Noites de Caos - Capítulo 17
‘O Jovem Mestre vai se casar…?’ – Eunha se afastou da porta com uma expressão atordoada, como se tivesse recebido uma pancada na cabeça. Até agora, ela acreditava que Shihoon e Yongi gostavam um do outro, que com um pouco de esforço da parte dela poderia juntá-los. – ‘Fui gananciosa…? Claro. Eu realmente fui uma tola em pensar isso. Garota estúpida.’
Embora Shihoon fosse filho de uma concubina, ele também tinha o sangue do Ministro da Defesa.Um jovem com tal status jamais se casaria com uma concubina humilde.
“Ela é muito bonita.” – Eunha abaixou a cabeça diante da aparência elegante da Jovem Senhora Sohyeon. Até mesmo a cortesã mais extravagantemente arrumada se sentiria desconfortável e abaixaria a cabeça na frente de Sohyeon. Nesse ponto, pode-se dizer que Sohyeon tinha uma beleza inata.
Eunha retornou à mesa e se concentrou na comida, seu estômago estava um pouco enjoado, mas ela queria comer o máximo que pudesse. Antes que percebesse, não conseguia mais ouvir a conversa entre os dois.
“Você ainda está comendo?” – Shihoon, que retornou após se despedir de Sohyeon, sorriu enquanto olhava para os pratos deixados na mesa.
Quando Eunha viu seu rosto amigável, ela estranhamente se sentiu indignada e não quis mais comer. – “Estou muito cheia. Graças ao Jovem Mestre, consegui comer até me fartar. Se não se importar, posso ir à livraria? Preciso ver o Senhor.”
“Claro. Quer que eu vá com você?”
“Não! Eu… eu gostaria de ir sozinha.”
Shihoon pareceu desapontado por um momento, mas não impediu Eunha.
Eunha vestiu o casaco de algodão que havia recebido na casa do senhor. Estava terrivelmente frio, apesar do sol. Talvez porque a véspera de Ano Novo já tivesse passado. Quando Eunha viu as belas botas de pele colocadas onde ela havia deixado seus finos sapatos de palha, ela se assustou e se perguntou se Lady Sohyeon realmente havia partido.
Ela entrou em pânico e olhou ao redor para encontrar seus sapatos, mas Shihoon, que veio atrás dela, pegou sua mão, fez com que ela se sentasse no corredor e apontou para as botas de pele.
“Elas são para você, coloque-as, assim não terá que andar por aí com os pés congelando.”
“…O quê? Espere… Espere um segundo. Para mim?”
“Sim, se esqueceu de seu aniversário? Eu queria dar a você naquele dia, mas como desapareceu, então eu as guardei como meu tesouro.”
Com essas palavras, o rosto de Eunha empalideceu. Ela balançou a cabeça vigorosamente, agachou-se e procurou pelo corredor. – “Não. De jeito nenhum. Por favor, devolva meus sapatos. Como eu poderia usar algo tão precioso? Eu teria problemas! Eu definitivamente seria tachada de ladra! Não quero elas de jeito nenhum.”
“Só as usaria para proteger os pés do frio, por que seria rotulada de ladra?”
“Todo mundo na cidade sabe de minha situação miserável, se eu usar essas botas realmente posso ser levada para uma cela.”
“Bem, pelo menos leve-as para sua irmã, elas não me servem para nada.” – Shihoon, que claramente falou com uma voz raivosa, levantou-se. Ele encarou Eunha com olhos amargos, que ainda estava descalça no corredor procurando seus velhos sapatos, e então disse ao seu assistente: – “Traga os sapatos dela.”
“Sim, Jovem Mestre.” – A assistente correu até a lareira em busca dos sapatos.
Quando Eunha se virou e viu que Shihoon tinha uma expressão séria, ela abaixou a cabeça. – “Obrigada, Jovem Mestre. Mas… isso não está certo. O senhor não é meu parceiro, se me der um presente tão precioso, eventualmente será prejudicial a nós dois.”
Isso estava correto, Eunha não estava nem um pouco errada. Ele até sabia que ela se vestia com roupas que outros homens descartavam não exatamente por conforto, mas porque teimosamente guardava dinheiro na esperança de libertar sua irmã.
Por isso ele queria comprar umas botas para ela, queria agasalhar bem aqueles pezinhos que costumavam andar por aí sempre atarefados. No entanto, ele não pensou nisso. A diferença de status com ela não era algo que pudesse ser superado com algumas palavras gentis.
Shihoon cerrou as mãos trêmulas em punhos e foi para seu quarto em silêncio. Eunha abaixou a cabeça profundamente enquanto olhava para ele, então colocou seus sapatos de volta e embrulhou as botas de pele em pano. Ela definitivamente daria para sua irmã assim que a visse. Eunha se curvou mais uma vez e saiu pela porta da frente da casa de Shihoon.
“Quem é você? O que estava fazendo na casa do Jovem Mestre Shihoon?” – A voz que chamou a atenção de Eunha foi a de Lady Sohyeon. Ela piscou várias vezes e olhou para Eunha de cima a baixo com uma expressão de surpresa.