As Noites da Imperatriz (novel) - Capítulo 13
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Tradução: Gab
Revisão: Gab
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“Grão-Duque!”— O Marquês Kelon olhou para Enoch com um ar de embaraço, o qual ignorou-o, seus olhos vermelho-sangue fixos apenas em Aran.
“Imperatriz, estou disposto a pagar uma multa por quaisquer impostos que eu deva”— repetiu Enoch.
O olhar de Aran vacilou e, lentamente, ela ergueu a cabeça. Quando seus olhos se encontraram, os lábios de Enoch formaram um leve sorriso. Ele permanecera leal à Imperatriz regente desde sua ascensão, sempre deferente a seus decretos e reconhecendo neles sua própria existência.— “Eu sempre seguirei a sua vontade, Vossa Majestade.”
Num instante, a situação se invertera. Os aristocratas que antes se acotovelavam, prontos para cravar os dentes no pescoço da Imperatriz Reinante ao menor deslize, agora baixavam as cabeças e abanavam os rabos diante do edito de Enoch. O Duque Sylas, observando a cena à distância, ocultou seus pensamentos mais íntimos.
Ainda é aquele mesmo noivo gentil, Grão-Duque?
O Duque Silas achou aquilo divertido. Olhou para a expressão da Imperatriz. Diante do Grão-Duque que a salvara, ela não pronunciou palavras de agradecimento — apenas assentiu, relutante. Tal comportamento desempenhava um papel essencial na reputação da atual Imperatriz entre os nobres: diziam que ela tratava o Grão-Duque, chefe da nobreza, com uma inclinação ressentida.
O Grão-Duque a colocara no assento do poder — no trono como soberana da nação — antes que fosse vendida a um marquês cinquenta anos mais velho do que ela. Aos olhos dos aristocratas lupinos, a Imperatriz Reinante afastava, sem graça nem gratidão, a bondade do nobre. Alguns dos mais ferrenhos partidários do Grão-Duque chegaram a declarar abertamente que seria melhor que ele decapitasse a cabeça da Imperatriz Regente e tomasse o trono para si. Porém, Sua Graça não recebeu bem tais palavras, e isso resultou em punições severas.
Mas o Duque Sylas compreendia, até certo ponto, o raciocínio da Imperatriz. Recordava o evento conhecido como o Casamento Sangrento. Se lembrava daquele dia caótico, quando comparecera ao casamento de Aranrhod Linister e do Marquês Maxwell. Vira os corpos imóveis da família real espalhados pelo chão de mármore, as poças de sangue se fundindo umas às outras.
Aquilo gelou-lhe o âmago.
Ele não sabia os detalhes do que ocorrera entre Sua Majestade e o Grão-Duque naquele dia, nem podia compreender por que a Imperatriz estremecia levemente cada vez que via seu salvador. Contudo, quaisquer que fossem as circunstâncias, ela conseguira alcançar seus objetivos com o apoio de Sua Graça, apesar de os aristocratas detestarem a sua visão, que enfraquecia o domínio territorial deles.
“Com isto, concluo a reunião de hoje. Até o momento.”— Aran declarou o fim da assembleia e apressou-se em sair da sala de conferências.
Ela já não estava presente, mas ninguém ousou murmurar uma queixa. Enoch Roark permaneceu na sala.
“Vossa Majestade é verdadeiramente abençoada. É raro um monarca ter um súdito tão leal quanto o próprio Grão-Duque”— disse o Duque Sylas a Roark, sua voz carregada de sutil sarcasmo.
A expressão do Grão-Duque não se alterou. O Duque Sylas se sentiu decepcionado.
“É mesmo? Não creio que seja assim”— respondeu o Grão-Duque, de forma direta.
“Apesar de sua frieza, Grão-Duque, sempre permaneceu leal a Sua Majestade.”
Enoch riu diante do comentário de Silas. Ver aquela risada longe da presença da Imperatriz Regente era raro, e o Duque Sylas ficou atônito.
“Não creio ser um lealista”— respondeu em voz baixa, e seguiu atrás da Imperatriz Reinante.
De todo modo, o Grão-Duque Roark era um deus da guerra, e o Duque Sylas apenas deu de ombros, refletindo sobre algo.
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Aran estava em desespero. Ela deveria encontrar os enviados estrangeiros em uma hora, mas seu humor sombrio não se dissipara. Consolou-se, dizendo a si mesma que era uma sorte os impostos terem sido reduzidos, mas a sensação de impotência que a invadia apenas crescia. Sentia-se confusa. Seu decreto não obtivera o apoio dos aristocratas e, em vez disso, dependia do amparo do Grão-Duque.
Ela sentou-se no banco; a luz do sol filtrava-se pelos galhos, e a brisa suave acalmava seu coração melancólico. Sentiu a presença de seu servo e disse, sem virar o rosto; — “Não disse que desejava ficar sozinha por um tempo?”
“Vim verificar como está, Vossa Majestade.”
Aquela voz familiar… Aran ergueu a cabeça às pressas.—“Por que está aqui?”— ele perguntou.
“…Para descansar.”
Enoch sentou-se ao lado dela, sua grande mão envolvendo-lhe o rosto. Aran afastou a mão dele e sussurrou, fraca.— “Por favor, Grão-Duque… se os outros virem…”
“Gostaria que me valorizasse mais aos olhos dos outros.”
“…”
Enoch segurou o queixo de Aran e o virou em sua direção, forçando o encontro de seus olhares. A monarca fitou aqueles olhos vermelho-sangue. Seus lábios estavam ligeiramente entreabertos.—“Você não fica bem com maquiagem escura.”
Ele passou o polegar sobre os lábios dela. Aran fechou os olhos, não sendo capaz de notar o olhar triste no rosto dele.— “Coloquei-a no trono para que fechasse os olhos, tapasse os ouvidos e apenas desfrutasse do luxo que lhe foi concedido. Por que age como uma santa?”
“…Mas os impostos precisavam ser reduzidos. O inverno rigoroso da última estação foi…”—começou a dizer, com cuidado, mas calou-se ao ver o olhar frio dele.
“E acha que eles lhe serão gratos? Eles não sabem que o assento do poder mudou. Eles não conhecem o seu nome, Vossa Majestade.”
“…”
Enoch Roark adentrou brutalmente a mente de Aranrhod Linister.