Noites de Caos (novel) - Capítulo 08 – Presa (2/2)
O Sr. Song esperou do lado de fora até que Eunha saísse, mas quando os guardas fecharam e trancaram os portões, ele desistiu. Ele sabia que Eunha estava pensando em ganhar mais dinheiro ultimamente, mas nunca pensou que algo assim pudesse acontecer.
“Ela quer transformá-la em uma cortesã?” – Ele ficou enojado com Simdeok por querer forçar uma criança, que claramente odeia a profissão de cortesã, a se tornar uma.
O Sr. Song vagou pela livraria, pensando no que deveria fazer. Então, de repente, ele se lembrou das instruções de Eunha para entregar uma mensagem ao Senhor, informando-o de que ela tentaria escapar o mais rápido possível.
Mas um plebeu pedir um favor a um nobre era algo que não era permitido. Embora não fosse culpa dela, ela havia quebrado o acordo entre eles. Nessa situação, pedir consideração da outra parte era ridículo. Não havia como uma criança inteligente como Eunha não saber disso.
No entanto, por precaução, Song decidiu entregar a mensagem. Se as coisas não dessem certo, ele também poderia ser afetado por isso. Aqueles que o viram correndo enquanto lutava para respirar, zombaram dele, mas ele não tinha tempo para isso. Embora estivesse sem fôlego e suas pernas doessem, Song continuou correndo em direção à casa de Seo Jihak.
***
“Eu realmente não estava tentando ver o Jovem Mestre Yoon! Por que está fazendo isso comigo?!”
Já fazia muitas horas que ela estava trancada dentro do quarto. Eunha continuou batendo na porta enquanto gritava, mas não havia resposta do outro lado. Não seria tão sufocante se houvesse algum tipo de resposta dos guardas. Não só isso, ela estava trancada em uma sala com segurança frouxa, era como se Simdeok a estivesse desafiando a escapar. No momento em que Eunha escapasse, aquela mulher provavelmente machucaria sua irmã. A dona da casa da cortesã era esse tipo de mulher.
“Por favor, me escute! Se eu não sair agora, as coisas vão ficar realmente ruins! Uma pessoa muito assustadora está me esperando!”
Eunha bateu muito na porta, mas foi inútil, as duas sombras do outro lado da porta não se moveram nem um pouco. Ela sentou-se no chão, confusa. Ela estava tendo dificuldade em entender as ações de Simdeok, pois não era como se ela fosse aceitar se tornar uma cortesã.
Eunha deitou-se no chão e suspirou enquanto olhava para o teto. Ela estava com medo de que o Milorde ficasse bravo e tirasse sua vida. Ela fechou os olhos, esperando que o tempo passasse rápido…
“Eunha? Você está aí?” – Ela podia ouvir a voz de Chunhee vindo do lado de fora da porta. – “A senhora me enviou, abram a porta.”
“Está dizendo a verdade?”
“Sim. Eu sou Chunhee, sua serva pessoal. Se tiver alguma dúvida, vá perguntar diretamente a ela.” – Os guardas se entreolharam e então decidiram abrir a porta. Eunha piscou para a forte luz que vinha do outro lado da porta.
Chunhee se aproximou de Eunha e deu um tapa em suas costas. – “Por que estava tentando escapar?”
“Eu não estava! Eu nunca escaparia e abandonaria minha irmã.”
“Então por que todas as suas coisas estão embaladas? Empacotou tudo no momento em que as pessoas começaram a falar sobre fazer de você uma cortesã. Era óbvio que ela reagiria assim!”
“Huh? O quê? Me tornar uma cortesã?”
“Não ouviu sobre isso? A Senhora estava fazendo o melhor que podia para convencer Yongi…”
“Tenho certeza de que ela rejeitou uma oferta tão ridícula! Por que diria sim a uma coisa dessas?!”
Chunhee rapidamente cobriu a boca de Eunha antes de olhar para fora, e então balançou a cabeça. Vendo como ela queria que Eunha abaixasse a voz, era óbvio que a dona da casa não a tinha enviado.
“Eunha, prepare-se para o pior. Ela terminou todos os preparativos para fazer de você uma cortesã.”
“Eu nem conheço a etiqueta e não tenho intenção de viver uma vida vendendo sorrisos falsos!”
“Eu sei, mas pense nisso. Quantas das garotas aqui realmente queriam se tornar cortesãs? Nenhuma garota sonha em se tornar uma flor.” – Quando viu que Eunha estava prestes a chorar, Chunhee agarrou sua mão e tentou confortá-la. – “Humilhações na frente dos nobres… Assédio dos servos… Canalhas tentando levantar a saia e tocá-las… Acha que as garotas que trabalham aqui gostam de ser tratadas dessa forma? Todas as noites antes de irem para a cama, tenho certeza de que há mais do que algumas que querem morder a língua e nunca mais acordar. Mas elas acordam na manhã seguinte e suportam as mesmas coisas repetidamente. Essa é a vida de uma cortesã. Quem permite que seja tão horrível é a dona da casa.”
O rosto de Eunha empalideceu. Chunhee estava com medo de que Yongi se machucasse devido à natureza rebelde de Eunha. Eunha foi a razão pela qual Yongi ficou doente em primeiro lugar. Além disso, se ela tivesse sido um pouco mais madura, nunca teria permitido que o Jovem Mestre Yoon a seguisse. Eunha só pensava nele como um irmão mais velho, é por isso que eles sempre foram tão próximos. No entanto, Chunhee sabia que era apenas uma questão de tempo até que Simdeok explodisse.
“Eu não quero… Eu realmente não quero…”
“Se realmente não quer, então não deveria. Mas esteja preparado para o pior. Ela está disposta a fazer o que for necessário para fazê-la cortesã.”
Eunha tremia visivelmente enquanto fechava os olhos, mas ainda não havia perdido a esperança. Vendo essa mudança de comportamento, Chunhee sabia que era inútil continuar tentando falar com Eunha, pois isso só serviria para deixá-la mais irritada do que antes.
Quando Chunhee finalmente saiu do quarto de Eunha, percebeu que algo parecia estranho na casa das cortesãs, mas não conseguiu dizer o que era. Como sempre, havia homens vestidos com túnicas de seda cruzando o portão da casa das cortesãs com mulheres correndo em direção a eles enquanto tentavam parecer fofas.
Chunhee inclinou a cabeça e estava prestes a caminhar em direção ao quarto de Simdeok quando Seohee, uma das servas de Yongi, veio correndo em sua direção de longe e agarrou suas mangas.
“I-Irmã! A senhora não está aqui. Um cliente importante veio e ela saiu para cumprimentá-lo pessoalmente.”
“O quê? Ela foi cumprimentá-lo pessoalmente?”
‘O ministro veio fazer uma visita?’ – Se ele tivesse vindo, isso explicaria a atual atmosfera estranha. Nem seria necessário perguntar qual quarto foi escolhido. Ela provavelmente o levou para o maior e mais luxuoso.
Embora apoiasse Simdeok, Chunhee começou a se sentir desconfortável. Simdeok provavelmente ficaria brava com ela por sair sem aviso. Chunhee deixou Seohee para trás e caminhou em direção à sala secreta, que ficava na parte mais afastada área. De longe, ela podia ver os servos levando comidas e bebidas para lá.
“A Senhora está aqui?” – Chunhee perguntou aos servos.
A mais velha das criadas da casa apontou para o quarto com o queixo. – “Uma pessoa incrivelmente importante veio, parece ser alguém de status mais alto que o ministro. Ele parece ser cego e está acompanhado por um cavaleiro. Tenha cuidado, Chunhee.”
“Alguém cego e acompanhado por um cavaleiro?” – Chunhee refletiu e perguntou a serva – “É alguém jovem?”
“Muito jovem. Também é a primeira vez que vejo alguém tão bonito.”
“É mesmo?”
“Sim. Ele é muito mais bonito do que qualquer nobre que já pisou aqui.”
Com uma expressão nervosa no rosto, Chunhee acompanhou as pessoas que entregavam as comidas e bebidas. Atrás da porta em forma de meia-lua, viu Simdeok sentada com o rosto voltado para baixo. Do outro lado, havia um homem sentado e fumando. No momento em que o homem olhou para ela com os olhos semicerrados, sentiu medo. Ela instintivamente sabia que não deveria olhá-lo diretamente nos olhos e se curvou imediatamente. Ele estava sorrindo. Foi porque viu Chunhee se curvando?
“Há aqui uma cortesã chamada Yongi, certo?” – O homem perguntou com uma voz baixa e grave.
Simdeok mordeu os lábios. – “Milord, sinto muito, mas Yongi está doente no momento e não poderá atendê-lo…”
“Não estou procurando por ela, quem eu quero é sua irmã mais nova. Ela se chama Eunha, certo?”
“Sim? Como conhece a Eunha?”
O olhar do homem estava voltado para a borda da mesa enquanto ele tomava um gole do álcool oferecido pelo cavaleiro. – “Não preciso me explicar para você. Apenas traga-a para mim.”
O pescoço do homem se movia para cima e para baixo enquanto engolia. Até a maneira como ele bebia álcool mostrava dignidade.
“Milord, aquela criança ainda não estreou como uma flor. Mas quando ela prender os cabelos e estrear, eu lhe chamarei.”
Ela tinha visto muitos homens que se apaixonaram por Eunha à primeira vista. Cada um deles se ofereceu para prender o cabelo dela. ‘Este nobre também é um admirador? Mas como uma pessoa cega poderia saber sobre ela?’. Chunhee sentiu que algo estranho estava acontecendo. Ela olhou para Simdeok e viu seus punhos ficarem pálidos.
“Se ela não pode vir aqui por isso, eu mesmo os prendo.”
“Mas Milorde…”
O homem colocou com força sua xícara no chão, o que fez o álcool transbordar e molhar sua mão. Simdeok estendeu a mão para tentar limpá-la.
“Yuljae.”
“Sim, meu senhor.”
“Corte a língua desta mulher. Ela está me fazendo repetir.”
O rosto de Simdeok ficou pálido. O cavaleiro ficou diante dela e sacou sua espada, se ela fizesse o movimento errado, ele cortaria sua língua.
“Eu… eu sinto muito, Milorde. Eu a trarei imediatamente. P-Por favor, me perdoe. Eu pequei… Chunhee! Traga-a imediatamente!” – Ela gritou em desespero. Chunhee se levantou e saiu correndo do quarto.
Depois de ver isso, em vez de uma xícara de álcool, ele pegou o cigarro. Uma fumaça intensa encheu o quarto. – “Em breve o álcool terá um sabor mais doce.”