Noites de Caos (novel) - Capítulo 09 – Vento Sangrento
A porta se abriu com força.
Quatro servas entraram na sala e agarraram Eunha, que estava sentada tentando se acalmar.
“O-O que há de errado? Por que estão fazendo isso?”
“Venha conosco!”
“O quê? Por quê?!”
“Alguém está procurando por você, então recebemos uma ordem para levá-la.”
“Por que um cliente me procuraria? Eu não sou uma cortesã!”
“Pergunte isso diretamente a ele, não sabemos de nada.”
As servas eram bem fortes. Não só isso, mas os guardas da porta da frente se juntaram ao grupo para ajudar a arrastar Eunha para longe. Ela estava muito temerosa por causa do que Chunhee tinha acabado de lhe contar, por isso, ela lutou e gritou, mas uma mulher comum não poderia ir contra seis pessoas.
Jogaram Eunha em uma banheira de água quente e despejaram água sobre sua cabeça. Devido à água entrando em seus olhos, nariz e boca, ela não conseguia se controlar. Todas as suas roupas e roupas íntimas tinham sido arrancadas.
“Por que estão fazendo isso comigo?!”
“Se não te levarmos irão nos matar. Então, por favor, vá. Faça isso pela sua irmã… Por favor, nos escute.” – Chunhee implorou em lágrimas. Ela tinha as mangas arregaçadas e estava esfregando as costas de Eunha.
Depois de ver as lágrimas de Chunhee, Eunha começou a se sentir incomodada. Que tipo de pessoa estava procurando por ela?
Chunhee escovou o cabelo preto e molhado de Eunha e então usou óleo para substituir o cheiro sujo anterior. Eunha vestiu a saia que Chunhee trouxe para ela. O tecido era de um tom branco puro com uma camélia bordada e o casaco que a fizeram usar era tão transparente quanto as asas de uma libélula. Eunha não tinha mais forças em seu corpo e não conseguiria escapar mesmo se quisesse. Chunhee tentou mostrar a Eunha sua aparência no espelho, mas ela o atingiu em vez disso, quebrando-o em muitos pedaços.
“Diga-me. Quem é o cliente? Como ele sabe sobre mim? Por favor, fale.”
Tremendo de medo, Chunhee engoliu em seco e finalmente abriu a boca. – “É um homem cego. E-Ele ordenou que seu cavaleiro cortasse a língua de Simdeok. Depois de ouvir uma comoção, dois guardas entraram na sala, apenas para terem suas cabeças cortadas. Ele está chamando por você. Nos matará se não a levarmos até lá.”
“Um cliente que não consegue enxergar?” – De repente, Eunha voltou a si e lançou um olhar vazio para Chunhee. Então perguntou – “Era realmente um cliente cego?”
“Sim. Então, vamos lá, ele está esperando por você.”
Havia muitas coisas que ela queria perguntar, mas tinha medo de que as coisas piorassem se demorassem mais. Eunha andou pela casa das cortesãs, suas mãos fechadas em punhos na saia. Os clientes que avistaram Eunha enquanto andava acompanhada por Chunhee ficaram loucos. Eles estavam apontando para ela enquanto gritavam: “Tragam-na para mim!”
Quando ela entrou no prédio, o cheiro de sangue a sufocou. Eunha e Chunhee puderam ver sangue escorrendo pela parte inferior da porta da sala secreta. ‘Isso é errado… Mesmo que seja uma pessoa de alta posição social, não se deve tirar a vida dos outros de forma imprudente. O que aconteceu? Por que ele fez isso?’
“E-Eu trouxe Eunha!” – Chunhee disse enquanto se ajoelhava no chão.
“E-Entre.” – Simdeok respondeu com a voz trêmula.
Tanto Eunha quanto Chunhee sentiram uma sensação de alívio após ouvir sua voz. Parecia que ela ainda tinha língua. Eunha abriu a porta no lugar de Chunhee e seu corpo enrijeceu após avistar a cena horrível. Simdeok, com uma expressão pálida, fez um gesto com as mãos. Eunha caminhou em direção ao homem que bebia álcool. O homem, vestido com um casaco de seda azul, colocou o copo no chão e levantou a cabeça.
Quando Eunha viu seus olhos negros, ela congelou no lugar.
“Mais perto.” – Era a mesma voz que ela havia ouvido ontem. A cada passo, a bainha de sua saia branca era lentamente tingida de vermelho.
“Mais.”
“Ele está fazendo isso de propósito?”
Como ele é cego, não teria como ver como ela estava vestida. Ele provavelmente diferenciava as pessoas pelo tom de voz ou pelo cheiro. Simdeok olhou para ela como se ela estivesse vendo um fantasma. Quando ela estava a apenas um passo de distância, ela se ajoelhou.
“Se eu chegar mais perto, meus joelhos tocarão os seus.”
O homem riu alto.
“Se nossos joelhos se tocarem, então nossos lábios também se tocarão. Nossos estômagos se encontrarão… Que pena. Eu vim aqui para prender seu cabelo.” – Ele tocou o queixo de Eunha com suas mãos ásperas, levantando-o para que seus olhos se encontrassem. Sua bochecha e nariz roçaram o rosto dela.
Ele fechou os olhos e inalou o cheiro dela. Então, roçou o polegar nos lábios dela.
Eunha deixou o homem tocar seu rosto. Ele tocou seus olhos molhados, suas sobrancelhas, que se curvavam como uma lua crescente, e sua testa redonda. Quando suas mãos alcançaram a parte de trás de sua cabeça, ele finalmente abriu os olhos.
“Você é definitivamente minha Eunha.” – Embora ele falasse baixo, ele não estava sorrindo. “Ouvi um rumor estranho.”
“Que rumor?”
“Que alguém estava tentando te machucar. Que lhe agarraram e lhe trancaram, a impedindo de ir até mim.”
“E-Eu não pude sair porque houve um mal-entendido… Planejei ir vê-lo amanhã.”
“É mesmo? Você disse que planejava fazer dela uma cortesã, não foi?” – Jihak tocou o rosto de Eunha, que, apesar do medo, olhou para ele.
“S-Sim… Eu estava planejando fazer isso.” – Simdeok respondeu com a voz trêmula.
“Planejava, hmm? Eu prometi a ela 4000 moedas de tael, então vai precisar pagar a ela pelo menos o dobro. Mas isso é impossível para você, então…”
“Q-Quatro mil moedas?”
“Acho que é um preço justo por ela.” – Jihak olhou para Eunha, que estava tentando o seu melhor para suportar a humilhação. Ela tinha ombros retos e um pescoço anormalmente fino. Parecia tão frágil que ele seria capaz de quebrá-lo com apenas uma mão.
“Yuljae, venha aqui.”
Seguindo as ordens de Jihak, Yuljae, encharcado de sangue, aproximou-se dele, ajoelhou-se e abaixou a cabeça. – “Sim, Milorde.”
“Verifique o rosto dela. Observe quaisquer arranhões em seu rosto ou hematomas em seu corpo. Lembre-se de seu estado atual. E amanhã, quando ela chegar em minha casa, compare com como ela estava hoje.”
Os olhos dela encontram os de Yuljae. Ele parecia um demônio coberto de sangue. No entanto, ela estava com mais medo Milorde, que não tinha uma única gota de sangue em suas roupas.
Yuljae olhou para Eunha cuidadosamente e então virou sua cabeça para Jihak. “Feito, Milorde.”
“Bom… Então, vamos partir. Achei que o álcool teria um gosto doce, mas não parece ser o caso.”
Yuljae ajudou Jihak a se levantar. Eunha imediatamente notou sua altura, pois era a primeira vez que o via de pé. Havia mais pressão vindo dele agora do que quando estava sentado.
“Eunha, diga àquela mulher que se ela ousar tocar seu rosto ou seu corpo, as flores deste lugar nunca mais florescerão.”
“S-Sim, Milorde.”
Jihak pareceu satisfeito com a resposta. Ele estendeu a mão, Yuljae entregou um cajado a ele e então começou a andar. Foi quando ela percebeu que ele era realmente cego.
Eunha observou os guardas do lado de fora saudando Jihak. Ela se virou e viu Simdeok suspirar de alívio. Ela olhou para os corpos dos guardas que perderam suas vidas. Então ela se levantou, seu corpo tremendo.
Simdeok olhou para o teto e caiu na gargalhada. Eunha estava olhando feio para Simdeok quando de repente levou um tapa. O som alto ecoou pela sala e sua boca começou a sangrar. Eunha ficou tão atordoada que sua mente ficou em branco.
‘Foi porque ela levou um tapa?’
Simdeok chegou perto do rosto dela. Eunha podia ver a raiva e a raiva fervendo em seus olhos. – “Me dedure se tiver coragem. Que garota sem vergonha… Como ousa brincar com os sentimentos do Jovem Mestre Yoon…”
***
Yoon de repente fechou o livro que estava lendo. Um colaborador próximo lhe trouxe uma notícia surpreendente. – “Um vento sangrento soprou dentro da casa das cortesãs. Dois corpos foram silenciosamente retirados pela porta dos fundos.” – Seu colega também descreveu como as pessoas estavam tendo dificuldade para limpar todo o sangue.
“Prepare-se. Preciso ir ver como minha mãe está.” – ele vestiu apressadamente seu casaco e chapéu. – “Depressa! Preciso vê-la, então se apresse!” – Ele gritou com seu servo.
“Jovem Mestre… Sua Excelência chegará aqui em breve. Então, se for à casa da cortesã tão tarde da noite…”
“Ele está vindo aqui?”
Seu assistente, Sr. Kim, olhou para fora com um olhar preocupado no rosto. Ele ainda tinha muitas coisas para preparar antes que Sua Excelência chegasse. Yoon disse ao Sr. Kim que precisava sair urgentemente, mas ele tirou o chapéu e sentou-se no chão. Mesmo que a mente de seu senhor estivesse na casa das cortesãs, ele teria que ficar aqui.
‘Eunha está bem? Um vento sangrento soprou? O que aconteceu…?’ – Não. Eunha não é uma cortesã, então não seria afetada, não importa o que acontecesse lá dentro.
Yoon foi até Sua Excelência enquanto lutava para suprimir sua ansiedade. Então, a porta principal se abriu e o Ministro da Defesa entrou, acompanhado de seus servos.
“Excelência, tem passado bem?” – Yoon perguntou enquanto fazia uma reverência.
O ministro se aproximou dele rindo e deu-lhe um tapinha nos ombros. Depois de ajudá-lo a ficar de pé, o ministro o abraçou.
“Sim. Yoon, estou feliz em ver que você também parece estar bem.”