A Batalha pelo Divórcio - Capítulo 14
Ela sabia que suas palavras eram completas mentiras. Mesmo que realmente não houvesse criados ali, como ele afirmava, a Senhora Viúva de Waldeck ainda ficava nos aposentos da Grã-Duquesa, no quarto andar.
— A tia… ela fica no quarto andar — ela ofegou, se contorcendo sob o toque dele. — Por favor… você precisa parar com isso.
— Ah, certo, minha tia. Obrigado por me lembrar, Izzy — disse Maxim, com uma expressão que deixava claro que realmente havia esquecido.
Era exatamente o tipo de atitude descarada esperada de um homem que havia declarado audaciosamente sua rebeldia no jantar sem pestanejar.
— Devo contar a ela o quão animada nossa Izzy ficou depois de comer tão bem?
— Não, por favor, não…! — Daisy balançou a cabeça freneticamente.
Esse lunático mudava de ideia o tempo todo sobre querer ou não dormir com ela. Seu comportamento imprevisível o fazia parecer completamente instável.
— Eu vou compartilhar um segredinho com você.
Maxim pressionou seu corpo mais perto de Daisy, que lutava para recuperar o fôlego. Seu hálito quente contra seu ouvido enviou arrepios pela sua espinha.
— Você deve se lembrar bem disso. Essa informação vai ser muito útil quando precisar me controlar e me domesticar.
— Por favor, não…
— A verdade é que, quanto mais você luta e resiste, mais excitado eu fico.
Exatamente como ela temia, algo duro e quente pressionou contra Daisy.
Esse desgraçado maluco. Nem sequer conseguiu esperar um instante para ficar excitado de novo.
O rosto dela se retorceu de nojo.
— Quando você luta tão desesperadamente, chega a ser quase comovente, de um jeito bem fofo. Isso me dá vontade de atormentá-la até as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, te quebrar por completo, até que fique totalmente obediente.
— V-você é um tarado!
— Já disse, eu adoro quando você mostra esse seu lado feroz, Izzy.
As preferências dele eram irreversíveis. Ela precisava fugir deste monstro, nem que fosse fingindo ser fraca. Já que ele dizia que suas lutas o excitavam, e que adorava sua resistência, não tinha intenção alguma de dar a esse pervertido exatamente o que queria.
— Está doendo… por favor, me solta.
— Pense bem. O que me faria querer te soltar?
— Por favor, só… me solte…
— Não, você precisa me mostrar com ações, não só palavras.
Como ele disse que suas lutas o atiçavam, Daisy decidiu tentar o oposto. No instante em que a ideia surgiu, ela deixou o corpo ficar completamente mole.
— Agora, sim, boa menina.
O aperto de ferro de Maxim finalmente afrouxou quando ela parou de resistir.
— Me desculpe. Te machuquei muito? Acho que ainda estou bêbado, e não consegui controlar minha força direito.
— Está doendo…
— Ainda assim, tenho bom senso suficiente para não te violar, Izzy, então não precisa se preocupar.
‘Que nojento.’
Maxim levou o pulso machucado de Daisy até os lábios e beijou a pele avermelhada com uma delicadeza quase reverente, como se manuseasse algo precioso.
— Mas se você continuar me provocando, não posso prometer que vou conseguir me controlar.
Ela nem tinha energia para discutir sua lógica distorcida. Mais precisamente, sua vontade de lutar havia completamente desaparecido.
Seria choque? Ou incredulidade?
Não conseguia identificar a causa. Uma emoção esmagadora subiu dentro dela, fazendo seu rosto arder enquanto lágrimas nublavam sua visão.
— Você está chorando?
Ele segurou o rosto de Daisy entre as mãos e, com a ponta dos dedos, enxugou as lágrimas dos seus olhos avermelhados.
— Por favor…
— Ver sangue te assusta?
Não, não era isso. Ela já tinha testemunhado tanto derramamento de sangue que tinha se tornado imune a ele. O verdadeiro motivo das lágrimas era o próprio Maxim von Waldeck, o responsável por aquele sangue. Não por medo, mas por pura frustração que seus olhos transbordavam.
Maxim von Waldeck era realmente insano. Talvez fosse devido ao treinamento dele nas forças especiais, mas tinha que admitir: sua força ultrapassava a de qualquer adversário que já havia enfrentado. Mesmo sabendo disso, a raiva ainda queimava dentro dela.
Lutar não era só força bruta. Para ser honesta, Daisy nunca fora fisicamente forte. Sua estratégia sempre foi usar agilidade: encontrar pontos fracos, atingir áreas vitais — independentemente da diferença de força.
Essa abordagem sempre funcionou perfeitamente. Jamais havia falhado antes. Mas contra ele, toda técnica se mostrou completamente inútil.
Ela estava se movendo muito devagar? Não, esse não era o problema. Desde que sua cabeçada feriu seu lábio, Maxim von Waldeck se tornou impossível de tocar. Ele bloqueou cada ataque com precisão perfeita, como se pudesse ler a mente de Daisy e prever cada movimento seu.
Mas ela não era Easy? Aquela que eliminava seus alvos sem esforço?
Como podia estar sofrendo uma derrota tão completa sem conseguir acertar um único golpe significativo? Essa humilhação avassaladora era inédita. Sempre teve confiança nas próprias habilidades. Um ano sem prática poderia tê-la enfraquecido tanto?
Seu orgulho como ex-assassina de elite estava em ruínas, substituído por um amargo ódio por si mesma. Dominada por esse sentimento desconhecido de impotência, ela não sabia como reagir. Tudo tinha dado errado.
Não estava assustada ou com medo.
Estava simplesmente tão furiosa que lágrimas transbordavam de seus olhos. Muito envergonhada para escondê-las, Daisy deixou que caíssem livremente.
Mais cedo, o choque a levou a se defender instintivamente, mas logo se lembrou que Maxim von Waldeck ficava fraco diante das suas lágrimas. Se chorasse o suficiente, ele poderia se sentir culpado e seria menos provável que fizesse algo extremo.
Com esse plano em mente, ela deixou lágrimas escorrerem por suas bochechas, mas isso se revelou mais um erro de cálculo.
— Hmm… outra coisa — ele disse, pensativo. — Eu também fico particularmente excitado quando vejo alguém chorar.
Meu Deus! Esse era o pior dos cenários.
Outra revelação perturbadora, dita tão casualmente que a deixou atordoada. E o absurdo não terminou aí.
— Que coincidência perfeita que minha Izzy fica especialmente linda quando chora.
Ele tinha realmente dito algo parecido antes. Como ela não percebeu os sinais?
Não, talvez fosse natural não perceber. Quem esperaria que alguém ficasse excitado ao ver outra pessoa chorar?
— Não se preocupe com nada, Izzy. Você viu mais cedo, certo? Eu sempre cumpro minhas promessas. Hoje à noite, vou apenas dormir quietinho ao seu lado.
— …
Ela sequer tinha energia para responder.
— Eu prometo de verdade.
Seus olhos continham uma sinceridade genuína, o que a fez acreditar que ele cumpriria realmente a promessa de não a forçar.
Apesar de ter todo o poder para tomar o que quisesse, Maxim não foi além de beijar. E agora sabia que revidar só o excitava mais. A resistência parecia completamente inútil. Ela tinha usado cada pingo de força naquele breve momento, esvaindo-se completamente.
Uma onda esmagadora de impotência e exaustão a invadiu. Daisy desabou, fraca, sobre a cama macia.
— Agora, você também deve se limpar, Izzy. Precisa tomar um banho depois de ter ficado lá fora, ou pode ficar doente.
Maxim depositou um beijo na pontinha do nariz de Daisy antes de se sentar. Seu comportamento gentil lembrava o modo como as Irmãs falavam com crianças antes de dormir. Aquela doçura contrastava violentamente com o perigo evidente em sua postura.
— Quer tomar banho primeiro? Ou depois de mim?
Qual opção seria menos terrível?
Negar não era algo que Maxim von Waldeck permitiria. Tendo perdido toda a vontade de lutar e sem forças para resistir, ela precisava escolher entre duas péssimas alternativas.
Enquanto encarava o teto, vazia, tentando decidir, Maxim sugeriu outra possibilidade:
— Você parece cansada demais para tomar banho sozinha. Quer que eu te ajude, querida?
— Não.
Daisy balançou a cabeça fracamente, completamente esgotada. Era a pior sugestão possível, mas ela estava cansada demais de sua luta anterior para protestar.
— Não se preocupe comigo. Só… vá tomar seu banho, Max.
— Está se sentindo mal?
Há poucos momentos ele apertou seu pulso com força suficiente para quase quebrá-lo, e agora fingia se importar com seu bem-estar. Era como envenenar alguém e depois oferecer remédio, sequer valia um comentário.
— Não. Estou bem. Apenas vá tomar seu banho.
— Se é isso que você prefere, então farei isso, querida.
Já esperava outra discussão, com ele insistindo em ajudar com o banho, mas Maxim, surpreendentemente, cedeu sem qualquer resistência. E justo quando começou a se sentir aliviada, um farfalhar a fez olhar para trás. Maxim estava tirando a roupa.
Santo Deus. Ele não podia pelo menos fazer isso no banheiro? Por que precisava fazer um espetáculo se despindo aqui mesmo?
Por um breve e infeliz momento, seu torso perfeitamente esculpido ficou diante de seus olhos, e ela instantaneamente se arrependeu de ter olhado.
Já sabia que ele era orgulhoso do corpo. Mas o jeito que ficava se despindo sem aviso fazia seu rosto queimar de vergonha.
Se ela comentasse algo, ele só responderia com: “O que há para se envergonhar entre marido e mulher?”
Ela já tinha passado vergonha antes por encarar por muito tempo.
“Vai gastar meu rosto de tanto olhar.”
“Você fica me olhando de canto de olho.”
Por que tinha o encarado tão intensamente? Lembrar de seu comportamento tolo de antes fazia ela querer se esconder sob as cobertas de vergonha. Pelo menos só encarou o seu rosto, e ele tinha deixado passar. Mas e se ela o tivesse visto completamente nu por acidente?
“Então, o que achou? Me ver nu te fez mudar de ideia? Quer fazer sexo comigo agora? Na cama ou na banheira? Estou pronto. Em qualquer lugar, a qualquer hora, contanto que seja com você.”
… e comentários similares se seguiriam. Não queria saber como esse homem reagiria se a flagrasse olhando, que tipo de bobagem diria depois?
Apenas imaginando por um segundo, quase podia ouvir as palavras vulgares de Maxim ecoando em seus ouvidos.
Daisy virou o rosto imediatamente para o lado oposto. O tempo parecia se arrastar infinitamente. O farfalhar do tecido finalmente parou, seguido por passos pesados se aproximando.
— Vou tomar banho agora. Espere aqui. — A voz profunda e sedutora ressoou perto de seu ouvido.
Daisy manteve os olhos bem fechados, convencida de que mesmo a menor espiada revelaria o corpo nu.
Sentiu sua mão grande acariciando gentilmente seu cabelo.
— Se você desaparecer novamente sem minha permissão, tomaremos todos os nossos banhos juntos, a partir de agora.
Depois de deixar essa promessa ameaçadora, ele entrou no banheiro.
Continua….
Tradução: Elisa Erzet
Eve_K
Tô gostando dessa história, mas espero que ela não fique muito tempo fazendo doce.
Bern4aa
To ansiosa, qnd sai mais cap?