Meu Amado Opressor - Capítulo 15
Depois de retornar de Glenford, Annette não viu Heiner por quase uma semana. Não foi grande coisa, pois eles mal se encontravam desde que ela pediu o divórcio. A residência oficial era grande, então cada um vivia sua própria vida a menos que um deles procurasse o outro primeiro.
Depois da revolução, o papel de ir até o outro era principalmente de Annette. No entanto, as coisas mudaram um pouco depois da menção do divórcio. Para Annette, não havia razão para procurá-lo primeiro, a menos que fosse sobre o divórcio.
Do quarto era possível ouvir os pássaros cantarem alto do lado de fora da janela. Annette colocou os documentos que detalhavam suas doações em pastas e abriu o cofre no armário. Após colocá-las no cofre, tirou uma caixa de joias. Colocando as joias que havia guardado na caixa em um saco de papel, ela apertou o pager e logo um criado entrou na sala.
“Senhorita Ritzburg, tenho um favor a lhe pedir: vá ao joalheiro mais próximo…”
“Sim, senhora.”
“….”
“Continue, senhora.” – Quando Annette não falou, a serva olhou para ela com perplexidade.
Depois de pensar em algo por um momento, Annette sorriu fracamente e balançou a cabeça. – “Não, eu mesma irei até lá.”
“Se quer comprar joias tenho um catálogo…”
“Darei uma olhada pessoalmente na loja, poderia chamar um motorista?”
“Tudo bem.”
Assim que a criada saiu o sorriso desapareceu do rosto de Annette. Ela trocou de roupa e colocou seu chapéu que continha um véu que escondia seu rosto. Colocando as luvas calçadas, Annette saiu do prédio com o saco de papel. Naturalmente, um atendente a seguiu e abriu a porta do banco de trás.
Depois de entrar no carro, Annette perguntou ao motorista. – “Há alguma joalheria por perto que esteja desocupada?”
“Ah… que tal a Huffine Joalheria? Mas a loja fica num beco, então terei que estacionar o carro na rua principal e precisará caminhar um pouco.”
“Sem problemas. Por favor, vamos até lá.”
Como o motorista foi anteriormente um cavaleiro que acompanhava damas nobres, tinha conhecimento sobre joalheiros. O homem girou habilmente o volante e
virou na rua. Em pouco tempo, o carro parou em um lado do bulevar.
Annette se viu em um beco cheio de lojas e quando chegou na frente da Huffine Joalheria, o atendente disse: – “Estarei esperando aqui fora, senhora.”
Annette assentiu levemente com a cabeça e entrou na loja.
“Bem-vinda.” – O joalheiro cumprimentou a cliente em um tom um tanto insincero.
“Quero me livrar de tudo.” – Annette disse enquanto colocava uma sacola de papel no suporte de exposição.
“Talvez tenha recebido uma avaliação de outro lugar primeiro?”
“Não.”
O joalheiro olhou dentro do saco de papel e colocou os óculos. – “Por favor, espere um momento.”
A quantidade de joias não era muita. Todos os bens da família Rosenberg foram apreendidos e Annette, que pertencia a Valdemar, foi forçada a doar a maioria de seus bens pela opinião pública.
O motivo pelo qual ela repentinamente se desfez de seu fundo de emergência ou de suas joias foi simples: para evitar uma situação em que, algum dia após sua morte, as joias aparecessem nos jornais ou seriam leiloadas sob o nome de “Joias da filha de Dietrich”.
Enquanto o joalheiro avaliava as pedras preciosas, Annette olhou para as joias em exposição. Ela sempre amou joias. Não porque eram caras, mas simplesmente porque brilhavam.
Heiner conhecia o gosto de Annette por essas coisas, então em todos os encontros passados juntos, ele sempre comprava algo brilhante e colocava na mão dela. Joias, pedras, artesanatos de vidro-
“Você sabia que tudo que há em meu quarto agora são presentes seu? Posso acabar sufocando neles.” (A)
“Não são tantos assim.” (H)
“Será que esse pode ser seu grande plano? Me soterrar de presentes até a morte?” (A)
“Pode ser. Se depender de mim, viverá cercada por todos os tipos de coisas brilhantes.” (H)
“Haha, isso é uma proposta de casamento?” (A)
“Vamos fazer o pedido de casamento ainda mais legal do que isso.” (H)
A memória a fez lembrar de que houve um tempo em que ela sentia o mundo um pouco mais brilhante quando estava com ele.
Annette colocou a mão levemente no suporte de exposição e olhou para dentro com olhos secos. O lugar todo era deslumbrante e brilhante, mas agora ela não se sentia deslumbrada.
“Terminei, senhora. Por favor, verifique este orçamento.” – O joalheiro, que havia terminado a avaliação, apresentou rapidamente os preços de cada item.
“No total, posso lhe dar 2.300 libras. Tem alguma pergunta?”
“Aceito.”
“Ah, sim. Entendido.” – A voz do joalheiro estava um tanto relutante.
Annette desviou o olhar da mesa com um olhar de desinteresse. Não importava o preço. Na verdade, quanto menor, melhor.
De repente, o anel de diamante em seu dedo anelar chamou sua atenção. O diamante era maior e mais bonito do que qualquer uma das pedras preciosas em exposição. Era a aliança de casamento que Heiner lhe dera quando a pediu em casamento.
Annette tirou o anel e o entregou ao joalheiro.
“Poderia me dizer quanto vale esse anel de diamante? Eu gostaria de me livrar dele também.”
“Livrar-se disso?” – O joalheiro examinou o anel e perguntou surpreso.
“Huh… Só ele custaria mais de 7.000 libras. Sinto muito, mas não temos condições de pagar por isso. Receio que terá que ir a uma joalheria maior.”
“…Entendo.” – Recebendo o anel, Annette o colocou na bolsa depois de alguns momentos de reflexão.
O dono contou o dinheiro e entregou a ela um envelope contendo o pagamento e Annette saiu da loja sem confirmar o valor. O atendente que esperava na porta logo a seguiu. Annette saiu lentamente do beco.
Duas mil e trezentas libras. Não era uma quantia pequena. As joias não eram grandes, mas eram todas de alta qualidade, então era esperado. – ‘Mas somente esse anel custa 7.000 libras…?’ – Mesmo em seus dias de solteira, ela nunca teve uma joia dessa magnitude. Heiner achava que só poderia satisfazê-la pedindo-a em casamento com um anel caro?
Era um retrato natural do que ele devia pensar dela. Uma mulher tola, nascida em uma família poderosa, que não sabia nada sobre o mundo. Uma mulher vaidosa que cresceu com tudo que queria e desfrutava de tudo o que desejava.
‘Isso não está errado.’ – Annette pensou consigo mesma e virou para a rua principal. Olhando ao redor, viu um carro parado no acostamento, mas virou a cabeça novamente para um olhar que encontrou de repente.
Um homem estava parado sob um poste de luz. O jovem, que parecia ter no máximo vinte e poucos anos, estava olhando para ela. Seus olhos encontraram os dela, mas ele não evitou seu olhar. – ‘Ele está olhando para mim?’ – Annette se perguntou se ele talvez soubesse quem ela era e rapidamente colocou seu chapéu. Mas os olhos do homem ainda estavam fixos nela. Algo estranho e intenso passou por eles.
Aqueles olhos… Lhe davam arrepios.
Horrorizada, Annette recuou involuntariamente, seus instintos a alertavam para correr. Naquele momento, o homem puxou algo da cintura. Na luz do sol, a cor prateada brilhava em forma de cruz. A luz estava apontada para ela.
A série de ações pareceu muito lenta.
Annette instintivamente virou-se para seu atendente. Surpresa se espalhou pelo rosto do homem, que levantou a mão.
Pow!
Um tiro passou. O atendente agarrou seu ombro.
Pow!
Uma sensação de queimação foi sentida na lateral de seu abdômen. Annette congelou por um momento, respirando com dificuldade. O atendente escondeu Annette atrás dele e sacou uma pistola.
Bang! Bang!
Tiros ecoaram pelas ruas ao meio-dia. O atendente, que estava trocando tiros com seu oponente, empurrou Annette para a frente do veículo, escondendo-a. Seu andar cambaleante desmoronou.
“Fique escondida!”
Annette se agachou na frente do carro e ofegou. Um calafrio subiu do chão. Seus ombros tremeram erraticamente.
“A senhora está bem?” – O motorista saiu do carro e correu para verificar o estado dela. Quando olhou para baixo arregalou os olhos. – “Meu Deus, senhora!”
Seus lábios tremiam. Annette levantou lentamente a mão que segurava seu abdômen. Sangue vermelho pingava de sua palma. Uma dor aguda surgiu e Annette estremeceu enquanto apertava seu estômago.
“Senhora… por enquanto… para o hospital imediatamente…”
A voz do motorista sumia e voltava como um rádio com defeito, quebrando de tempos em tempos. Annette ofegava para respirar. Sua cabeça estava pesada e distante, como se estivesse imersa em água. Ela recuou contra a carroceria do carro com o apoio do motorista e quando finalmente levantou a cabeça, o céu azul profundo preencheu seu campo de visão.
Era deslumbrante.
O motorista ao lado dela disse algo, mas não ouviu. Annette soltou um suspiro fino e pensou preguiçosamente. – ‘Se eu tivesse levado o tiro na cabeça…’ – Então ela poderia ter morrido imediatamente sem dor.
Os olhos dela piscaram. Era estranho. Certamente o ferimento de bala estava em sua costela, mas uma dor terrível cobria todo o seu abdômen inferior. Era como se tivesse sido quebrado em pedaços. Era assim a sensação de ser baleada? Ela não sabia, pois nunca tinha se machucado assim em toda a sua vida. Seus dedos, pendurados no chão, tremiam sem parar.
“…! Senhora!”
Suas pálpebras estavam pesadas. Suor frio escorria por suas têmporas. O som dos tiros estava gradualmente desaparecendo de seus ouvidos.
Heiner disse que foi ferido muitas vezes durante suas missões. Três destas vezes foram ferimentos de bala. Ele sentiu tanta dor assim? Ele havia experimentado esse tipo de dor tantas vezes que a dor dela pareceria nada em comparação?
O pensamento não foi mais longe.
Annette desistiu de segurar sua consciência e as luzes piscantes na frente de seus olhos eventualmente ficaram pretas. Uma cena surgiu da borda de sua consciência como se estivesse sendo filmada. Era o rosto do homem que atirou nela. Seus olhos, quando estava apontando a arma para ela sem hesitação, a emoção que brilhava intensamente… Era um ódio claro.