As Noites da Imperatriz (novel) - Capítulo 09

Tradução: Gab

Revisão: Gab

“Por que não respondeu?”— Enoch perguntou.

“…Eu não estava me sentindo bem… Não consegui ouvi-lo.”

Mentir nunca fora o ponto forte de Aran. Enoch a observou com diversão e sorriu,
fitando-a com olhos cintilantes. Ele levantou os pés e se deixou cair na beira da
cama, ao lado dela. A Aran estremeceu.

“Entendo,”— Enoch assentiu.— “Vim ver se Vossa Majestade está se sentindo
melhor.”

Foi o que ele dissera ontem, e olhe só o que aconteceu depois disso… Aran mal
podia acreditar. Suas palavras eram uma mentira. Enoch deu de ombros e virou o rosto,
os olhos pousando sobre o livro apoiado na mesa.— “Estava lendo um livro?”

Aran desistiu e assentiu. Mentir apenas o irritaria.

“Hmm… Não faça isso, Vossa Majestade. Está doente. Apenas relaxe e descanse.”—
Ele era o gato perseguindo o rato.— “Se eu soubesse que isso aconteceria,
deveríamos ter brincado mais ontem à noite. Agora está presa na cama o dia
todo.”— Enoch sorriu de leve, achando graça da situação dela.

Ele se inclinou para a frente, estendendo a mão e tocando a testa de Aran. Suas
grandes mãos, que estavam quentes ontem, agora estavam frias como gelo. Ela se
encolheu e, de repente, o cobertor que a cobria caiu.

“O quê…!”— Uma Aran assustada puxou as cobertas.

“Não deveria se enrolar com esse cobertor grosso quando está com febre.”— Enoch
disse calmamente.

Aran largou o cobertor.— “…Está bem…”

Ela não tinha forças para discutir com ele, então fez o que mandava. Mesmo assim,
seus nervos andavam sobre gelo fino, temendo que, a qualquer momento, ele
pedisse algo que ela não podia fazer naquele instante. Aran não conseguia relaxar,
nem baixar a guarda. Estar no mesmo quarto que ele, em seu estado atual, já era
desconfortável o suficiente. Pior ainda com ele sentado em sua cama… a distância entre os dois
era de apenas alguns poucos centímetros.

“Por que está agindo assim? Parecendo que quer fugir. E como se eu fosse o vilão.”—
Enoch franziu o cenho.

“Eu não estou fugindo…”— Aran conseguiu dizer o que pensava em voz alta, mas
sua voz vacilou, e Enoch talvez tenha percebido que ela mentia descaradamente. O
suor frio começou a escorrer, não por causa da febre, mas do medo que o homem a
sua frente lhe causava.

“Está suando. A criada não lhe trouxe o remédio?”

“Sim… mais cedo.”

“Deveria tomar outro.”— Enoch chamou a criada e ordenou que trouxesse uma
bandeja com pratos leves e o remédio. Não demorou, e a criada entrou carregando
uma bandeja com sopa misturada ao medicamento. A Aran olhou fixamente para a
tigela e depois para Enoch.

“Coma.”— Enoch disse.

Mas ela hesitou.

“Quer que eu a alimente, Vossa Majestade?”

Assustada, Aran balançou a cabeça e rapidamente pegou a colher, comendo o
máximo que pode.

“Coma mais.”

Mas ela não queria mais. Felizmente, conseguiu terminar a sopa e olhou para a
tigela vazia com certo orgulho.

‘Será que ele realmente não vai fazer nada hoje?’

Normalmente, ele buscava seu corpo, mas hoje parecia contido. Talvez as coisas
corressem bem desta vez. Sentiu-se aliviada. Nesse meio-tempo, Enoch puxou os
cordões nas costas de seu vestido. Os laços se desfizeram, e o tecido escorregou.
Uma Aran assustada se atrapalhou e cobriu o peito quando seu corpo nu ficou à
mostra.
Enoch ignorou seus movimentos nervosos enquanto soltava o resto dos cordoes,
um por um, com destreza.

“N-não…! Eu não consigo fazer nada hoje…!”— Enquanto ela se debatia, Enoch
segurou seus dois pulsos e a pressionou contra o colchão. Ela não podia se mover,
mesmo que quisesse.

Quão tolo fora pensar que ele não faria nada.

“Vai ficar mais febril.”— Enoch disse, despindo-a completamente no processo.

A Aran o olhou, confusa.

“Não vamos fazer nada. Não se preocupe.”— disse ele, porém a sua respiração
acelerada dizia o contrário.

A monarca assentiu e cobriu-se com os braços. Sentia-se vergonhosamente
constrangida por estar nua, aúnica nua, mas era melhor assim do que ter seus corpos
envolvidos de novo. Porém… o olhar de Enoch era extremamente desconfortável. Em
especial, seus olhos vermelhos pousando sobre os montes rígidos que se erguiam por
causa do frio

Aran estremeceu e tentou puxar as cobertas, mas Enoch não permitiu.— “Deve
estar com frio”— disse.

Após um momento de reflexão, ele de repente a levantou e a colocou em seu colo. O
calor de seu corpo passou por ela através da fina camisa. Ainda estava frio, mas era
melhor do que antes. Ela recostou as costas em seu peito. Queria calor e buscava
aquele calor, mas não ousava se aproximar mais, com medo de tocar naquela parte
dele. Aran mexeu o quadril para evitar a sua virilha.

“Caso se mova assim, vai acabar me deixando em apuros. Ou está pensando em algo
safado, Vossa Majestade?”