A Batalha pelo Divórcio - Capítulo 12
Desgraçado. Ele só menciona a minha mãe quando está perdendo no debate.
A mãe biológica de Daisy também havia sido uma agente, supostamente morta em um ataque surpresa ordenado pela família real. Após sua morte, o Conde Thereze acolhera Daisy, criando a menina órfã como sua própria filha. Tinham vivido tantos anos juntos que ele conhecia suas fraquezas melhor do que qualquer pessoa, e jamais hesitava em usá-las quando convinha aos seus propósitos.
— Pense na nossa causa, Easy. — ele insistiu.
A causa. Daisy já nem sabia o que aquilo significava. Seria destruir a família real, os inimigos que haviam matado sua mãe? Mesmo que ela nunca tivesse visto o rosto dela?
Uma onda silenciosa de autopiedade a tomou. E, ainda assim, o simples fato de não conseguir se afastar mostrava que, entendendo ou não, continuava presa por nascimento àquela causa grandiosa e terrível.
— … Minha foto — disse ela lentamente, após um momento de silêncio. — Você preparou e deu a ele?
O retrato de Daisy que Maxim von Waldeck sempre usava pendurado no pescoço. Era uma pergunta trivial, mas que incomodava. Ela não conseguiu evitar.
— Que foto?
— Não importa. Adeus.
Se ele realmente não sabia ou apenas fingia, Daisy não podia dizer. Percebeu que insistir seria inútil. Sem mais uma palavra, deixou a sala de visitas.
🌸🌸🌸
O organograma era inútil. Essa foi a única resposta que Daisy obteve em sua visita a Thereze. Agora, suas únicas opções eram sobreviver contando apenas consigo mesma ou escapar de alguma forma.
Mas se ela desistisse agora, e o dinheiro?
Ainda tinha todos os membros do corpo intactos. Sempre poderia arrumar trabalho. Mas será que podia simplesmente ir embora só porque queria?
Thereze a deixaria partir?
E o convento? As crianças?
Se sentia completamente encurralada. Poderia realmente viver na propriedade Waldeck?
Ela não sabia. Não conseguia discernir. Tudo parecia turvo, como se ela tivesse sido abandonada no meio de um deserto vasto e vazio.
Não haveria alguma forma de ser afastada da propriedade Waldeck por circunstâncias inevitáveis, e sem causar escândalo?
Quanto mais pensava, pior ficava a dor de cabeça. No caminho de volta, Daisy chegou finalmente a uma conclusão surpreendentemente simples:
Não precisava pensar tanto. Se não deseja que este casamento continue…
Quando o carro entrou na propriedade Waldeck e se aproximou da mansão, seus pensamentos haviam se tornado notavelmente claro.
Porque ela podia simplesmente se divorciar.
Acredite ou não, o Conde Thereze alegou que Maxim von Waldeck a escolhera como sua esposa de fachada justamente porque ela era seu tipo.
Então, se Maxim von Waldeck não a quisesse mais, o casamento terminaria. Era simples assim. Por que ela tinha perdido tanto tempo se preocupando com isso?
‘E daí se eu me divorciar? O que eles poderiam fazer?
Se o alvo recusasse, nem a organização teria poder. O verdadeiro problema era: como fazê-lo querer o divórcio?
Dizem que conhecer o inimigo e a si mesmo garante a vitória. O que Daisy acabara de aprender sobre Maxim von Waldeck, que ele era arrogante, desenrolado e tinha um apetite sexual insaciável.
Características típicas de um gigolô.
Ainda assim, considerando que ele era seu primeiro marido, chamá-lo de gigolô parecia desnecessariamente cruel. Ela revisou generosamente o termo em sua mente para libertino.
A habilidade em abrir o sutiã dela dissera mais do que palavras. Suas mãos se moviam com uma facilidade prática, cada movimento fluido e preciso. Quem conseguiria tamanha habilidade sem vasta experiência?
Ao chegarem à mansão, o assistente de Maxim correu para abrir a porta do carro. Daisy pisou no jardim silencioso e elegante de Waldeck e lançou um olhar de lado para o rosto de Maxim.
Ele é bonito, mesmo com pouca luz.
Francamente, era mais surpreendente que um homem com aquela aparência não tivesse ainda mais mulheres. Daisy tinha certeza de que, se tivesse nascido com aquele rosto, não seria uma santa. Teria montado um harém e vivido uma vida de pura devassidão.
‘Acho que os tarados mais odeiam é… a abstinência interminável.’
Ele podia parecer focado na esposa agora, recém-casados, mas Daisy tinha absoluta certeza: a verdadeira obsessão de Maxim von Waldeck não era a esposa, e sim o sexo.
A ideia de ele se apaixonar após alguns encontros parecia bem menos plausível do que a explicação: maníaco sexual.
Se ele não transar logo, vai pirar.
Daisy acreditava que estava interpretando bem o papel de frágil e tímida. Parecia melhor continuar fingindo ter medo de sexo. Bem, não era exatamente fingimento, considerando o que Maxim escondia nas calças. Mesmo entre pessoas normais, não apenas pervertidos, problemas sexuais muitas vezes eram motivo de divórcio.
‘Se eu não quiser, não preciso fazer. Simples.’
Não podia acreditar que tinha perdido tanto tempo se preocupando com algo tão bobo.
— Você vai gastá-lo, — disse Maxim casualmente.
— Perdão?
— Meu rosto. Você está encarando.
Ela piscou, surpresa, percebendo de repente quanto tempo seu olhar permanecera sobre ele. Talvez tivesse encarado por tempo demais.
Sem sequer olhar para ela, Maxim perguntou em um tom quase indiferente:
— Tem algo que você queira me dizer?
— Não. Na verdade, não…
— Bem, suponho que eu seja bonito mesmo. Realmente tenho um daqueles rostos dos quais é difícil desviar o olhar.
Ouvir ele se gabar da própria beleza era simplesmente tão irritante. Daisy apertou os lábios com firmeza, e Maxim não insistiu.
A suíte do Grão-Duque e da Grã-Duquesa ficava no quarto andar da mansão principal. No entanto, até o retorno de seu marido, Daisy fora tratada com indiferença, chamada de Senhorita Thereze e deixada em um quarto de hóspedes no terceiro andar.
— Você vai dormir bem? Maxim perguntou casualmente enquanto subiam a escadaria principal.
— Sim, já é tarde, então acho que sim.
— Entendo.
Por que perguntar algo tão óbvio? Quando chegaram ao final do corredor do terceiro andar, Daisy se despediu.
— Então, boa noite.
— Boa noite para você também, Izzy — respondeu ele com um leve sorriso.
Após uma breve reverência, Daisy caminhou até seu quarto no fim do corredor.
‘Estou exausta.’
Foi um dia absolutamente esmagador. Seus joelhos tremiam, provavelmente pela lenta onda de uma tensão que ela segurava há muito tempo.
Mas, ao estender a mão para a maçaneta, sentiu alguém atrás dela. O peso daquela presença a forçou a virar.
— Por que você está me seguindo? — Daisy perguntou, com a voz tensa, ao se virar para encará-lo na porta.
Maxim ergueu as sobrancelhas e respondeu como se fosse óbvio:
— Bom… Izzy você veio para este lado, não é?
‘… O que isso significa?’
Por um momento, Daisy não entendeu. Arregalou os olhos, inclinando a cabeça, confusa. Certamente falavam a mesma língua, mas, de alguma forma, não estavam se comunicando.
— O que eu vir para cá tem a ver com o Grão-Duque me seguir?
— Grão-Duque? Você devia me chamar de Max.
— Tanto faz.
— Max. — O homem foi bastante enfático. — Sinto muito, mas não responderei a menos que você me chame de Max.
— Haa… Tá bom. Max.
Por que ele é tão insistente com esse apelido idiota?
Daisy soltou um suspiro leve e olhou diretamente em seus olhos.
— Pode explicar por que isso importa? De uma forma que faça sentido para mim?
— Por que não importaria? Não é natural que um casal durma no mesmo quarto?
— ……
— ……?
O silêncio ficou pesado entre eles enquanto se encaravam.
Resumindo, suas ideias de natural eram completamente opostas. Para Daisy, dividir um quarto seria constrangedor, enquanto Maxim acreditava que era perfeitamente normal. Difícil imaginar algum ponto em comum.
— Então… você está dizendo que vai dormir neste quarto comigo?
— Sim.
— Só nós dois? Sozinhos?
— Sim.
— ……
— Por que a surpresa? Há algum problema?
A confiança dele a deixou sem palavras.
Não, mas por que ele abandonaria seu próprio quarto para dormir ali?
Aquele não era um quarto qualquer, era o aposento do Mestre da Casa, o mais luxuoso de toda a mansão. Em comparação, o quarto de Daisy era pequeno e totalmente modesto.
Eles eram nominalmente marido e mulher, e sim, era natural que casais dividissem o quarto. Mas ela ainda não conseguia se imaginar dormindo com aquele pervertido louco.
— Hum… e a suíte no quarto andar? Ouvi dizer que o senhor da mansão usa… Não é o seu quarto?
— Está certa.
— Dei uma espiada outro dia. É muito maior, mais confortável e melhor do que este. A cama é enorme também. O meu quarto não é nada de especial, e é bem pequeno. É um pouco apertado até para uma pessoa.
— É pequeno mesmo. Dei uma olhada antes. — Ele riu, divertido com as desculpas afobadas dela.
— De qualquer forma, este quarto… Acho que não é adequado para um herói como você.
— Concordo plenamente.
— Tem um bem melhor lá em cima. Por que não usa aquele?
— Eu vou usar.
— Ótimo! Então… se vai usá-lo, deveria ir para lá dormir agora…
— Então… vamos juntos?
Continua…
Tradução: Elisa Erzet