Noites de Caos (novel) - Capítulo 32
Tradução: Gab
Revisão: Aeve
Vapor quente subia pela fresta da pesada tampa. A mulher de avental a abriu para retirar os bolinhos fofinhos cozidos no vapor. Yongi, que estava a caminho da livraria, parou ao ver a cena e seus passos se tornaram tensos enquanto ela contemplava a visão caótica.
Os olhos da mulher se arregalaram ao vê-la. Yongi não compartilhava seu corpo com qualquer homem. Dançava para funcionários de alto escalão, às vezes entretendo-os com poesia. Portanto, era como uma nobre dama. Os moradores da cidade a apreciavam, pois os nobres que visitavam a vila para comprá-la gastavam muito dinheiro. Depois de cumprimentá-la, Yongi seguiu até a livraria.
Ela pegou uma carta. — “Tem alguém aí?”
Toc toc
Sir Song, que estava limpando os óculos, aproximou-se dela. — “Ah, a Yongi chegou.”
“Posso entrar?”
“Sim. O jovem Mestre Shihoon está lá dentro.”
Yongi virou a cabeça em direção ao canto onde sentia a presença dele. Shihoon, que acabara de largar o livro, estava parado com uma expressão fria. Ela se aproximou com a cabeça baixa, envergonhada.
Ela usava sapatos de seda azulada, uma chima jeogori* de algodão com camadas grossas e um cachecol luxuoso; não parecia uma cortesã. Os olhos do Jovem Mestre se arregalaram ao vê-la, pois ela usava os sapatos de couro que ele havia dado a Eun-Ha.
(*N.T: roupa tradicional para mulheres coreanas, que consiste em uma saia chima e um top jeogori. Não é um traje nacional em si, mas uma tipo de hanbok, a vestimenta tradicional coreana.)
“Olá, Jovem Mestre.”
Shihoon assentiu com um sorriso frio. — “Olá.”
A moça sorriu forçadamente diante da reação incomum. —”O senhor pediu que a Eun-Há me entregasse esses sapatos? Não era necessário, mas obrigada.”
“…Foi isso que ela te disse?”
Seu coração acelerou diante daquela resposta seca.
Ela se aproximou do dono novamente. — “Poderia entregar esta carta para Eun-Ha?”
“Sim. Entregarei a ela em quatro dias.”
“Obrigada.”
Sr. Song ficou perplexo ao ver o Jovem Mestre encarando Yongi. Como ele gostava de Eun-Ha, então presumiu que gostasse da irmã mais velha também. Mas o que via em seus olhos era desprezo, uma expressão estranha no rosto do estudioso mais gentil de Harye.
Yongi sacou cinco nyang. — “E, no caminho, compre pelo menos um doce. Ela gosta de doces.”
“Não se preocupe, comprarei.”
“Não sei quem é o senhor que está servindo, mas quero dar um presente a ele.” — Yongi decidiu não contar a ninguém que o vira. Jo Youngho, cujo pau e bolas haviam sido cortados, tinha reunido vários homens para procurá-lo. Se o boato de que ela vira o homem se espalhasse, o senhorio da Eun-Ha estaria em apuros.
“Eu entregarei a eles o livro e a carta.” — As palavras de Shihoon a surpreenderam. Sr. Song também ficou surpreso, não sabia o que fazer.
“O que quer dizer?”
“Onde é? Quem é esse homem? Eu irei até lá. Me entregue.”
“Eles poderiam cortar sua cabeça!”
“Não importa.”
“É que…”
“Me entregue.” — A teimosia de Shihoon não era normal. Ele não tinha o olhar puro de sempre, mas sim os olhos de uma fera faminta.
‘Oh céus. Então os rumores eram verdadeiros?’ — Pensou o bibliotecário.
Yongi, então, interveio. — “Por que está incomodando o sr. Song com isso?”