Noites de Caos (novel) - Capítulo 43

Tradução: Gab
Revisão: Aeve

Yuljae a acompanhou à casa de banho de Jihak pois suas roupas estavam encharcadas de neve. Ela não sentia os pés congelando dentro das meias, mas não sabia o porquê. Desde que se despediu de Yongi, esteve em transe o tempo todo, então não percebeu a situação.

“Foi uma ordem do Milord. Você precisa se aquecer antes de visitá-lo.” — Yuljae deixou uma peça de roupa dobrada e saiu do banheiro.

Gotas caindo do teto ecoavam como se estivesse em uma caverna. Eun-Ha tirou a roupa em meio ao silêncio sufocante e sentiu um formigamento nos pés congelados. Só havia visitado aquele lugar duas vezes antes, mas parecia a primeira. Pensou se realmente era certo estar naquele lugar precioso, porém quando se lembrou do que tinha acontecido da última vez, entrou na banheira. A água morna tocou os dedos dos seus pés, depois os joelhos, as coxas, o umbigo, até o peito, nesta exata ordem. Ela juntou os joelhos dentro da água quente.

‘Vamos fugir, Eun-Ha.’ — Perguntou-se por que sua irmã dissera aquilo. A irmã mais velha que ela conhecia era uma mulher gentil, mas forte, que se mantinha firme apesar do medo. Porém, fugir significava que estava cansada. Elas sempre haviam vivido em Harye. Eun-Ha, que nunca sequer considerara deixar sua cidade natal, ficou surpresa ao ver Yongi chorar.

“Eu vou resgatá-la da casa das cortesãs e, depois, poderemos levar uma vida normal em Harye.”

“Não, isso não é permitido. Eun-Ha… Eu quero sumir daqui. Quero viver num lugar onde
ninguém me conheça.” — Ela queria viver de forma isolada.

Ao inclinar a cabeça para trás para olhar o teto, havia desamparo em seus olhos e, quando seu corpo se aqueceu, Eun-Ha saiu da banheira. Embora tivesse a permissão de Jihak, ela não queria parecer descarada.

A roupa que Yuljae lhe deram, era um sokjeoksam* masculino vermelho. Não fora feito de um material delicado, então provavelmente pertencia a Jihak. Depois de torcer o cabelo úmido, sentou-se diante do espelho para penteá-lo. O reflexo revelou uma garota esbelta, vestida com trajes masculinos.
(*N.T: camiseta que faz parte do hancok masculino.)

‘Por que ele é tão legal comigo? Sou um como um enfeite para ele?’ — Eun-Ha largou o pente. Ela já sabia que, embora ele conseguisse abrir os olhos, não enxergava. — ‘Mas para mim, o Milorde não parece ser cego.’

No momento em que soltou o lábio que havia mordido inconscientemente, a crosta grudada na ferida rachada caiu e o sangue jorrou para dentro de sua boca. Ela saiu do banheiro, suas roupas eram tão largas que parecia uma criança vestida em roupas de adulto, mas não havia o que reclamar. Ao chegar aos aposentos de Jihak, Yuljae abriu a porta e, novamente, a janela estava aberta. O

Milord usava uma jaqueta grossa sobre os ombros, seu olhar fixo na montanha coberta de neve. — “Você se aqueceu?”

“Sim, Milorde.”

“Deixarei a janela aberta hoje também. O que pretende fazer?”— Seus olhos escuros se voltaram lentamente para ela. Havia uma chaleira no fogão.

“O senhor quer que eu suba em seu colo?”— ela perguntou a Jihak enquanto se aproximava dele.

Jihak sorriu levemente enquanto ela se posicionava entre suas pernas e, só então, a abraçou. — “É bom que o seu corpo esteja aquecido.” — Ele enterrou os lábios no pescoço dela.

“Irei começar a ler o livro, Milorde.”

“Sim.”