Noites de Caos (novel) - Capítulo 21
Tradução: Gab
Revisão: Aeve
Enquanto Jo Youngho se contorcia em agonia, Jihak devolveu a espada ensanguentada para Yuljae e olhou para a Yongi sentada fracamente no chão. Ao vê-la à distância, pensou que a dona da casa das cortesãs havia capturado Eun-Ha e a forçado a se vestir como uma cortesã depois que ela deixou sua mansão. Seu julgamento, então, ficou nublado, e avançou para desmembrar o bastardo que cobiçava o que era seu.
Mas não era Eun-Ha. Felizmente.
“A cara de medo é parecida, mas a minha garota não precisa se enfeitar assim.” – Jihak disse friamente. Então, virou-se e caminhou em direção à Torre Leste, deixando para trás o moribundo Jo Youngho.
Porém, Yongi se levantou abruptamente, avançando em direção a Jihak como uma louca e o agarrou pelo manto. Num instante, a espada de Yuljae foi colocada no pescoço dela. Sangue fresco escorria de um pequeno corte, mas mesmo com ele quase cortado, Yongi olhou com determinação para Jihak e perguntou: – “Senhor, o senhor está falando da Eun-Ha?”
Jihak sorriu enquanto olhava para a mão de Yongi, a qual tremia e agarrava a gola de seu manto. – “Como devo responder à sua pergunta? Digamos que não é da sua conta. Detesto responder perguntas.”
“Eu-eu sinto muito. Mas ela é minha preciosa irmã mais nova. Desapareceu de repente e não sei se está viva ou morta, a dor no meu peito aumenta a cada dia. Por favor, diga-me, senhor. Essa garota é… a nossa Eun-Ha?”
As últimas palavras de Yongi fizeram Jihak finalmente perder a calma. Ele agarrou o pulso dela e o torceu. – “Não é a nossa Eun-Ha, ela é minha. Então, cuidado com o que diz.”
Embora devesse estar sentindo uma dor imensa, já que ele quase quebrou seu pulso, não sentia. Em vez disso, colocou a outra mão no peito, aliviada, enquanto as lágrimas escorriam pelo rosto. – “Eun-Ha… agradeço por cuidar dela, senhor. Obrigada.” – Então, como se tivesse perdido as forças, desabou de joelhos no chão.
Jihak a olhou com olhos que beiravam o desprezo e se virou novamente, sem hesitar. Ele não acreditava em laços de sangue, então achou o comportamento de Yongi ridículo e trivial. No máximo, eram apenas irmãs de sangue. Nada mais. O que menos gostou, foi que ela ousou acrescentar a palavra “nossa” ao que era dele.
Enquanto se afastava, irritado, Yuljae estendeu-lhe um pedaço de madeira. Só então, Jihak percebeu que havia esquecido momentaneamente sua atuação como cego.
“Ah, isto sempre acontece comigo aqui, que estranho. Ou… Talvez o rosto dela, parecido com o da minha garota, afetou-me de alguma forma?”
“Em todo caso, não solte mais a bengala.”
“Está bem, está bem. Vou agir como um verdadeiro cego.” – Com o olhar vazio, Jihak pegou a bengala oferecida por Yuljae.
***
Quando os vários guardas parados na entrada da Torre Leste viram os dois homens se aproximando, seus rostos gradualmente ficaram mais pálidos. Embora muitas pessoas nunca tivessem visto o príncipe herdeiro deposto, Seo Jihak, não havia ninguém na capital que não conhecesse Yuljae, um renomado espadachim e membro importante da ala esquerda. Aterrorizados com a aparição de Yuljae, o “ceifador do campo de batalha”, bloquearam o caminho de ambos com expressões rígidas. Tinham conhecimento de que poderiam perder suas cabeças por causa disso.
Simdeok, que observava de longe, correu sem fôlego. – “Milord, eu o levarei para dentro.” – Foi a primeira vez que outros viram a Simdeok, que sempre estava composta e digna como uma flor de magnólia, abaixar a cabeça profundamente com uma voz nervosa.
“Pela voz, você deve ser a proprietária daquele dia.” – A voz de Jihak era lenta, o que a tornava mais autoritária.
A proprietária da casa das cortesãs curvou ainda mais a cabeça e empurrou os guardas para o lado. – “Sim. Por favor, sigam-me, sigam-me.” – Os olhos da senhora percorreram a ponta da espada de Yuljae, coberta de sangue. Por um instante, um arrepio percorreu sua espinha.
Jihak foi guiado por Simdeok até a Torre Leste. Naquele local completamente isolado do exterior, funcionários de alto escalão com rostos familiares se postavam aqui e ali assim que ele entrava, como se estivessem prestando suas homenagens, com cortesãs de ambos os lados. Talvez tenham agido educadamente porque achavam que Jihak não era cego, ou simplesmente fizeram isso para manter os costumes…
Após Yuljae o ajudar a sentar-se na cadeira vazia à cabeceira da mesa, ele sussurrou em seu ouvido. Jihak, então sorriu, e inclinando a cabeça, olhou para frente e assentiu: – “Todos sentiram tanto assim a minha falta? Vieram até aqui só para demonstrar seu respeito por mim?”