Noites de Caos (novel) - Capítulo 22
Tradução: Gab
Revisão: Aeve
Diante do ar de autoconfiança de Jihak, o Ministro da Defesa se curvou. – “É um prazer vê-lo, Vossa Alteza. Este humilde servo se chama Yoon Jongshin, chefe das forças militares.”
“Ah, você não era meu sogro?”
“Sim. Perdi minha filha, Sua Alteza, a Princesa Herdeira, há vários anos. Ainda sinto uma dor profunda… Lamento não ter passado mais tempo com ela.”
O príncipe deposto ergueu o copo vazio que Yuljae lhe entregou na direção da voz.
O Ministro da Defesa olhou ao redor, aproximou-se dele com uma garrafa de bebida alcoólica e a inclinou. Um licor límpido encheu o copo de porcelana branca em um respingo.
Ele olhou para Jihak com olhos trêmulos, mordendo os lábios enrugados. Ela foi a primeira filha que segurou em seus braços. Uma linda menina. Embora a tenha entregado em casamento ainda jovem, o Ministro não esperava que sua vida terminasse tão prematuramente. Em nenhum momento a garota recebeu o amor ou o apoio do pai. Ele ainda não havia superado sua perda.
“Aproveito a oportunidade para expressar meus pêsames, sogro. Sinto muito por não ter feito isso na época. Bem, não vamos mais falar disso. Por que não me servem um pouco de álcool em meu copo? Não consigo enxergar, então desconheço quem está aqui. Agradeceria se dissessem seus nomes enquanto tomamos uma bebida.”
Todos tremeram de medo ao ouvir as palavras de Jihak e engoliram secamente a saliva. A reunião de hoje era ultrassecreta. Portanto, assim que a dona da casa de cortesãs informou sua chegada, três deles fugiram em pânico.
Lee Cham, que observava-o fitar o vazio com o copo erguido, foi o primeiro a criar coragem. – “Vossa Alteza, este humilde servo que vos fala é o Vice-Ministro da Justiça. Sou subordinado ao Park Myunreo. Como tem passado?”
“Não tão bem quanto você, Lee Cham. Quem é o próximo?”
Um após o outro, eles revelaram suas posições e nomes enquanto serviam álcool a Jihak, o qual ouviu seus nomes enquanto bebia. Depois que todos se apresentaram, as cortesãs sorriram, tocaram seus instrumentos, dançaram e fizeram uma apresentação sedutora. No entanto, a dona da casa de cortesãs não colocou nenhuma delas com Jihak. Pois já sabia o que aconteceria se fosse contra a vontade dele, mesmo que sem intenção.
“A propósito… posso ser cego, mas ouço perfeitamente. Meus homens me disseram que há alguns insetos conspirando contra mim. Vocês sabem alguma coisa sobre isso?” – Jihak então tomou outro gole da bebida.
Aqueles que já estavam aproveitando o espetáculo se entreolharam e pigarrearam. – “Não sei que verme ousaria fazer isso… a razão pela qual, nós humildes servos, nos reunimos aqui hoje, foi para discutir qual seria um bom dia para visitar Vossa Alteza.”
“Entendo. Agradeço que pense em mim, mas não me interesso mais por política. Agora que deixei meu cargo de príncipe herdeiro, não há motivo para buscar riqueza ou glória. Estou satisfeito com mulheres e álcool.”
“Hehe, é verdade! Não acham, companheiros?” – O oficial riu como se tivesse uma faca dentro da boca. As pessoas reunidas ali não confiavam em nele, e ele também não confiava em nenhuma delas. Ambos os lados tentaram enganar um ao outro com bajulação e eloquência plausíveis. – “Darei uma preciosa seda à primeira prostituta que ficar nua.”
Quando a tensão pareceu diminuir consideravelmente, o oficial Lee Cham recostou-se nos braços de uma cortesã e ergueu seu copo para Jihak, que bebia sem parar. – “Vossa Alteza, é uma pena que só possa se deliciar com sons.”
“Kyahh, senhor!” – Além das risadas sedutoras e envolventes das cortesãs, um ar de perigo pairava sobre os oficiais. Eles lançaram olhares furiosos para o oficial bêbado e puseram as mãos nas adagas em suas cinturas. Aqueles que rangiam os dentes com os rostos vermelhos de raiva eram os que ainda temiam Jihak.
O príncipe deposto riu do comportamento falso deles. Embora pudesse enxergar tudo, fingia não ver nada. Quantos tinham certeza de que ele estava fingindo ser cego? 80%? Ou 50%? – “Falando em sons, me veio à mente a leitora que está comigo… Ela é uma menina muito fofa… Vocês sabem o que ela lê para mim à noite?”
Todos engoliram a saliva secamente e se concentraram em sua serena voz. Pareciam meio curiosos, meio assustados. Era como se suas preocupações tivessem sido cortadas com uma faca e expostas diante de seus olhos.
“Gostaria de contar, mas deixo o resto para a sua imaginação. Eu só conheço a voz dela, então posso apenas imaginá-la… Mesmo assim, estou muito feliz por tê-la conhecido. Ela me dá um tipo de prazer diferente.” – Jihak sorriu, fechou os olhos e levou o copo à boca. Naquele momento, derramou a bebida deliberadamente em si mesmo.
Surpresa, uma das cortesãs levantou a barra da saia e imediatamente pressionou a área molhada. – “Senhor, deixe-me limpar…” – Porém, assim que a espada atingiu sua garganta, seu belo rosto ficou pálido como um cadáver.
Um silêncio pesado envolveu o salão. Foi Yuljae quem sacou a espada.
“E-eu sinto muito.” – A cortesã recuou lentamente com uma expressão assustada e se escondeu atrás de outro nobre.
Só então um sorriso travesso surgiu no rosto de Seo Jihak enquanto limpava a parte inferior molhada de suas roupas. A loucura refletia-se em seus olhos ao examinar os presentes. – “Bem, não deveríamos continuar aproveitando o álcool da casa das cortesãs? Alguém quer disputar comigo? O que acham?”
***
Após Yongi carregar Jo Youngho, cujas bolas foram cortadas, até dois guardas, ela voltou para seu quarto, tirou suas roupas e limpou o sangue de seu corpo.
O homem que cortou o coque de Jo Youngho na frente dela não era uma pessoa comum. – ‘Mas como um homem daqueles conhece a minha irmã mais nova? Chamou-a de ‘minha’ sem hesitar e parecia amá-la… Não é hora de pensar nisso.’
Assim que Yongi terminou de se arrumar, saiu da casa das cortesãs, vestida com um robe grosso e um chapéu. Dois guardas da proprietária começaram a segui-la de repente. – “Por que estão me seguindo? Tenho a permissão da senhora!”
“É uma ordem da senhora.”
“O quê?”
“Ela nos encarregou de proteger a ‘Flor de Buyeong’, então apenas obedecemos às suas ordens. Pode continuar indo aonde ia.”
Yongi parou e sorriu amargamente. Para ir à casa de Shihoon, tinha que virar à esquerda, e para ir à livraria, tinha que virar à direita. – ‘Se eu virar à esquerda, Eun-Ha deve estar lá, mas aí…’ – Ela não queria que a senhora descobrisse a localização de sua irmã, então caminhou para o outro lado sem pensar muito.
Quando chegou à frente da livraria, a porta estava fechada. Àquela altura, as lojas já haviam fechado. Yongi sorriu e escreveu um bilhete. Depois, dobrou-o cuidadosamente, enfiou-o por uma fresta da porta e se virou. – “Vim apenas para entregar uma carta. Me seguiu em vão. Estou voltando, está frio aqui fora…”