As Noites da Imperatriz (novel) - Capítulo 02
Tradutora: Gab
Revisora: Gab
A Imperatriz Regente deixou o banquete mais cedo sob o pretexto de não estar se
sentindo bem, depois de mal mostrar o rosto no salão do banquetes. Alguns
nobres exibiam expressões amargas e sarcásticas. Era uma pena que a S comua
Alteza não pudesse se divertir com eles.
Quando a retornou aos seus aposentos, trocou imediatamente para roupas
confortáveis e tirou as vestes que pareciam pesá-la. Então, sentiu-se um pouco
aliviada. Porém, ao lembrar-se daqueles olhos vermelhos como sangue, isso a fez
cambalear, ainda que levemente.
Ele devia estar insatisfeito com o resultado da Competição de Caça de Konkuk,
mas isso pouco importava para a Imperatriz Regente. Ultimamente, vinha se
preocupando tanto que sua saúde começara a se deteriorar. A Imperatriz
suspirou, um pouco pesadamente demais.
“Vossa Majestade, e quanto ao jantar?” — perguntou a criada que estava ao seu
lado.
“Está tudo bem.”— Disse balançando a cabeça lentamente. No estado em que
estava, mal tinha apetite.
Ela se sentou em uma cadeira, tentando conter a tontura. Sentia-se leve. Seu
trabalho era interminável, e não podia interrompê-lo. Seus deveres reais não
permitiam isso. Ouviam-se ao longe risadas, gritos e música. Normalmente,
aqueles aristocratas mantinham uma postura decente, mas naquele dia todas as
máscaras haviam caído. Bebiam tanto quanto lhes era oferecido, gritavam e
rugiam de alegria.
A Imperatriz Regente, de repente, lembrou-se da figura de um homem. Estaria ele
participando daquela algazarra? Provavelmente tomaria alguma dama nobre nos
braços e a puxaria para um beijo.
A Imperatriz mordeu o lábio. Não importava. O que ele fizesse não era da conta
dela. Ela se concentrou nas cartas e documentos, tentando afastar os
sentimentos confusos. Felizmente, conseguiu mergulhar em seu trabalho,
esquecendo o barulho exterior e o rosto do homem.
Ela não sabia quanto tempo havia se passado. Olhou para cima ao perceber
alguém batendo na porta. — “Quem…”— A porta se abriu de repente, sem aviso.
“Ainda está afogada em papelada?” — Um homem alto entrou em seu quarto sem
permissão. Ela ergueu a cabeça lentamente, sem responder.
“Achei que não haveria problema. Você não respondeu e parecia distraída.” — Ele
estalou a língua. A Imperatriz Regente olhou para a porta — e percebeu que as
criadas haviam desaparecido.
Ela não poderia mantê-las ali, mesmo que quisesse. Elas não eram suas. Desde a
serviçal mais próxima até o cavaleiro de escolta e todos os que a serviam no
círculo interno — nenhum deles era realmente dela.
Ao ouvir a porta se fechando, o rosto da Imperatriz empalideceu.
“O banquete ainda não terminou. Por que não aproveita um pouco mais?” — Ela
tentou manter a calma, mas sua voz tremia.
“A Imperatriz não está se sentindo bem. Não podemos desfrutar da festa em paz.
Como seu servo, é meu dever verificar seu bem-estar.”
O tom do homem estava cheio de preocupação, mas a Imperatriz Regente sabia
que era tudo uma mentira.
“Estou bem, então…” — Ela pretendia ordenar que ele voltasse para o banquete,
mas antes que pudesse falar, o homem se aproximou rapidamente. Um lampejo
de luz cruzou seu rosto — era incrivelmente belo. Mas, para a atual Imperatriz,
seus olhos pareciam os de um mensageiro do inferno.
Na verdade, ele havia tirado — e ceifado — inúmeras vidas.
O homem estendeu a mão e acariciou o rosto e o pescoço dela que afastou a mão
dele. Mais do que um gesto de raiva por sua insolência, parecia um movimento
desesperado, como o de um animal assustado.
Ele segurou a mão da Imperatriz Regente e a beijou levemente.—“Você está
pálida. Fico preocupado pois está sempre se esforçando demais.”
“…Sim. Preciso descansar hoje. Então, por que não retorna também?”
A Imperatriz Regente deu um passo para trás e balançou a cabeça.
Aquele homem — o Grão-Duque de olhos vermelhos como sangue. Ela sempre se
sentia apavorada diante dele, ainda mais depois de ver sangue inocente naquele
dia; tremia só de lembrar o rosto do cervo prateado.
“Claro que retornarei. Depois de me certificar de que o precioso corpo de Vossa
Majestade não sofre nenhum desconforto.”— O Grão-Duque sorriu suavemente.
Então colocou a mão na cintura da Imperatriz Regente, que naquele momento
cambaleou.