A Batalha pelo Divórcio - Capítulo 10
— O Jardim de Rosas representa a joia da Mansão Thereze, — explicou o mordomo, a voz ficando ofegante de tanto falar. — À noite, a fragrância torna-se absolutamente inebriante. Consegue sentir?
O silêncio foi sua única resposta.
— Importamos muitas variedades raras de terras distantes, cada uma bastante valiosa. Graças ao talento excepcional do nosso jardineiro, elas floresceram magnificamente este ano outra vez.
O mordomo não parava de lançar olhares nervosos para Maxim von Waldeck, que não oferecia qualquer reação. Desde que saíram da sala de estar, o Grão-Duque não demonstrou o menor interesse pelo jardim, mas sua completa indiferença beirava o insulto. Ele simplesmente caminhava para a frente como uma máquina, sem se dar ao trabalho de olhar ao redor.
Ainda assim, as ordens do Conde exigiam obediência. Aquele passeio existia apenas para dar a ele tempo a sós com Daisy, então o mordomo precisava prolongar o tour de algum modo.
Após pensar com cuidado, tentou uma abordagem diferente que poderia chamar a atenção do Grão-Duque Waldeck.
— Devo pedir ao jardineiro para preparar um buquê de rosas para a Grã-Duquesa?
— Duvido que Izzy tenha muito interesse por rosas. — Um sorriso frio, sem qualquer calor, cruzou o rosto de pedra de Maxim von Waldeck.
— Perdão? Mas Sua Graça sempre diz que este jardim é o lugar que ela mais gosta…
— Não me questione. Apenas diga sim. Odeio ser questionado. Entendeu?
— Sim… peço profundas desculpas pela minha falta de educação.
— Bom. Não cometa o mesmo erro novamente.
Então este é o famoso herói de guerra que todos elogiavam. Certamente não se parecia com outros nobres. O mordomo apenas repetira o que Daisy dissera na sala de estar, então ele não tinha realmente feito nada errado. Ainda assim, de algum modo sentia-se culpado e decidiu que pedir desculpas era a opção mais segura, fazendo uma reverência profunda em sinal de respeito.
— Beleza, fragrância, luxo… nada disso realmente importa. — Sem pedir permissão, Maxim subitamente quebrou uma rosa e a rodou entre os dedos, tomando o cuidado de evitar os espinhos afiados. — Não quero que minha Izzy toque algo tão perigoso.
Toda rosa vem com espinhos, sem eles, não seria uma rosa. Um toque descuidado podia significar um ferimento doloroso, sangramento ou até infecção.
— Todos deveriam poder relaxar completamente, especialmente quando estão admirando flores. Não concorda?
— Que sábias palavras, Vossa Graça, — concordou o mordomo rapidamente.
— Esqueci algo no carro. Se importa se eu for buscar?
— Claro que não, Vossa Graça. Apenas diga o que precisa, e eu trarei imediatamente.— O mordomo se inclinou em uma reverência perfeita.
— Não, irei eu mesmo.
— Muito bem, Vossa Graça. Por favor, permita-me mostrar o caminho.
O mordomo conduziu Maxim pelo Jardim de Rosas até onde seu carro aguardava, o mesmo veículo em que o Grão-Duque e sua esposa haviam chegado. Depois de dizer ao mordomo que esperasse à distância, Maxim abriu a porta traseira e entrou. Seu ajudante, que fora o motorista, virou-se do banco da frente e saudou rigidamente.
— Transmitiu a mensagem? — Perguntou Maxim.
— Sim, Vossa Graça. Procedi discretamente, exatamente como ordenou.
Seguindo as instruções de Maxim, o ajudante havia estacionado e começado conversas casuais com criados próximos. Para qualquer observador, ele parecia um empregado qualquer reclamando do patrão, exatamente o que Maxim von Waldeck queria.
— Me diga exatamente o que falou.
— Disse que o Grão-Duque enlouqueceu completamente por causa de uma mulher, e agora estou preso trabalhando em mais uma noite sem dormir devido a sua obsessão.
O ajudante observou Maxim nervoso, preocupado com sua reação.
Em vez de raiva, Maxim von Waldeck puxou um charuto, acendeu e riu baixinho.
Ótimo, ele ficou satisfeito. O ajudante rapidamente riscou um fósforo para acender corretamente o charuto de seu superior.
— E você descreveu minha mulher ideal?
— Sim, Vossa Graça.
— Conte-me.
— Cabelos cor de mel, olhos verdes, pele pálida, adora comer e possui uma personalidade vibrante…
— Perfeito.
Um leve sorriso surgiu nos lábios de Maxim ao ouvir a resposta ensaiada.
— Bom trabalho. Continue assim.
Maxim von Waldeck saiu do carro, tragando profundamente o charuto até as bochechas afundarem.
🌸🌸🌸
— Chefe, o que eu devo fazer agora?— Daisy explodiu assim que Maxim e o mordomo sumiram.
— O que houve? Vocês dois pareciam bem à vontade. Parabéns pela vitória do seu marido, grã-duquesa, —disse o Conde Thereze com um sorriso irritantemente presunçoso.
— Não finja que isto não é culpa sua! Como pôde ser tão descuidado?”
— Suas bochechas continuam coradas. E aquele sussurro doce no ouvido dele? Ora, você não estava gostando nem um pouquinho?
— Pare de falar bobagens, — cortou Daisy, perdendo finalmente a paciência com a atitude presunçosa do Conde Thereze.
— Opa, calma, Easy. Eu entendo, —disse Thereze, levantando as mãos em sinal de rendição.
— Você me jogou nesse desastre e agora finge que não é problema seu! Como exatamente eu deveria me manter calma?
— Desculpe, sinto muito. Vamos encontrar uma solução juntos. Só tente não ficar tão chateada.
Fácil dizer, quando não é a vida dele que está em jogo. Vê-lo tratar tudo como uma piada, sem oferecer ajuda real, fez a raiva de Daisy crescer.
— Você jurou que eu só precisaria interpretar a noiva. Isto é obviamente um golpe.
— Que golpe? Toda missão tem imprevistos, Easy. Você sabe como funciona.
— Imprevistos têm limite! Ponha a mão na consciência e pense honestamente. O homem que deveria estar morto voltou vivo e vitorioso. Você realmente chama isso de uma pequena mudança?
— Peço desculpas, —disse Thereze sem sentimento algum.
— Guarde suas desculpas vazias. Preciso de um plano de verdade, não de palavras bonitas. Por favor, apenas me ajude.
Se aquilo continuasse, ela ficaria totalmente presa à aquele homem perigoso, sem saída. Daisy engoliu as palavras desesperadas que queria gritar.
— Por enquanto… talvez devêssemos observar e esperar até entendermos melhor o que está acontecendo.
— Essa é a sua solução? — O rosto de Daisy ficou vermelho de fúria diante da resposta preguiçosa do Conde Thereze. — Qualquer um poderia ter sugerido isso.
— Sinto muito. Poderia me dar um desconto, só desta vez? Honestamente, nenhum de nós previu isso.
Isso era verdade. Ninguém previa a vitória esmagadora de Maxim von Waldeck. Quando ele partiu para a guerra inicialmente, as pessoas zombaram que o cão de caça real havia cumprido seu propósito e estava sendo descartado como bucha de canhão.
— A melhor opção seria você ficar por perto, continuar observando e nos reportar.
— Só sobreviver lá já parece impossível, — retrucou Daisy. — Todo dia é como andar sobre gelo fino. Você prometeu que seria fácil! Isso é completamente diferente do que combinamos. Está tentando me destruir de propósito?
— Te destruir? Como pode pensar assim? Você sabe o quanto eu a estimo.
Não é assim que pessoas que se importam se comportam, pensou Daisy com amargura, enquanto o Conde Thereze afastava suas preocupações como se não significasse nada.
— Sinto muito, Easy. Você está indo incrivelmente bem. Aguente mais um pouquinho. Sabe que eu confio em você, certo?
— Não quero ouvir isso.
— Você já sobreviveu a tanto. Não pode aguentar só mais um pouco? Pelo nosso propósito maior? Por favor?— implorou intensamente Thereze, a voz pingando uma falsa preocupação.
‘Esta cobra traiçoeira! Onde aprendeu a mentir tão bem?’ Daisy estava tão frustrada que mal conseguia formar palavras.
— Então por que você mesmo não tenta, chefe? Acha que isso é fácil?
— Qual é o problema real? Me conte tudo que eu ajudarei a resolver.
Muito bem! Talvez se explicasse claramente, ele pararia com as respostas vazias. Relutante, Daisy decidiu revelar exatamente o quão ruim sua situação se tornara.
— Ele não para de tentar me tocar, fazendo avanços inapropriados e se aproximando fisicamente.
— O que você quer dizer exatamente? — O Conde Thereze pressionou por detalhes.
Daisy respondeu desconfortavelmente: — Toda vez que ele me vê, menciona nossa noite de núpcias. Estou enlouquecendo tentando evitá-lo. Há um limite para quanto uma pessoa pode se esquivar.
— Vocês ainda não… fizeram sexo?
— O quê? Do que você está falando?— Daisy olhou confusa. — Era para isso já ter acontecido?
— Vocês pareciam tão próximos, — observou o Conde.
— Não somos próximos coisa nenhuma.
— Os olhos daquele homem te seguem por toda parte. Um homem reconhece quando outro está completamente obcecado. Esse olhar faminto, lascivo, é impossível de não notar.
— Pare de fazer piadas.
— Não é natural que um homem em sua idade tenha desejos fortes? Ouvi dizer que você é exatamente o tipo dele. Achamos que realizar o último desejo de um soldado moribundo era o gesto certo, então a enviamos.
— Por que usar a mim para conceder o desejo dele? Virou um cupido agora? Eu concordei em atuar como sua noiva, não em passar a noite de núpcias com aquele pervertido! — A voz de Daisy tremia de raiva quando tudo ficou claro. Aquilo violava definitivamente o acordo.
‘Estou tão furiosa que poderia matá-lo. Esqueça o dinheiro… devo simplesmente fazê-lo?’
Uma raiva ardente subiu das profundezas de seu ser. A mão de Daisy apertou o garfo de sobremesa até que seus nós dos dedos ficaram brancos.
— Easy, por favor, largue esse garfo. Você prometeu que não mataria mais ninguém.—O Conde Thereze deve ter percebido o quão ridículo soava, porque observou a mão dela cuidadosamente enquanto tentava acalmá-la.
Fique calma. Calma. Se acalme.
Matar é proibido.
Daisy lembrou a si mesma de seu juramento, rangendo os dentes enquanto se forçava a soltar o garfo.
— Já que Deus poupou sua vida, você deveria tentar viver de forma mais correta.
— Cometi pecados demais para ser salvo. Você não está na mesma situação?
— Pare de evitar a pergunta e explique por que você me arrastou para este desastre. Isso é o que eu realmente quero saber.
Ela precisava de respostas — e queria elas agora.
Continua…
Tradução: Elisa Erzet