As Noites da Imperatriz (novel) - Capítulo 01
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Tradução: Gab
Revisão: Gab
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Os caçadores retornaram ao entardecer, trazendo consigo as feras que haviam abatido. Sons de risadas alegres, conversas, relinchos e o som metálico das armas ecoavam por todos os lados, criando um ambiente barulhento e agitado.
Sentada sob uma ampla área sombreada, a Imperatriz Regente franziu levemente o cenho. Ela fora obrigada a assistir ao evento, apesar de seu desprezo evidente pela caça feita apenas por diversão. À medida que o cheiro dos animais mortos se aproximava, a Imperatriz sentiu-se enjoada, mas suportou.
Os nobres que chegaram diante dela exibiam orgulhosos as feras que haviam caçado, pois cabia à Imperatriz Regente distinguir o mais honrado entre eles e conceder o título de vencedor.
Após uma breve deliberação, a candidata escolhida foi a Condessa Francis. Ela havia capturado uma raposa de pelagem vermelha e vívida… outros, porém, haviam caçado um javali enorme, uma espécie surpreendentemente rara de cervo prateado e…
A Imperatriz Regente desviou o olhar do último candidato e apontou o dedo para a raposa. — “O escarlate brilhante chamou a minha atenção. Há apenas alguns arranhões no couro, o que prova a habilidade da caçadora, isso é um fato. Condessa Francis, você é a vencedora deste ano.”
Vencer a Competição de Caça de Konkuk era considerado uma grande honra. A condessa ficou surpresa, assim como os outros que estavam ávidos pelo título. Rapidamente, ajoelhou-se e falou com cortesia:
“É uma grande honra que Vossa Majestade aprecie minhas humildes habilidades de caça, porém esta é uma honra muito grande para alguém como eu. Com todo respeito, Vossa Majestade, seria mais razoável conceder o título honorário ao Grão-Duque de Roark, pela captura do raro e belo cervo prateado.”
“Está sendo razoável demais. É uma decisão justa e sensata escolhê-la como vencedora honorária. Veja — o javali do Marquês foi esfaqueado no abdômen, sua pele toda danificada, e o cervo do Grão-Duque de Roark parece promissor, mas sua boca está manchada de sangue — sinal de tormento por horas antes de morrer, e não de uma morte rápida e intencional. Por outro lado, sua raposa não tem marcas além do ferimento fatal no pescoço. Pelo golpe, vê-se que sua intenção foi diminuir o sofrimento do animal. Na caça, deve-se ser cortês e respeitoso ao tirar uma vida. É verdade que outros caçaram presas maiores, mas não há aqui quem seja mais digno do que você.”
Com tais palavras, a Condessa não pôde mais insistir. — “Sim. Agradeço, Vossa Majestade.”— Respondeu, curvando a cabeça.
Somente então os aplausos ecoaram. Com a vencedora definida, era hora de retornar ao Palácio Imperial e aproveitar o banquete em comemoração ao 200º aniversário da fundação do império. Este ano, o banquete prometia ser muito mais grandioso do que os anteriores.
Enquanto os criados ajudavam seus senhores a se prepararem para a partida após a caçada, o Marquês de Bjorn aproximou-se do Grão-Duque de Roark, que já montava em seu cavalo.
“Não entendo, Grão-Duque. Esse prêmio deveria ser seu! Meu Deus, escolher uma raposa em vez de um cervo prateado? Vossa Majestade acredita saber demais. Espero que não esteja importando-se tanto com isso.”
“Não, Vossa Majestade tem razão. Fiquei tão empolgado ao encontrar o cervo que esqueci da etiqueta e dos modos que devo manter. A Imperatriz Regente me iluminou quanto a isso. E isso já me basta.”
O Marquês resmungou diante das palavras humildes do Grão-Duque. —”O senhor é o súdito mais leal do império. Não sei por que Vossa Majestade…”
“Marquês.”— O Grão-Duque o interrompeu de imediato, e suas pupilas brilharam em um vermelho frio e ameaçador.
O Marquês ficou tenso e engoliu a saliva seca. Passara metade da vida guardando a fronteira e, embora fosse mais velho, orgulhava-se de não ficar atrás dos jovens. Mas agora, sentia-se como um rato diante de um tigre — e aquele tigre era o Grão-Duque, mais jovem que seu próprio filho.
“Cuidado com as palavras, Marquês. Há muitos ouvidos atentos. E você, como nobre, deveria medir o que diz.”— Ao terminar a frase, o Grão-Duque puxou as rédeas do cavalo e se aproximou da carruagem da Imperatriz Regente.
Olhando para as costas dele, o Marquês de Bjorn engoliu o palavrão que ia soltar. Não queria admitir que um jovem o havia colocado em seu devido lugar — apenas pensar nisso fazia a raiva o consumir.
“Aquele desgraçado! Será que ele não sabe que o apelido dele é ‘o cão leal da Imperatriz Regente’? Que ouvidos?! Você mesmo é o ouvido dela…!”
Quando o Grão-Duque se posicionou atrás da carruagem da Imperatriz Regente, como um escolta, a comitiva parou de repente e a cortina da janela se abriu. O rosto da Imperatriz apareceu — ela parecia estar enjoada.
“Vossa Majestade, está bem?”— O Grão-Duque de Roark aproximou-se da carruagem e estendeu o lenço. A Imperatriz Regente virou o rosto friamente, lançando um olhar ao lenço e depois ao rosto do Grão-Duque, antes de fechar as cortinas sem dizer uma palavra.
Apesar da vergonha que aquilo poderia causar, o Grão-Duque entregou o lenço a uma criada próxima.— “Talvez seja necessário. Fique com ele.”
“Sim, senhor.”
O rosto da criada corou enquanto ela aceitava timidamente o lenço. Por um instante, não conseguia compreender como a Imperatriz Regente podia desprezar a gentileza de um homem tão amável.
Durante todo o trajeto até o Palácio Imperial, a Imperatriz não pediu o lenço — permitindo que a criada desfrutasse da pequena sorte de possuir um pertence pessoal do Grão-Duque.