A Batalha pelo Divórcio - Capítulo 11
Ela já ouvira sobre isso antes, quando foi designada a esta missão: o homem era o Cão de Caça Régio, e também um membro da Monarquia de sangue Real, então era melhor ter cautela. As explicações, porém, sempre haviam sido vagas e evasivas. Desta vez, precisava de respostas diretas.
— Todo mundo evitava essa posição mesmo, — disse Thereze, com o tom evasivo. — Plantamos você lá só por precaução, caso algo assim acontecesse.
Era sempre a mesma história. Suas intenções ocultas transpareciam claramente. Definitivamente, havia algo suspeito nele.
— Então você antecipou que algo assim poderia ocorrer? — pressionou Daisy.
— Eu disse por precaução. Ainda assim, ele é bem bonito, não acha? Você gosta de homens atraentes, não é?
— Bem, isso é verdade, mas…
Honestamente, ela não podia negar que ele era bonito. Uma masculinidade pura emanava de sua forma perfeitamente cuidada, um verdadeiro puro-sangue entre os homens. Embora soasse grosseiro, ele possuía aquela qualidade magnética que fazia você querer reivindicá-lo com um único olhar, prová-lo pelo menos uma vez. Mas esses eram puramente instintos animais.
Ao contrário de Maxim von Waldeck, cuja mente parecia consumida apenas por sexo, Daisy vivia por princípios diferentes. A lógica guiava suas decisões, não os impulsos básicos. Com órfãos dependendo dela e sua aposentadoria já planejada, ela se recusava a se envolver em qualquer missão complicada.
— Ouça, Easy. Nossos outros agentes frequentemente enfrentam coisas muito piores, com alvos bem mais feios.
Ele tinha um ponto. Agentes não podiam selecionar seus alvos com base na aparência. Recebiam ordens para seduzir homens velhos, barrigudos e hediondos e chupá-los, quando necessário. Claro, Daisy jamais aceitaria fazer isso, nem no passado, nem agora, nem nunca.
— Ainda assim, se for preciso, não seria melhor ser com um homem bonito do que com um feio?
— ……
— Lembra do seu sonho de viver normalmente e namorar como pessoas comuns? Considere isso um treino. Você já o beijou, então se você apenas se entregar um pouquinho mais…
— Desde quando você controla o que eu faço com o meu próprio corpo? Está tentando me matar?
— Tudo bem, tudo bem, desculpe. Deixe eu elaborar uma estratégia adequada. Só me dê um tempo, por favor.
O Conde Thereze juntou as palmas das mãos em súplica, enquanto o olhar feroz de Daisy exigia explicações.
— Fique quieto se vai dizer esse tipo de bobagem.
— Sério, ouça como essa garota fala. Você não tem o menor respeito por mim — disse ele, com sarcasmo discreto.
— Ganhe o meu respeito agindo de maneira honesta.
Ela estalou a língua, frustrada, contendo uma torrente de palavrões que queimava na ponta da língua.
— Não fiquei parado, sabia? Minha preocupação por você nunca termina. Pegue. — o conde Thereze entregou uma pasta com o dossiê de investigação sobre Maxim von Waldeck.
— Não devia ter me dado isso antes?
— Você tem razão. Mas não esperava que aquele sujeito voltasse vivo, fora do círculo interno, ele evita contato humano. Então não havia muita informação para achar. Enfim, minhas desculpas.
Todo erro vinha com uma justificativa, pensou Daisy enquanto examinava os documentos.
Maxim von Waldeck, 26 anos.
Filho ilegítimo da Princesa Helene, a renomada filha de Konrad II, seu pai biológico era Sir Jayden Clyste, o guarda pessoal da Helena. O falecido Grão-Duque Waldeck era irmão da Princesa, tio materno de Maxim von Waldeck.
Esses fatos básicos já eram um tanto familiares para Daisy.
Ganhou notoriedade como mercenário durante a rebelião dos bárbaros no Continente Ocidental. Seu histórico anterior permanece obscuro.
Após garantir uma vitória importante regional contra Lobeil, a Corte Real notou o homem e autorizou sua entrada na Academia Militar Real. Se formou antecipadamente com a mais alta honraria antes de ingressar na Guarda Central.
Sua liderança excepcional nas Forças Especiais Reais rendeu-lhe tanto condecorações quanto promoções.
Seu marido tinha um histórico de serviço bastante impressionante.
Conhecido pelos métodos brutais de interrogatório que quebravam espiões e prisioneiros. Todo prisioneiro de Lobeil era executado imediatamente após confessar.
Meu Deus! Se sua identidade fosse descoberta, significaria morte certa. E, ainda assim, esperavam que ela ficasse calma e aguardasse um plano obscuro enquanto aquela fera andava solta?
Impossível. Os documentos deixaram o rosto de Daisy carregado de preocupação.
— Há rumores de que seu marido extorquiu um pagamento substancial da Família Real por esta ação militar.
— Extorquiu pagamento? Mas ele serve como cão de guarda da Monarquia.
Desde quando cães de guarda exigiam pagamento de seus mestres? A ideia desafiava a própria lógica.
— A Família Real se viu encurralada. Precisavam de tempo para evacuar rumo às fronteiras, — explicou Thereze.
O ataque pegou todos desprevenidos. Dadas circunstâncias tão desesperadoras, aquele pervertido deve ter marchado para a batalha sem mesmo consumar o casamento.
A compreensão surgiu.
— Status real e autoridade de comando de emergência, esses foram os termos de mobilização de Maxim von Waldeck. Enfrentando uma morte quase certa na frente de batalha, eles não tiveram escolha senão aceitar.
— E ainda assim ele voltou triunfante. — disse Daisy.
— Sim, e o sentimento público agora favorece completamente o nosso herói de guerra.
A cobertura da imprensa certamente reforçava essa interpretação.
— Um novo herói do reino emergiu, e ele é um membro da Família Real. Não deveríamos mantê-lo sob estreita vigilância?
— Então por que isso tem que ser tarefa minha?
— Porque, dadas as condições atuais, você é a escolha mais lógica.
Manipulação completa. Talvez este tenha sido sempre o seu plano. Os olhos de Daisy estreitaram em suspeita.
— Além disso, Easy, esse homem a tornou bastante famosa. Você não percebeu?
Um jornal voou de sua mesa e aterrissou na mesa de centro.
[O Herói do Reino, Grão-Duque Waldeck! O que ele mais deseja fazer ao retornar?
Segurar minha amada esposa, Daisy, em meus braços.]
Droga. Ele havia lido aquilo.
Mesmo reler o artigo a fez desviar o olhar, envergonhada.
— Você acha que é só um artigo? Todos estão enlouquecendo, querendo saber quem é Daisy.
— … Entendi. Por favor, pare de falar sobre isso, ela choramingou, pressionando as têmporas.
Seu marido tem falado abertamente sobre sua expectativa pela noite de núpcias em todos os lugares. Dado seu uso da palavra “sexo” até mesmo na frente da Condessa viúva Waldeck, ela não deveria se surpreender.
Uma dor de cabeça começou a martelar enquanto Daisy massageava as têmporas.
— Por agora, não me sinto confortável em deixá-la sozinha na mansão Waldeck, então providenciarei uma assistente. Diremos que trabalhou como sua criada pessoal na propriedade da sua família.
— Quer dizer que esta plantando um espião para me vigiar.
‘Fui uma tola em esperar que pudesse pedir ajuda, mesmo que por um momento. Certo. A vida é para ser vivida sozinha.’
Ela suspirou profundamente e esvaziou o chá frio num gole desesperado. Sua garganta parecia ter areia.
— A mensagem foi clara: fique quieta e siga ordens.
— Tome cuidado com o tom, Easy. Agora você é supostamente filha de um nobre.
— Filha de nobre, o caramba. Se eu fosse realmente sua filha, você me trataria assim?
A xícara bateu sobre a mesa, arriscando quebrar, quando Daisy se levantou de repente.
— Tudo bem. Vou lidar com as coisas do meu jeito. Não espere que eu aceite a culpa por quaisquer consequências, lembre-se disso.
— Nós dois sabemos que está blefando. Você não é tão irresponsável assim. — disse Thereze.
— Cala a boca.
— De qualquer forma, vou te dar um tempo para pensar.
— Parece que você está planejando enfiar outra missão meia-boca goela abaixo. Esqueça—
— É sobre o Jamie, — ele interrompeu. — A condição dele piorou. Precisa ser hospitalizado imediatamente.
Jamie era a criança mais frágil do convento. Ele era frequentemente levado ao médico, mas remédios adequados permaneciam fora de seu alcance financeiro.
— A carta não mencionava nenhuma doença.
— A Irmã Sophia não te sobrecarregaria com tantas preocupações.
Isso combinava perfeitamente com o caráter da Irmã Sophia.
— Vou cobrir as despesas hospitalares. Até doarei ao convento em nome de Daisy Thereze. O que acha? Já que sua missão foi estendida, isso deve ajudar a superar essa crise.
Vê-lo explorar uma criança doente e o convento como barganha revirou o estômago dela. Daisy percebeu que continuar a ouvir significaria ficar presa em sua teia.
— Não finja generosidade agora, — retrucou.
— Easy, não fique apenas com raiva. Pense nisso racionalmente.
Enquanto Daisy se movia em direção à saída, o Conde Thereze acrescentou: — Sua mãe morreu completando uma missão. Você pode realmente abandonar a sua?
A menção à sua mãe biológica fez Daisy hesitar por um momento.
— Desde o momento que te acolhi, nunca me esqueci dela. Tenho certeza de que você sente o mesmo.
— ……
— Não vamos deixar que seu sacrifício por nós seja em vão.
Continua…
Tradução: Elisa Erzet