ela sentir dor, pode precisar passar por uma cirurgia para remover os subprodutos.”
Heiner tentou absorver cada palavra que o médico dizia, mas não tinha certeza se sua mente estava funcionando. Ele teve muita dificuldade para abrir os lábios quando ouviu sobre as possíveis consequências de um aborto espontâneo.
“Por favor, não deixe que a informação sobre o aborto vaze.”
“Sim, Excelência. Tem mais alguma pergunta ou necessidade?”
“…Minha esposa geralmente tem insônia, mas parece que piorou recentemente. Isso está relacionado à gravidez?”
“Varia de mulher para mulher, mas há muitos sintomas possíveis durante os primeiros estágios da gravidez. Se ela já tinha insônia, isso poderia piorar.”
Ele não conseguia se lembrar exatamente quando a insônia de Annette piorou. Tinha feito um esforço consciente para não saber. Heiner cerrou os punhos e perguntou em voz baixa: – “Ela pode continuar tomando os medicamentos que está tomando?”
“Se ela tem tomado até agora, então deve estar tudo bem.”
“Pode dar uma olhada? Se houver um remédio melhor, por favor, prescreva.”
“Farei isso, senhor. Se houver mais alguma coisa que precise, por favor, me avise a qualquer momento.”
“Sim, obrigado.” – O olhar de Heiner ainda estava fixo em Annette enquanto ele respondia calmamente.
“Então…” – O médico olhou para as costas largas do Comandante-Chefe e saiu do quarto. Sentindo que não deveria fazer barulho por algum motivo, fechou a porta silenciosamente.
“Ufa.” – O médico enxugou o suor da testa e ajustou o jaleco. O jovem Comandante-Chefe dos rumores era mais mortal do que ele esperava. Era um homem notavelmente bonito, mas com uma aura avassaladora.
Sua esposa também era uma das mulheres mais bonitas de Lanchester, mas as fotos não lhe faziam justiça. Embora as histórias sobre eles fossem horríveis, o casal realmente parecia bem juntos… E a forma como ele olhava para sua esposa… Lembrando da expressão do Comandante-Chefe, o médico inclinou a cabeça. – ‘Não disseram que os dois tinham um relacionamento ruim?’.
***PASSADO/ MEMÓRIA***
“Heiner.” – Annette moveu os lábios, em pé na frente do quarto de Heiner enquanto segurava a lamparina, a luz pálida iluminava o rosto angular de Heiner. – “Você está ocupado hoje? Se não…” – O final de sua voz tremeu levemente.
Heiner sabia muito bem o que Annette queria. Ela o visitara e exigira intimidade inúmeras vezes nos últimos três anos, mas ele não estava acostumado a essa estranha expressão de vergonha.
Heiner olhou para ela em silêncio. Annette mordeu o lábio inferior, pois se sentiu sufocada sob aqueles olhos cinzentos.
‘Se não gosta de mim, é só me dizer. Se não gosta, recuse. Não me beije, não me abrace, apenas se livre de mim.’ – As palavras que chegaram ao fim de sua garganta foram engolidas novamente.
Annette abaixou a cabeça e agarrou a saia. Ela não queria que ele dissesse ‘não’. Não queria que ele a recusasse. Não queria que a expulsasse. Ela queria tocá-lo. Sabia que o relacionamento deles já estava quebrado, mas somente quando ele a abraçava sentia que tudo estava bem… apesar do fato de que, após o fim da intimidade, a miséria permanecia como um resquício.
Os olhos cinzentos de Heiner a examinaram de cima a baixo e seu olhar alcançou os seios dela que se revelavam entre o vestido solto.
A mão de Annette segurando a bainha do vestido tremeu levemente. Com um último olhar para a mão dela, Heiner silenciosamente a guiou para dentro o quarto. A porta fechou silenciosamente.
Annette entrou, sua forma lentamente engolida pela escuridão. Lá dentro, apenas uma lâmpada incandescente estava acesa, não muito brilhante. Heiner andou até lá e apagou a luz. Em um instante, o quarto escureceu.
Ele sentou-se na beirada da cama e Annette se aproximou dele e tirou seu vestido, o tecido macio caindo facilmente de seus ombros.
Heiner a segurou delicadamente e a deitou na cama. Seus corpos estavam pressionados juntos. Mãos grandes e quentes envolviam sua cintura nua. O calor do corpo dele era vividamente sentido na escuridão total. Ouviu-se o som dele tirando as roupas, que caíram no chão, e sua pele nua roçou a dela.
Annette fechou os olhos com força.
Não houve conversa. Sensações eram tudo o que havia.