Noites de Caos (novel) - Capítulo 14
Sentindo-se fraca, Eunha caiu no chão, surpresa, quando viu Seo Jihak entrar de repente. Ela fechou a boca e o observou se despir, respirando pesadamente como um homem pego roubando. Ele tirou suas roupas como se não tivesse notado a presença dela, encheu um grande balde com água quente e derramou sobre a cabeça.
Um fio de água carmesim correu por seu corpo e se acumulou ao redor de seus pés. A visão do sangue foi a razão do choque de Eunha. Ele parecia um demônio sanguinário banhado em sangue. Jihak puxou o cabelo para trás com força, revelando seus olhos turvos e desfocados, além disso, ele estava respirando pesadamente e parecia muito bravo.
‘Bem, este banho não era mesmo para mim… Esta é a casa de banho dele?’ – Um suor frio escorria por suas costas.
Felizmente, ele não estava ciente de sua presença, talvez por causa do cheiro de sangue. O cheiro terrível havia paralisado seu olfato, impedindo-a de sentir o óleo perfumado em seu corpo. Sentindo-se com sorte mesmo em meio a uma situação problemática, Eunha voltou-se furtivamente e se escondeu em um canto da casa de banho.
Vapor turvo subia da água enquanto ele se acomodava na banheira. Ele olhou para o teto incrustado com cristais noturnos e suspirou, então, de repente, olhou para o local exato em que Eunha estava se escondendo. – ‘Oh meu Deus!’ – Os olhos deles se encontraram. Os olhos dele gradualmente se focaram e logo brilharam. No entanto, se virou como se não tivesse a visto.
No momento em que seus olhos se encontraram, Eunha congelou, incapaz de respirar. – ‘Ele é cego, então não deveria ser capaz de me ver… Ele é mesmo cego, certo?’ – Mas de quem era todo aquele sangue? O guerreiro empunhou sua espada novamente desta vez?
Eunha abraçou os joelhos enquanto tremia de medo. Ela quente pelo vapor e pelo chão aquecido, mas não conseguia parar de tremer. Ela apertou os lábios e fechou os olhos quando o ouviu se movendo na banheira.
“Haa…” – Depois de um breve suspiro, houve um longo silêncio.
Passados alguns segundos, Eunha abriu os olhos e encarou as costas dele com uma expressão bastante calma. Ela não sabia como ele agia do lado de fora, mas dentro de casa ele era tão destemido quanto um homem com visão. – “Talvez seja porque está em um lugar familiar?” – Havia um médico de medicina herbal que era muito habilidoso em acupuntura, embora não pudesse enxergar, e era muito respeitado na cidade.
Eunha levou a mão ao coração e pensou: – ‘Eu não deveria ter essas dúvidas tolas. No momento em que ele desconfiar de mim colocará uma faca na minha garganta.’
Lembrou-se das palavras do livro que havia lido para ele algumas horas antes, parecia que estava lendo algo destinado a um rei. Era uma distração útil para uma situação como essa. Continuou agachada e não levantou a cabeça nem mesmo ao ouvir o som dele saindo da banheira.
Ele se aproximou e estendeu a mão sobre a cabeça de Eunha, talvez em busca de uma toalha para se secar. Assustada, levantou a cabeça e viu que a ereção feroz dele estava perto de seu rosto. Rapidamente cobriu o nariz e a boca com as duas mãos, porque tinha medo que ele sentisse sua respiração. Ela tentou se mover para trás o máximo que pôde, mas o pau enorme eventualmente roçou em sua bochecha.
Seu coração começou a bater violentamente ao toque da carne macia, porém firme. Presa contra a parede, sabia que sua vida estava agora nas mãos de Deus. Eunha olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas, no entanto, ele apenas sorriu e se afastou dela sem dizer uma palavra…
‘Oh, eu ainda estou viva…?’ – Eunha respirou fundo e relaxou somente depois que Jihak abriu a porta e saiu do banheiro.
Ela estava tão tensa que suas coxas estavam dormentes e sentia precisava urgentemente urinar. Desesperada para sair dali, se levantou e rapidamente juntou suas coisas. Então, olhou para a banheira em que ele havia se encharcado. – ‘Como a água está limpa…?’ – A banheira estava cheia de água branca e quente, não mostrava sinais de sangue. Havia apenas um leve cheiro metálico. Talvez fosse uma fonte termal, algo sobre a qual ela só tinha ouvido rumores.
***
“Ninguém tem permissão para entrar na casa de banho do Milorde! Como conseguiu chegar lá? Oh, meu Deus, deveria ser mais inteligente! Não percebeu nada de errado? Sequer parece um lugar para pessoas como nós!” – Eunha sabia que seria repreendida.
Ela se culpou por admitir como havia se perdido na noite passada e Gari, que estava brava com seu desaparecimento repentino desde a manhã, havia deixado uma mensagem para que ela fosse comer na cozinha de agora em diante. Eunha suspirou com a atitude fria de Gari, mas era melhor do que ser odiada.
Desde aquele dia, Eunha tentou seu máximo não fazer contato visual com Jihak. Quando ele levantava a mão ela abaixava a cabeça como qualquer outra escrava e quando ele levantava o queixo dela às vezes até fechava os olhos! Como resultado, ele a provocava muitas vezes pedindo que relesse um trecho enquanto seus dedos tocavam levemente os cílios e acariciavam bochechas dela.
Mas foi só isso.
Em dias ensolarados, Jihak sentava-se no pavilhão enquanto Eunha lia livros para ele e quando ele ia para a cama ela lhe contava contos de fadas de livros que havia lido antes. Ele sorria silenciosamente e imediatamente adormecia. Ela costumava ficar acordada a noite toda, porque sempre que tentava ir embora ele agarrava sua mão com força e não a soltava, mesmo depois de cair em sono profundo.
De alguma forma, não parecia que 15 dias haviam se passado desde sua chegada. Eunha estava olhando para o jardim atrás da mansão, uma visão à qual ela havia se acostumado nos últimos dias, e organizou seus pensamentos perturbados. – ‘Minha irmã tentará me procurar…?’ – Ela estava preocupada porque na noite passada a dona da casa das cortesãs enviou um pedido para que ela fosse a Buyeong visitar sua irmã mais velha.
De qualquer forma, ela também queria ver a irmã. A separação abrupta a incomodava e era angustiante que não tivesse ouvido falar dela durante todo o tempo em que esteve aqui. No entanto, acreditava que a dona da casa das cortesãs se importava com sua irmã e não lhe faria mal.
“Terminou de fazer as malas?” – Gari veio limpar o quarto dela, mas começou a repreendê-la por ainda não ter saído.
Eunha arrumou suas coisas com uma expressão amarga. – “Estou indo, estou indo. Não a verei por três dias, não ficará entediada sem mim, Gari?”
“Uhh, eu? Vou é me divertir. Cuidar do Milorde enquanto estiver fora.”
“Você realmente gosta de cuidar dele?”
Gari riu da pergunta inocente de Eunha e então estalou a língua: – “Ouvi dizer que você foi criada em uma casa de cortesãs, então por que não sabe de nada? Se eu gosto de cuidar dele? Ele é um homem cego, se nos dermos bem, é só uma questão de tempo até que ele me procure. Como não consegue enxergar, minha aparência não importa, se formos compatíveis, eu poderia até me tornar sua esposa!”
‘Como ela pode ser tão descarada? Sem vergonha, mas confiante?’ – Talvez seja por isso que Gari não foi rancorosa com ela. Eunha suspirou enquanto tirava seu pijama fino e vestia suas roupas masculinas.
“Vocês só têm roupas masculinas?” – Gari perguntou enquanto a observava casualmente.
“Sim, raramente uso vestido e é tão difícil vesti-lo sem ajuda…”
“Mas as cortesãs usam…” – Gari percebeu seu erro e rapidamente corrigiu suas palavras. – “Deve ser difícil para cortesãs usarem também. As roupas que usamos são bem confortáveis, adequadas para o nosso trabalho e dá para sentar com as pernas bem abertas. Enfim, as pessoas não acham estranho quando você usa roupas masculinas?”
“Talvez, mas… Há alguém nesta cidade que não me conhece? Se eu andar por aí usando saia irão apontar o dedo para mim, dizendo ‘Olhe, aquela vagabunda finalmente enlouqueceu’!”
“Oh, céus, por que fariam isso? Você ainda é uma mulher, então pode usar vestido.”
“Bem, não é grande coisa. De qualquer forma, te vejo quando eu voltar, ficarei longe por três dias… Agora não tem mais ninguém para você encher o saco.”
Gari olhou para Eunha com uma expressão monótona, então pegou sua bagagem e a acompanhou pessoalmente até a porta. – “Ele saiu cedo pela manhã, então vá logo. Eu o avisarei quando voltar.”
‘Esta manhã?’ – Eunha olhou ao redor da residência silenciosa e assentiu.
Estranhamente, a visão a encheu de decepção. Em algum lugar ao longo do caminho, ela se apegou ao lugar. Havia experimentado muitas coisas aqui, então seria bem estranho se sua partida não a incomodasse. Acenando para Gari, Eunha pegou sua bagagem e caminhou em direção ao portão.
Do lado de fora do portão, havia bastante neve que ainda não havia derretido. A razão pela qual não havia neve na propriedade era por causa dos servos que trabalhavam de manhã até à noite para limpá-la. Só de pensar nisso, seus pés ficaram mais frios.
“Ei, Eunha! Lee Eunha!” – Assim que saiu do portão, Eunha se virou para a voz familiar e viu Shihoon correndo de longe.
“Jovem Mestre Shihoon!”