Noites de Caos (novel) - Capítulo 33
Tradução: Gab
Revisão: Aeve
A casa das cortesãs estava em alvoroço quando Shihoon abriu a porta. As cortesãs escondiam bem suas expressões, mas ficaram azuis ao verem o semblante confiante de Yongi. Se a senhora soubesse que ele havia chegado com uma cortesã, os servos seriam espancados. Park, que havia arrumado a mesa de chá, olhou para os aposentos do Jovem Mestre. Guardas escoltavam a porta, temendo que o boato vazasse, mas ele permitiu que ela entrasse em seus aposentos e fechou a porta. Quando o assistente viu as botas de seda azul na sala de estar, pensou que havia chegado a hora, então, escondeu-as cuidadosamente. O serviçal, que consumia o que estava na mesa de chá, confirmou que ninguém havia visitado a casa das cortesãs naquele dia.
***
“Diga-me.” — Shihoon tirou o chapéu.
Yongi olhou para baixo. — “Eu não deveria estar aqui… Se o boato se espalhar, será um grande problema.”
“Então vá embora, foi você quem me pediu para falarmos a sós.” — A cortesã sentiu uma dor no coração quando a atitude de Shihoon mudou. Suas mãos formigaram,, pois fora sua irmã quem o havia transformado em um homem rancoroso.
“Jovem Mestre… A Senhora está preocupada com o senhor.”
“Por quê?”
“Já deve ter adivinhado, mas Eun-Ha passou por muitas dificuldades. Quanto mais atenção dá a ela, mais sua mãe a odeia.”
Shihoon cerrou os punhos, surpreso. Nunca tinha ouvido falar disso.
Yongi franziu a testa pois ele parecia abismado. — “Como não sabe? Sua mãe quase fez com que ela se tornasse cortesã.”
“Mas não consigo esconder como me sinto.”
Yongi olhou-o diretamente nos olhos. — “Como um nobre poderia amar uma mulher de classe baixa? O senhor tem até uma noiva…”
“Não é esse casamento que eu quero!”
“Mas Eun-Ha não é um brinquedo!” — Yongi tinha lágrimas nos olhos.
Shihoon ficou angustiado ao saber que Eun-Ha quase foi transformada em uma cortesã. Se ela não tivesse encontrado um emprego na hora certa, um homem desconhecido poderia tê-la roubado dele e a tornado uma cortesã. — ‘Foi por isso que recusou os sapatos de seda? Por isso não pediu minha ajuda?’
Shihoon olhava envergonhado para o rosto de Yongi enquanto ela o questionava duramente, o culpando pelo ódio da mãe. — “Pare! Pare com isso! Não me diga isso…”
Yongi respirou fundo. Parecia que ia nevar. A luz das velas que iluminava o quarto tremeluzia, de modo que suas sombras se refletiam no teto.
“Pense com clareza.” — A cortesã agarrou o braço do Jovem Mestre. — “O senhor estava empurrando a Eun-Ha para a morte.”
“Sim, a culpa é minha! Mas farei qualquer coisa para reparar meus erros. Mesmo que eu tenha que abrir mão dos meus sentimentos por ela.” — Shihoon, que tocava o rosto dela com as duas mãos, abaixou a cabeça.
Ao ver a reação dele, Yongi conteve as lágrimas. Queria reprimir seu coração, pois sentia pena.
“Ela esteve em meus pensamentos desde a primeira vez que a vi. Eu queria educá-la para que pudesse entrar em um bom lar como filha adotiva. Tinha o sonho de que um dia ela seria minha… Já se passaram 10 anos.”
Yongi sentiu seu coração se partir. — “Entendo como se sente. Pode me culpar.”
Shihoon tocou o rosto dela, cujas lágrimas ainda não haviam secado, e então, agarrou seu queixo com força. Seu ressentimento se transferiu para suas mãos. — “Sim, você é a culpada.”
“Jovem Mestre…”
“Então, vai tomar o lugar dela? Se meus sentimentos por Eun-Ha forem apenas compaixão, posso direcioná-los a você. Irá me permitir tratá-la como um brinquedo?”
Seu olhar perplexo se transformou em irritação, então Yongi protestou. — “Se acalme. Não erre ainda mais.”
“Sou um pecador desde que nasci.” — Ele abaixou a parte superior do corpo, mordeu os lábios vermelhos com força e abriu as pernas dela com os joelhos. Então ele sussurrou: — “Somos muito parecidos, não acha?”