A Batalha pelo Divórcio - Capítulo 04
Já algum tempo, apenas um pensamento martelava na mente de Daisy:
‘O que eu faço…?’
Sentada na banheira, ela mordiscava o polegar nervosamente, como uma criança.
Pétalas macias de flores, óleos aromáticos e uma quantidade absurda de espuma. Era um banho incomumente luxuoso para ela. O vapor do banheiro parecia tão denso quanto o futuro incerto que a aguardava.
‘Estou completamente perdida.’
Daisy não era do tipo que costumava perder a compostura. Mesmo em missões, imprevistos surgiam o tempo todo, mas ela sempre os resolvia com raciocínio rápido e improvisação habilidosa.
Mas hoje, esse raciocínio rápido acabou sendo um tiro no pé.
Ela revivia, sem parar, as palavras ridículas que havia soltado para Maxim.
“E-eu só preciso tomar um banho primeiro…”
‘Por que, em nome de tudo que é sagrado, eu fui dizer isso?’
Ela tinha conseguido ganhar algum tempo, mas olhando agora, dizer que precisava “tomar banho” era praticamente o mesmo que concordar com a consumação do casamento.
E isso nem era a pior parte. A resposta de Maxim von Waldeck foi o verdadeiro golpe final.
“Ah, isso é ótimo. Eu vim com pressa, também preciso de um banho.”
— …
“Vamos juntos, então?”
… Aquilo foi, com certeza, uma resposta inesperada.
Seu corpo inteiro estremeceu ao lembrar das palavras que ecoavam em seus ouvidos. Ela era especialmente sensível quando se tratava deles, e com aquele tom casual, porém educado, ele havia acertado precisamente seu ponto fraco.
“D-De jeito nenhum!”
‘Que vergonha… Eu podia pelo menos ter falado mais baixo.’
Envergonhada, sua voz saiu mais alta do que gostaria. Ela notou um leve lampejo de surpresa na expressão de Maxim, mas logo seus olhos azul-acinzentados se tornaram mais intensos.
“Por que não?”
“E-eu geralmente tomo banho sozinha…! Fico desconfortável se alguém me observa.”
“Não precisa ter vergonha. Somos marido e mulher.”
Maxim afastou delicadamente uma mecha de cabelo do rosto dela, como se achasse sua reação adorável.
“Tudo bem, então vá tomar banho.”
No mesmo instante, o homem ordenou que as empregadas preparassem imediatamente a água do banho para sua esposa. Claramente, ele não pretendia esperar.
O olhar reprovador da antiga grã-duquesa, somado aos sussurros animados das criadas, fizeram Daisy desejar sumir de pura vergonha. E mesmo agora, ao lembrar de tudo, sentia-se da mesma forma.
‘Isso está me enlouquecendo…’
Daisy jogava água no rosto repetidamente, tentando esfriar as bochechas coradas.
Não importa quão habilidosa e astuta alguém seja, todo mundo tem seu lado desajeitado. E, para Daisy, esse lado era, homens.
‘Isso não fazia parte do plano original.’
Ela sabia que missões podiam ter reviravoltas inesperadas, mas não imaginava que algo assim aconteceria tão de repente.
Diziam que ele era apenas um peão descartável. Quem imaginaria que voltaria como herói de guerra?
O papel de Daisy era o de noiva simbólica em um casamento apenas formal. Felizmente, a noite de núpcias não deveria fazer parte do acordo.
‘Bem, já nos beijamos. O que nos impede de fazer sexo?’
Ela cogitou a ideia de apenas fechar os olhos e deixar acontecer.
‘Não, não é tão simples quanto escolher uma sobremesa.’
Só porque você experimentou chocolate não significa que pode facilmente partir para um bolo de chocolate. Era uma situação completamente diferente. E o homem em questão era o infame Maxim von Waldeck, o “cão de caça” da família real, conhecido por seu temperamento implacável.
Embora tivesse escolhido se aposentar, Daisy havia sido criada dentro da facção revolucionária e nutria uma profunda aversão pelos lacaios cegamente leais da realeza.
Aquele beijo no casamento e a oração desejando paz no além eram apenas atos de misericórdia. Apenas algo que ela podia oferecer agora que se tornou uma “filha de Deus”.
Afinal, o Senhor disse para amar nossos inimigos.
Claro, não era incomum que a organização enviasse alguém para se passar como amante de uma figura da monarquia e coletar informações. Nesses casos, o sexo fazia parte do trabalho. No entanto, Daisy sempre atuou em missões de assassinato, nunca de sedução.
Ela não era totalmente inflexível, então de alguma forma conseguiu lidar com o beijo, mas…
A ideia de ir tão longe a ponto de fazer sexo completamente nua a aterrorizava.
— Haah…
Ela sabia que a intimidade envolvia o pênis do homem entrando na vagina…
Hesitante, Daisy deixou os dedos deslizarem entre as pernas, tentando imaginar o tamanho.
‘Estou com medo… é grande demais…’
Se fosse um tamanho normal, talvez ela não se sentisse tão intimidada. Mas o modo como aquilo havia pressionado sua parte inferior, e apenas a visão, deixava claro que o pênis do homem era definitivamente fora do comum.
Por mais que pensasse, não conseguia acreditar que algo daquele tamanho pudesse caber dentro de seu corpo.
Sua vagina era tão apertada que até um dedo mal entrava, e ela só estava explorando timidamente a entrada. Não conseguia imaginar empurrar algo mais fundo.
Ela queria fugir, mas o banheiro não tinha janelas.
Toc, toc!
Justo quando Daisy timidamente explorava entre as pernas, uma batida repentina a fez sobressaltar, e tirou rapidamente a mão dali.
— Senhora Therese?
Era a voz da governanta.
— Você está no banheiro há bastante tempo. Estou entrando.
— Estou bem, de verdade…! Não tem nada errado! Está tudo certo, então, por favor, me deixe, me deixe sozinha!
Clique—
A porta do banheiro se abriu, e Daisy cobriu rapidamente o peito.
Para os nobres, era normal ter ajuda durante o banho, mas não para Daisy. A ideia de mostrar o corpo nu para alguém era humilhante. Sempre fez isso sozinha. As criadas, aliás, geralmente nem se importavam se ela tomava banho ou não, satisfeitas em apenas fornecer água quente.
A governanta parecia visivelmente exausta.
— O mestre nos ordenou te ajudar, se necessário.
Ignorando os protestos de Daisy, a governanta entrou, seguida pelas outras criadas carregando diversos itens de banho.
‘A por favor. Por que elas não podem simplesmente me ignorar, como sempre…?’
Seu mestre devia ser realmente intimidador para elas estarem tão determinadas.
Sem outra escolha, Daisy deixou que fizessem o seu trabalho.
Normalmente, ela teria apenas secado o cabelo de qualquer jeito e ido direto para a cama, e isso seria tudo. Mas esta era sua noite de núpcias, e agora se via sentada em frente a um espelho, cercada pelo zelo das criadas.
‘O que é tudo isso…?’
A camisola que vestiram nela era completamente transparente. Qual o sentido de usar algo que não cobria absolutamente nada?
Ela estava limpa e só queria ir dormir. Por que em nome de Deus, precisava de maquiagem?
— Senhora Therese, por favor, não morda os lábios. Vai estragar a maquiagem.
— … Tudo bem.
Sem perceber, estava mordendo o lábio inferior, e foi prontamente repreendida pela governanta. A ansiedade fazia com que sentisse que enlouqueceria a qualquer instante.
As criadas a olhavam com aquela expressão de pena, como se dissessem: “O que é que você entende da vida?” Dava para sentir o desprezo em seus olhos, mas isso não era novidade. O medo do que estava por vir, a deixava exausta demais para se importar.
‘Assim que terminarem, vamos direto para… aquilo? O que eu faço? Devo fingir que estou doente?’
Sua mente estava cheia de planos de fuga.
‘Estamos no quinto andar. Pular pela janela está fora de cogitação.’
A menos que tivesse uma corda, claro.
Pular com apenas o corpo nu só garantiria uma morte trágica.
Os olhos de Daisy percorreram rapidamente o quarto, procurando por algo que pudesse servir como uma corda improvisada. Assim que os preparativos terminassem, ela teria um pequeno intervalo antes de ir para o quarto de Maxim. Essa seria sua chance de agir.
— Você sabe o que acontece no quarto?
— O quê?
Os olhos de Daisy se arregalaram com a pergunta direta da governanta, piscando nervosamente de um lado para o outro.
— Como imaginei. Você não sabe de nada. Parece que Therese não teve tempo de preparar você adequadamente, já que esse casamento foi arranjado tão às pressas.
Seu tom era abertamente condescendente.
Se Daisy fosse mesmo filha biológica do conde Therese, talvez se ofendesse com tal afronta ao pai e à família. Mas como ele não era seu pai de verdade, pouco se importava. Apenas sentia amargura em relação ao seu chefe que a havia enviado para aquilo.
Parte dela queria responder sarcasticamente: ‘Pois é Aquele filho da puta do Therese provavelmente me passou a perna também.’
A verdade era que realmente não sabia nada sobre o que a esperava no quarto, e isso tornava tudo ainda mais apavorante.
— Vou lhe dar uma aula rápida, então preste atenção.
A governanta suspirou, começando sua explicação como se estivesse fazendo um favor.
— Quem te deu a autoridade para ensiná-la alguma coisa?
Uma voz soou atrás delas, e a temperatura do quarto pareceu despencar instantaneamente. As empregadas, que estavam ocupadas em volta de Daisy, congelaram no lugar.
Ela nem precisava se virar. Podia ver o reflexo de Maxim von Waldeck no espelho.
O homem parecia ter acabado de sair do banho, vestindo um roupão, o cabelo ainda molhado e despenteado. Se encararam brevemente através do espelho, o olhar dele suavizando ao fitá-la. Daisy sentiu seus olhos deslizando para a camisola que ela vestia.
Sentindo às bochechas queimando, ela puxou imediatamente a frente do tecido, tentando se cobrir
— O senhor chegou, mestre. Já estamos quase terminando.
— Seu nome.
Sua voz, que momentos antes soava calorosa, agora estava fria e sem emoção.
Continua…
Tradução Elisa Erzet